Minhas pernas doíam e davam sinais de cansaço, minha respiração estava acelerada enquanto meu peito subia e descia diante da adrenalina de correr por aquelas ruelas escuras e perigosas de Kamagasaki. Eu me amaldiçoava internamente por ter acreditado mais uma vez no papo furado de Kizashi. Mais uma vez ele havia me usado para seus fins mesquinhos sem pensar em como eu ficaria depois disso.
Eu ainda sentia minha cabeça do lado direito latejar por causa da pancada forte que recebi na hora do tumulto, e isso estava atrapalhando no desfoque de minha visão e da minha coordenação motora.
Droga, mil vezes droga!
O som das sirenes do carro da polícia soava agora mais perto e aquilo só piorou a situação, me deixando mais nervosa e novamente amaldiçoei Kizashi, ele era uma espécie de praga na minha vida.
— Anda logo, Sakura, os tiras estão se aproximando - sua voz afobada gritava para mim enquanto ele corria um pouco mais a frente do que eu.
— Nós estamos fugindo da polícia por sua culpa! - Gritei, frustrada e magoada o suficiente por ter me dado mal novamente.
Tudo culpa dele.
Kizashi virou sua cabeça para trás por um segundo e me fitou, sem desacelerar a corrida.
— Não é hora de ficar se lamentando agora, os caras estão de aproximando. Nós temos que despistá-los antes que seja tarde.
Ele tinha razão, não era hora de ficar se lamentando pelo leite derramando, a droga já estava feita. Eu fui burra o suficiente por segui-lo enquanto eu podia ter tomado outro rumo diferente do dele. Mas eu não estava raciocinando, o nervosismo impedia de pensar direito e acabei por escolher o lado errado e agora estava arcando com as consequências.
O dia havia começado ruim, e só piorou quando ia avançando e a noite chegando...
Segui Kizashi que entrou num outro beco escuro e fedido com latões de lixo espalhados pelos cantos e papelões gordurosos que os mendigos usavam como moradia. Mas aquilo foi a nossa desgraça quando vimos que o beco não havia saída. Mal consegui digerir ou sequer abrir a boca para brigar com ele, quando uma voz rouca soou alta, fazendo todos os meus ossos congelarem com aquele decreto:
— Parados, e mãos para cima!
Tarde demais, aquele era o fim.
Apertei meus olhos com força, perguntando-me para Deus do por que ele ter me dado Kizashi como pai. Ele havia destruído a minha vida, acabado com a minha reputação. Não poderia mais andar pelas ruas com a cabeça erguida sem ser apontada pelos outros.
Lentamente ergui minhas mãos para cima, virando meu corpo para frente e abrindo meus olhos, encontrando um monte de policiais fardados com as armas apontados para nós dois.
Ousei olhar para o meu lado esquerdo só para ver Kizashi na mesma posição que eu estava, sua expressão era surpresa. Dois policiais se aproximaram de nós e um deles agarrou meu pulso bruscamente, virando meu corpo, me deixando de costas para ele e meus braços para trás, para logo em seguida o metal gélido tocar a minha pele, me machucando quando as algemas me prenderam.
Eu não consegui dizer nada, minha mente estava enublada o suficiente para tentar me defender verbalmente enquanto Kizashi se defendia. Ele tinha a cara de pau de dizer que não estava fazendo nada de errado.
Fui levada para a delegacia de Osaka, minha cabeça sempre se mantinha abaixada, não tinha coragem de erguê-la para cima e encarar as pessoas que trabalhavam lá, olhando para mim. Não sabia o que seria de mim quando eu saísse daqui. Completamente minha cara estaria na primeira página dos jornais locais, acabando de vez com a minha reputação já manchada.
Os policiais me fizeram esperar numa sala, enquanto levava Kizashi para ser interrogado pelo delegado. Não sei quanto tempo havia passado, eu estava tão entorpecida em meus pensamentos que não percebi o tempo passar e um policial aparecer dizendo que chegou a minha vez.
Ele me guiou até a sala do delegado, ainda estava com as algemas, mas logo ele tirou de mim e deu passagem para que eu entrasse. Entrei de cabeça baixa naquela sala gelada pelo ar-condicionado, sentindo meu corpo tremer de frio e os machucados nos meus braços arderem.
— Sente-se - a voz alta e grossa do homem que estava detrás da mesa retangular soou séria.
Sentei-me na cadeira de couro preto e ergui minha cabeça para cima. O homem me olhava com uma aparência séria. Tinha cabelos e olhos negros, era bonito, não deveria ter mais de trinta anos, mas sua expressão séria me causava um arrepio na espinha.
— Seu nome?
— Sakura Haruno - minha voz saiu baixinha.
— Idade?
— Dezessete.
Levei minha mão para cima e coloquei uma mexa do meu cabelo loiro para detrás da orelha.
— É parente de Kizashi Haruno? - Ele perguntou, enquanto um outro policial digitava tudo o que eu dizia no computador.
— Ele é meu pai - as palavras saíram com um gosto amargo em minha boca.
— Mora em Kamagasaki?
— Não.
— O que você estava fazendo lá, sendo que é um dos bairros mais perigosos da cidade? Estava vendendo drogas?
— Não! — Minha voz aumentou dois décimos, mas logo me recompus. - Claro que não. Eu só estava passando. Nada demais.
Aqueles olhos negros e intimidadores ficaram me fitando por alguns segundos, em silêncio, tentando encontrar alguma falha que pudesse me denunciar.
— E por que você estava fugindo se não estava fazendo nada demais?
Engoli em seco.
— Fiquei com medo... - sussurrei. - Eu segui meu pai que fugia... ele que me levou até lá.
— Seu pai confessou que você não têm culpa de nada, que só estava no lugar errado e na hora errada. - Assenti com a cabeça. - Kizashi vai ficar preso até o julgamento, tenho um mandado de prisão contra ele. E como você é menor de idade, só será liberada com um responsável.
Balancei a cabeça para os lados, fitando a mesa atolada de coisas, tentando reprimir algumas lágrimas que queriam escapar.
— Eu estou sozinha.
— Sua mãe?
Mordi o lábio e balancei a cabeça para os lados novamente, negando.
— Não tem nenhum parente que possa se responsabilizar por você? - Ele voltou a perguntar.
Ergui minha cabeça para cima e o fitei novamente.
— Eu tenho uma tia, mas ela mora Tóquio.
Ele assentiu.
— Ótimo, entraremos em contato com ela e explicaremos a situação. - Ele disse, arrancando um papel do bloco e me entregando com uma caneta. - Anote o número e o nome dela. Até lá você não vai poder sair daqui.
A única coisa que eu pude fazer era concordar e anotar o número do telefone da minha tia Tsunade.
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Ela é Demais!
Fiksi PenggemarSasuke Uchiha é um garoto popular com pinta de soberania. Órfão de mãe e foi criado numa família onde só tem homens. Bonito, inteligente, capitão do time de futebol e o maior galinha pegador e canalha da história do colégio. Acostumado a ter todas s...