44- stanford buddies

765 76 16
                                    

Ficamos sabendo que nossos senseis treinaram uns aos outros com as técnicas e que não saíram no soco. Essa última parte eu deixo os créditos para Jessica, que ameaçou Johnny caso ele batesse no Daniel de propósito. Acho que os problemas que os alunos tinham entre si se resolveram, até pedi desculpas para Chris por tentar atacar ele no outro dia.

Hoje o treino foi diferente, já que lutamos com nossos próprios senseis, usando as técnicas já aprendidas. Posso dizer que, modéstia à parte, eu arrasei.

Hoje toda a família iria jantar junta. Por família eu quero dizer os LaRusso, Davis-Miller, Lawrence e os Diaz. Miguel ia jantar com a família da namorada pela primeira vez, nunca perderia esse momento histórico. Desde que saímos do dojo, o garoto não parava de mandar mensagens para mim e Nicholas. Pode-se dizer que ele estava uma pilha de nervos, mas tentamos tranquilizar ele da melhor maneira possível.

Enquanto o jantar não ficava pronto, Johnny, Daniel e meu pai conversavam na cozinha, as mulheres — Jessica, Erica, Carmen e Amanda — no sofá e o "grupo jovem", como minha mãe nos apelidou, no jardim. Enquanto os três conversavam sobre qualquer coisa, eu ficava encarando o celular na minha mão, na vazia expectativa de que Robby me ligasse. Tem sido difícil não conversar com ele ou vê-lo todos os dias logo que eu entro no dojo.

— Crianças! A comida está pronta. — minha madrinha avisa para nós e logo entramos na casa.

— Você tá bem? — Nick me pergunta ao ver que eu não pulei de alegria com minha palavra favorita: comida.

— Que? Claro que sim. Agora vem, tá ficando frio aqui fora. — eu sorrio forçadamente para ele e nós sentamos à mesa.

— Olha, acho que nunca vou cansar de ver vocês dois juntos. — o comentário de Carmen chama a atenção dos senseis.

— É verdade, da última vez que eles estiveram nessa cozinha, a sorte é que não tinha nenhuma faca à vista. — Amanda concorda, tirando risadas de todos nós.

— Pensa que a gente tinha que aguentar isso no ensino médio. Era uma prova de resistência todo dia. — Jessica fala apontando para ela e minha mãe, que ri em resposta.

— Um brinde a isso, eu acho. — Nicholas fala ao meu lado, murmurando a última parte.

— Daniel, como vão os negócios? — a mãe de Miguel pergunta.

— A concessionária tá na melhor fase em anos. Quando a Sam assumir, já vai estar tudo no automático. — ele responde sorrindo e fazendo minha amiga se mexer desconfortável na cadeira, ela odeia que falem disso.

— Vai assumir a concessionária? Que demais! — Miguel fala animado pela namorada.

— É só uma piadinha interna. Quando ela era criança andava pelo lugar como se fosse a dona. — ela agia como dona enquanto eu e Nick fingíamos que pilotávamos os carros do showroom, bons tempos.

— E dá pra culpar ela? Ela foi criada naquele showroom... quase nasceu lá também.

— Mas o que ela quiser fazer da vida, a escolha é dela. Se ela quiser estudar aqui perto na USC, UCLA ou fazer um MBA, a escolha é dela. — Depois disso, nenhum de nós quatro soube como continuar falando. 

Eu e Nicholas nos identificamos um pouco demais com a situação de Sam. Desde que nós temos uns 5 anos, nossos pais falam que um dia iríamos assumir a empresa da família. Há anos eu trato essa ideia como se fosse uma mutação genética ou uma doença hereditária. Cresci correndo pelos corredores do escritório e brincando com a secretária de lá, Darla. Nick amava fazer aviões de papel com folhas usadas e aquilo perturbava o juízo de qualquer um presente. Tem algum tempo que penso em deixar todo esse plano na conta de Olivia e sair em um mochilão assim que acabar a faculdade. Nicholas queria jogar em um time profissional de futebol e nunca mais colocar um pé no prédio. 

ATLANTIS ─ cobra kaiOnde histórias criam vida. Descubra agora