De todas as histórias que seu pai lhe contou na infância, Jules não se lembra de ter ouvido uma única menção sobre a completa sensação de se sentir doente quando tudo acaba. Ela retorna ao próprio corpo na manhã de 18 de abril e, sem nenhum exagero, quase não consegue chegar ao banheiro antes de colocar as tripas para fora. Sua boca tem um gosto acre e calafrios se espalham por seu corpo enquanto ela afasta o cabelo do rosto suado.Está tudo ali, cada lembrança vívida das últimas vinte e quatro horas, mesmo o cansaço e a dor, era como se ela tivesse passado por tudo em seu próprio corpo. O que não era verdade. Ela está bem ciente de que não tem um único arranhão, nem mesmo um hematoma, que seu corpo literalmente entrou em coma durante as vinte e quatro horas em que sua consciência dividiu espaço com sua alma gêmea.
Mas ele... ele vai acordar do outro lado do país com cortes sangrentos e ferimentos dolorosos, sozinho e confuso.
Seu estômago aperta dolorosamente, e ela segura a porcelana fria da privada antes de se curvar e vomitar tudo o que ainda tem em seu estômago. Mesmo os pensamentos mais brandos são capazes de lhe dar náuseas. Então ela tenta não pensar em como está desesperadamente preocupada com o homem que acabou de salvar.
Será mesmo que ela o salvou? Ou apenas o condenou?
Ela arranca as roupas grudentas de seu corpo e tropeça para dentro do box, suspirando em alívio quando a água entra em contato com sua pele suada e quente. Seu cabelo cacheado fica encharcado em questão de segundos, e ela usa os dedos para penteá-los pra longe do rosto.
Jules nunca achou que poderia sentir tanta falta do calor em suas veias como o fez agora. Ela mal pode esperar para sair dali e caminhar sob a luz do sol, deixar os raios solares preencherem qualquer resquício de frio e escuridão.
Sua mente continua voltando até sua alma gêmea, e ela deseja que possa ter deixado ao menos um resquício de calor para aquecê-lo nas noites difíceis. Porque, ela quase pode sentir em seus ossos, terão muitas.
✦ . ・゚ .
— Não está com fome? — Agnes perguntou, desviando o olhar de sua revista de jardinagem apenas para fixa-los na filha mais velha, que parecia completamente alheia ao mundo desde o início da manhã.
Jules mal ergueu o olhar de suas panquecas intocadas, cutucando os pedaços de melão com o garfo até que estivessem triturados. Seu corpo estava praticamente submerso no vestido-suéter caramelo, sua "roupa de dia ruim" como ela mesma chamava, e o cabelo cacheado estava úmido e espalhado de maneira desleixada sobre os ombros.
Inconscientemente, Jules continuou a mexer no anel prateado em seu dedo indicador, aquele que ela herdou de sua avó e que carregava um simples topázio oval menor que sua unha do mindinho. Ela nunca o tirou desde a morte do pai, e adquiriu como hábito girá-lo incansavelmente em seu dedo, um ato de puro nervosismo e preocupação.
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𝐓𝐖𝐄𝐍𝐓𝐘 𝐅𝐎𝐔𝐑 ✦ ᵇᵘᶜᵏʸ ᵇᵃʳⁿᵉˢ
Fanfiction𝐓𝐖𝐄𝐍𝐓𝐘 𝐅𝐎𝐔𝐑 | ❛ Jules esperou vinte e quatro anos para conhecer sua alma-gêmea ❜ Julieta nunca imaginou, nem em seus maiores devaneios, que suas vinte e quatro horas no corpo de sua alma-gêmea seriam voltadas exclusivamente para salva...