Ela é Demais!

Capítulo 18 - Cauteloso

Sasuke

Puta que pariu.

Foi tudo o que passou na minha cabeça quando vi Sakura no corredor quando estava saindo no quarto da Karui. E não era preciso somar dois mais dois para saber que ela havia presenciado a cena e ouvido as merdas que estava acontecendo.

As minhas merdas.

O pior momento quando eu dispensava a garota era sempre um incômodo, e eu sempre acabava com a cara marcada por cinco dedos. Eu até cogitei a ideia de adicionar Karui na minha curtíssima lista de garotas que não exigia um relacionamento e que valia algum repeteco, como a Karin, mas percebi em nosso momento de coito que ela era daqueles tipos que pegou grudou. Eu odiava garotas grudentas.

Mas eu não tive tempo para pensar naquilo, pois eu tinha uma megera para ser domada e com uma cara não muito boa. E tudo que me restava era ser cauteloso, me recuperar do meu pequeno susto e agir como se nada tivesse acontecido, enfrentando o inferno que emanava em seus olhos, uma ira que eu nunca havia vivenciado.

De algum modo eu me importava com que Sakura estava achando de mim naquele momento, e aquilo só aumentou o frio na minha barriga. Eu tinha consciência de que ouviria sermões pelo meu comportamento nada discreto. Eu imaginava que ela iria ter um ataque de fúria, que avançaria para cima de mim com suas garras, e me arranhasse e me estapeasse como uma felina leoparda, fazendo maior escândalo pelo simples fato de eu ser um babaca.

Bom... ela estava puta comigo, não é?

Mas me enganei. Sakura não me estapeou e muito menos fez um escândalo. Ela só me questionou sobre meu comportamento com a Karui. E eu posso dizer que mereço um prémio por ter me esforçado o bastante para ser o mais indiferente possível com a situação, deixando-a de boca aberta. Eu me esforcei para não rir por seu choque de minha depravacidade. Eu não sabia por que, mas eu achava divertido vê-la chocada e zangada com o que eu fazia.

As garotas não mereciam ser tratadas como vagabundas. As vagabundas que mereciam ser tratadas como tal. E eu era um. A primeira vez que trepei com a Karin, ela foi embora sem me dar um tchau ou um abraço. Eu não fiquei mal por isso e muito menos me entupi de sorvete, como Gaara fazia quando uma garota chutava sua bunda. As coisas são o que são. Não havia sentido proteger sua dignidade se você parece decidido a destruí-la.

As garotas geralmente são notórias por julgarem umas às outras, só parando para julgar um cara por fazer isso. Já ouvi uma garota chamar a outra de vadia antes mesmo do pensamento passar por minha cabeça. E se de repente, se eu levasse a "vadia" para algum lugar e trepasse com ela e a dispensasse sem nenhuma esperança de compromisso, magicamente eu virava o vilão da história.

Eu era injustiçado.

Sakura me julgava por meu comportamento, mas ela não sabia que eram as garotas que pediam para serem chutadas. O próprio comportamento delas as próprias julgava de vadias. Já fui chamado de várias coisas, mas ouvir da boca da Sakura me chamando de canalha, havia me atingido. E por mais que eu tenha parecido indiferente, ouvi-la dizer isso na minha cara, me fez sentir como se tivesse enfiado um prego no meu pé, mesmo que a sua acusação sendo a mais absoluta verdade.

Sakura me ignorou legal nos últimos tempos de aula quando voltei para a sala. Eu realmente havia perdido um trabalho de japonês, mas não me importei. Sou inteligente o suficiente para me garantir.

Eu tentava arrumar algum jeito para poder me redimir com ela, mas nada me vinha a cabeça. Eu havia projetado de manhã uma tarde legal, só nós dois, para poder ficar perto dela, mas hoje ela não podia, e eu nem sabia agora que isso seria mais possível.

Eu já estava ficando puto com aquela situação. Odiava ser ignorado, e estava odiando mais ainda ser ignorado por ela. E com isso foquei toda a minha raiva no campo, o cheiro da grama e a bola no pé geralmente me acalmava, mas confesso que estava sendo difícil controlar a minha raiva.

