Eu me perguntava pela milésima vez se estava mesmo fazendo aquilo, enquanto Taehyung dirigia calmamente pelas ruas de Seul. Ou pelo menos era o que parecia, pois seu semblante era carregado e eu conseguia imaginar o porquê.
- Jimin... - ele hesitou - tem certeza que quer fazer isso?
- Não. - respondi, sucinto.
A verdade é que Jeon Jungkook já havia me machucado o suficiente, mas meu coração idiota não conseguia parar de palpitar desde que eu atendera a sua ligação, em que ele me convidou para finalmente conversarmos depois do fiasco que foi o fim do nosso envolvimento.
- Sabe que posso dar a volta e irmos... - ele ponderou por alguns segundos, parecendo buscar ideias no semáforo, que mudava de cores - sei lá, comer McDonald's e ter uma noite com final feliz, né?
A sugestão foi engraçada, porque fiz Taehyung sair do trabalho para me levar, já que meu carro estava no conserto, ele usava um terno muito elegante e o cabelo extremamente arrumado. Imaginá-lo em uma lanchonete daquela forma quase me fez rir. Quase.
- Tae, já estamos aqui, não vamos voltar. - eu respondi, soando totalmente firme e decido, coisa que eu não estava.
Nada perto de firme, certamente longe de decidido.
Jeon Jungkook foi o motivo de eu ter passado um mês chorando religiosamente antes de dormir. Não que eu não chore mais, só não religiosamente.
Eu não podia dizer que estava empolgado com isso, mas meu coração era idiota e fraco demais quando se tratava daquele homem.
Taehyung por outro lado, testemunhou muitas dessas noites e não podia odiar mais a ideia de ver seu melhor amigo caminhando diretamente para uma armadilha.
Eu não podia culpá-lo por não gostar do que eu estava fazendo agora.
Quando eu quebrei, foi ele quem juntou os cacos. Ele está cansando de ver meus cacos, mas aparentemente eu não fui quebrado o suficiente, já que em alguns minutos estava de pé na portaria do prédio de Jungkook.
- Park Jimin - respondi ao porteiro - Jeon Jungkook está me aguardando.
- Jimin, vamos embora. - Taehyung sussurrou em minhas costas. Ele parecia ter percebido que eu não ia desistir.
- Obrigado por me trazer, Tae. - respondi, virando-me para ele enquanto o porteiro se comunicava com o apartamento de Jungkook.
- Você sabe que sempre pode contar comigo, eu sempre vou te apoiar, Chim, mas por favor, não se mete nisso de novo. - replicou Taehyung, tocando meu rosto com delicadeza.
- Eu sou um idiota, não é? - eu encarei meus pés, sabendo que ele encarava meus olhos e eu não conseguia sustentar seu olhar, não hoje, não agora - é isso que você deve estar pensando. Eu não te culpo, inclusive concor...
- Cale a boca - retrucou Taehyung, retirando as mãos de meu rosto.
Eu levantei meu olhar, em sobressalto as palavras de Taehyung, ele não havia soado grosso, mas eu sabia que minhas palavras o tiraram do sério.
Ele tinha raiva nos olhos, mas eu sabia que esse sentimento não era direcionado a mim.
- Você... - ele suspirou e massageou suas têmporas - ah, Jimin, pelo amor de deus! Você é muito melhor que tudo isso, não merece o que esse cara ta fazendo você passar, eu não te acho um idiota, só te acho bom demais pra ele.
Eu pisquei algumas vezes, mais vezes do que conseguiria contar.
Taehyung sempre fora direto em relação ao que pensava, não tinha papas na língua. Eu por outro lado pensava algumas milhões de vezes antes de abrir minha boca, para garantir que não ia machucar ninguém com o que quer que saísse dela. Essa disparidade entre nós é algo que sempre achei engraçado, desde nossa infância.
O problema é que nunca o vi falar assim de mim antes e eu simplesmente não sabia respondê-lo.
- Senhor? O senhor Jeon o aguarda. - o porteiro chamou minha atenção, já que eu estava de costas.
Assenti para ele e tornei meu rosto a Taehyung novamente.
- Tae, eu... - eu hesitei, e Taehyung não deixou eu terminar.
Ele sabia que minha escolha já estava feita, então simplesmente deu as costas.
- Eu vou estar por perto, me ligue se precisar. - ele falou descendo as escadas da portaria e logo em seguida entrando em seu carro.
Eu sei por quê ele escolhera estar por perto, ele sabia no que ia dar, eu também. E ainda assim estava ali.
O elevador resolveu tomar seu tempo, ignorando totalmente o meu desespero em chegar o mais rápido possível no andar de Jungkook, que era a cobertura, ou seja, o mais longe possível.
Meu coração estava acelerado e quase o senti sair pela boca, quando cheguei ao andar de Jungkook e sua porta estava a aberta.
Seus cabelos negros, agora desgrenhados, tocavam os ombros fartos, cobertos por uma regata e uma camisa de botão que estava totalmente desabotoada.
Para o meu azar.
Ele estava escorado na porta, ele e uma garrafa de vinho quase seca.
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Hurt | pjm + jjk
Hayran Kurgu[Terminada] Park Jimin nutre sentimentos pelo seu colega de trabalho, Jeon Jungkook, desde que se envolveram sem compromisso. Acreditando não ter seus desejos correspondidos, Jimin encontra em Taehyung, seu melhor amigo, conforto nos momentos difíc...