03. Vinte e quatro horas.

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          Há duas coisas que Jules tem certeza quando abre os olhos

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          Há duas coisas que Jules tem certeza quando abre os olhos. Primeiro, o frio que se alastra em seu corpo seria o suficiente para matar qualquer pessoa comum, o que ela não é, e definitivamente sua alma gêmea também não. Ela não consegue imaginar um único motivo plausível para que alguém em sã consciência coloque a si mesmo nessa situação.

Isso leva a segunda certeza. Sua alma gêmea, ou não estava sã, ou não foi colocada ali por vontade própria. Na pior das hipóteses, eram as duas opções.

Há uma dor aguda na parte de trás do crânio, como o choque de um pequeno martelo batendo contra o osso. Na melhor hipótese, talvez ela ainda estivesse dormindo, e tudo isso era apenas um sonho. Um sonho muito real e palpável.

Um pesadelo, ela concluiu quando o painel de vidro da câmara se arrastou para cima, e a temperatura se misturou com a do ambiente do lado de fora. Quando a névoa de gelo começou a se dissipar, Jules lançou os olhos em todas as direções possíveis para tentar reunir o máximo de informações.

Primeiro ela viu o tórax, largo, forte e torneado, afivelado contra o interior da câmara. Então, ela respirou e contraiu os músculos, tentando sentir o máximo que podia de seu corpo temporário, e seu lado esquerdo fez um barulho inesperado, como o de metal batendo e se ajustando. Ela lançou os olhos para a esquerda, para o braço, ou o que ele deveria ser, e a visão imediatamente fez seu coração errar uma batida.

Metal. O ombro esquerdo era coberto de metal, descendo pelo bíceps, o antebraço, pulso, mão e dedos. O metal estava infundido na pele em parte de sua escápula, abaixo das axilas e algumas costelas, ela supôs que na omoplata esquerda também. As linhas cicatriciais eram grosseiras, como se o trabalho naquele implante tivesse sido menos que cuidadoso com o homem que o carregaria. Mas elas também eram profundas e antigas na pele, provando que estavam ali há muito tempo.

Em uma outra tentativa de mover os músculos, dessa vez com conhecimento do que isso faria, os dedos de metal se contraíram em seu punho fechado. O braço era inteligente, realmente surpreendentemente humano e sensível, exceto pelo peso extra que deveria ser realmente incômodo se não soubesse como equilibrar.

Tão concentrada em reconhecer aquele detalhe sobre sua alma gêmea, Jules não percebeu que a câmara estava totalmente aberta agora, e um pequeno grupo de pessoa se reunia ao seu redor. Ela os viu no mesmo segundo em que um deles parou em sua frente, de jaleco e um par de óculos de aros escuros, escoltado por um homem fardado que, felizmente, teve a decência de manter sua arma apontada para o chão.

Não que aquilo fizesse muita diferença. Jules já gostava muito pouco dessa situação no geral.

Dobroye utro, soldat. — Ele grunhiu e, em algum lugar no fundo da mente de sua alma gêmea, isso parecia fazer algum sentido. Um puxão esquisito e desconhecido quase empurrou uma resposta para a ponta de sua língua.

𝐓𝐖𝐄𝐍𝐓𝐘 𝐅𝐎𝐔𝐑  ✦  ᵇᵘᶜᵏʸ ᵇᵃʳⁿᵉˢOnde histórias criam vida. Descubra agora