Um tempo depois Naruto apareceu, e sem dizer uma única palavra foi direto para o gol, segurar a bola que eu jogava, e depois atacando para mim que a aparava com o pé. Ficamos nisso até eu não sentir os músculos das minhas pernas, caí sentado do gramado, ofegante.

- Mano, o que caralho você tem hoje? – Naruto parou a minha frente e depois sentou-se no chão ao meu lado.

- Estou afim de quebrar a cara de alguém. Quer ser o primeiro? – Arranquei a camisa e sequei a minha cara, o cansaço havia aliviado um pouco a minha raiva.

- Aposto cinquenta pratas que isso tem a ver com a Sakura.

Olhei de lado para ele.

- É tão óbvio assim?

Naruto riu, jogou os braços para trás, com as mãos na grama sustentando seu corpo.

- Ver você de quatro por uma garota está sendo uma diversão.

- Vai se fuder.

Crispei a boca e me levantei, fui direto para o vestiário. Eu já estava puto com toda aquela situação e vem esse idiota tirar uma com a minha cara. A minha moral estava indo para o ralo e tudo culpa dela, tudo culpa de Sakura Haruno.

Arranquei as minhas roupas e entrei no chuveiro, a água fria relaxava os meus músculos tensos, esfriando a minha cabeça. Dois minutos depois escutei o chuveiro ao lado, sabia que era Naruto. Fechei o registro e me sequei com a toalha, vestindo a cueca em seguida. Estava terminando de vestir as roupas quando Naruto apareceu com a toalha enrolada na cintura.

- Você vai falar com ela? – Ele perguntou começando a vestir as suas calças.

- Eu não sei – dei de ombros. – Ela está puta comigo.

- Você transou com a Karui e quer que ela aceite isso numa boa?

Virei-me para ele, sentindo meus olhos em chamas.

- Ela não quer nada comigo, porra. Entende isso.

- Pode ser - e olhou para mim, a sobrancelha erguida. - Mas já parou para pensar que a sua reputação ruim pode estar estragando tudo?

Franzi o cenho.

- Como assim?

- Estou dizendo que você está fazendo tudo errado. – Apenas arqueei as sobrancelhas para cima. Naruto revirou os olhos. – Olha só o meu caso antes. Eu fiquei afim da Hinata, e sabia que ela estava afim de mim, mas como a minha fama era ruim, eu tive que trabalhar nisso para que ela aceitasse e entendesse que eu queria algo sério com ela. A sua fama, brow, já estraga tudo por si só, e você pegando um monte de garotas como se estivesse no cio, só vai mostrar para Sakura o quando você não vale nada.

- Qual é a parte que a Sakura não me quer que você não entendeu, caralho?!

- Mas custa você mudar só um pouco para garota saber que você vale a pena?

Bufei, jogando minhas roupas sujas dentro da mochila de pano e fui em direção a saída.

- Ei, aonde você vai?

- Sair daqui antes que eu soque a sua cara.

Saí com passos pesados até a frente do colégio aonde ficava os jardins. Havia algumas meninas paradas conversando umas com as outras que sorriram para mim acenando com tchauzinho. Limitei-me apenas com um sorriso discreto e segui meu caminho.

Saquei meu celular do bolso e destravei a tela. Olhei a lista telefônica, passando os nomes até parar em um especial. Não sabia se ela iria me atender, não tinha ideia do quando ela estava bolada comigo.

Eu queria contar para Sakura o que eu estava sentindo. Porra, como eu queria falar aquelas palavras, mas eu não conseguia admiti-las nem para mim mesmo. Acho que lá no fundo eu sabia que eu era um merda e que ela merecia coisa melhor. Mas uma parte de mim quer correr atrás dela, agarrá-la e beijá-la, mostrar para ela que ela era diferente de todas as garotas, mas havia alguma coisa em mim que me impedia essa tal loucura.

Sakura era o meu oposto; inocente por fora e ferida por dentro. Havia algo nela que eu precisava desesperadamente na minha vida. E embora eu soubesse o que era, eu não podia ceder aos meus hábitos e estragar tudo. Eu sabia que Sakura era daquele tipo que perdoava, mas também sabia que ela tinha seus limites. Eu sabia qual era esses limites e esse era o motivo que me fazia recuar.