45- ...ready for it?

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Nos encontramos todos no dojo de manhã e logo cada time se separou, sendo treinado pelo outro sensei. Fiquei insistindo para Johnny falar o que seria o treino de hoje, mas ele só me disse pra calar a boca e esperar a surpresa. Acabou que no fim ele levou todos nós para um prédio e, para minha grande decepção, tivemos que subir de escada.

— Pra onde ele tá levando a gente? — Nate pergunta já sem ar parando nos degraus.

— Algum lugar ruim. — eu respondo respirando fundo várias vezes na tentativa de recuperar o fôlego.

— Soube que ele afogou um garoto na piscina tentando ensiná-lo a chutar. — Demetri completa, me fazendo olhá-lo confusa. — Foi antes de ele mandar um cachorro atacar o Eli. Isso não me cheira bem.

— Vamos, Miyagis. Andem logo! — o sensei grita do topo da escada. Como que o velho chegou lá tão rápido?

Finalmente chegamos no topo e eu comecei a olhar ao redor. Não tem nada aqui para nós treinarmos. Será que isso era só uma pegadinha pra gente largar o sedentarismo e subir escadas? Paramos na beira do prédio, olhando para baixo e vendo alguns colchões no chão. Ah, não.

— Estou cansado de estar certo.

— O que estamos fazendo aqui? — Sam pergunta bem confusa.

— Quando uma águia tem fome, ela não hesita. Ela mergulha a 160 km/h para pegar sua presa. Ela não espera que um peixe pule em seus pés.

— São garras. — eu falo como se fosse óbvio.

— Ela não vai com garra, usa o instinto. A águia sabe que deve agir primeiro. Se querem derrotar o Cobra Kai no Regional, parem com essa bobeira de "espere e veja".

— E como devemos fazer isso?

— Vocês vão pular desse telhado... para aquele. — olho pra ele com os olhos arregalados.

— Quer matar a gente? — eu quase grito.

— O prédio fica a cinco Nates de distância, e estamos a 14 Nates de altura.

— Não me use como sistema de medida.

— Silêncio! Se quiserem ser águias, primeiro precisam aprender a voar. Não é possível fazer isso sem pular.

— E se cairmos?

— É para isso que os colchões servem.

— E se não cairmos no colchão? — eu pergunto nervosa.

— Tentem não fazer isso. Certo, quem começa? — nunca ouvi um silêncio tão alto. — Não vamos embora até alguém pular. Vamos, estou esperando.

— Então vai esperar sentado. Não vamos pular. — eu tento rebater a frase se Sam, mas ela me olha mortalmente e eu engulo as palavras.

— Algo a dizer senhorita Davis?

— Nada, sensei.

Todos nós fomos sentar espalhados pelo terraço e eu fiquei encostada na borda, criando coragem de levantar e pular enquanto Johnny colocava alguns paletes de madeira para servir como nosso apoio.

— O que houve, Davis? Não me diga que tem medo de altura. — Lawrence vem falar comigo.

— Não tenho.

— Então o que houve? Não quer estragar o penteado?

— A Jess sabe que você quer tentar matar a sobrinha favorita dela?

— Dá um tempo. Você acha que ela não sabe o que eu inventei?

— Que?

— Quando eu contei pra ela sobre o treino planejado, ela disse que você seria a primeira a pular.

— Mas isso aqui é um prédio. Com um chão de concreto lá embaixo.

— É, mas você vai pular direto pro outro prédio. Só quero que vocês sobrevivam ao torneio, seus molengas.

— Desse jeito a gente não vai sobreviver até lá. Eu vim esperando o pior, mas isso aqui... isso aqui é pior que o pior.

— Sei o que estou fazendo.

— Sabe mesmo? Com base no seu histórico, você não tem muito juízo.

— Quer falar sobre juízo?

— Sim, eu quero. Eu mesma não tenho muito, mas eu tenho uma desculpa pra isso. Eu sou adolescente, cometo erros e aprendo com eles. Você é um adulto na casa dos 50 que ainda não sabe o que quer, bebe o dia todo e namora minha tia.

— Mas de uma coisa eu tenho certeza. Se tivesse feito o que meus pais queriam, estaria trabalhando todos os dias com algo que eu não gosto. Aqui... aqui eu faço o que amo todos os dias. Ajudo jovens como você a acharem o próprio caminho. Se quiser ficar no banco a vida toda, vá em frente. Só quero dizer que você tem potencial pra abrir as asas e voar longe. Mas não é problema meu.

Fiquei remoendo o que Johnny disse enquanto roía a unha, um hábito terrível que eu desenvolvi depois dos acontecimentos recentes. Eu poderia ir longe, posso ir longe.

Tia Jess
Não sei se já saiu do treino de hoje ou não, mas eu confio em você.

— Então ninguém quer voar. Vocês só querem ficar no ninho. Que patético! — ninguém me chama de patética.

Deixo meu celular na mochila e me levanto do lado de Sam, respirando fundo antes de olhar para Johnny, que me encarava com um sorriso pequeno. Sorri de volta e me posicionei perto da porta do terraço, preparando para ganhar velocidade.

— Tá maluca, Dakota? — Nate me pergunta levemente desesperado.

Simplesmente não respondo e começo a correr. Corri pronta para voar. Bati o pé no degrau de madeira que foi criado e me lancei para frente, sentindo o vento bater em meu rosto e o desespero se formando como um bolo em minha garganta. Caí no topo do outro prédio e rolei no chão até parar, me levantando logo em seguida e erguendo os braços para cima.

— É isso aí, garota! — Johnny grita para mim, me parabenizando. — Mais alguém tem coragem ou temos uma turma cheia de fracassados?

Sam parece ter despertado algo dentro dela, pois estava com ódio nos olhos e veio correndo do mesmo jeito que eu fiz antes, se jogando para frente e dando uma cambalhota quando chega do lado em que eu estou, logo parando com um joelho no concreto. Vou até ela e bato minhas mãos nas suas.

— Você conseguiu. Como conseguiu?

— Não quero ser uma marionete. — ela me responde sorrindo de lado e eu retribuo o ato, segurando na sua mão e a levantando para cima junto com a minha.

— Nós voamos! — eu grito alegre e Johnny ri, contagiado pela minha animação. 

ɴᴏᴛᴀs ♥¸

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ɴᴏᴛᴀs ♥¸.•**◦༄◦°˚°◦.¸¸彡彡

- minhas gatinhas voaram, ELAS VOARAM!!!!!!!!

- johnny tem um ponto fraco pela dakota and i think that's beautiful

espero q tenham gostado desse capítulo, pq eu amei. não esqueçam de votar e comentar. volto em breve :)

ATLANTIS ─ cobra kaiOnde histórias criam vida. Descubra agora