34- superstar

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Achei que ficar com meus avós fosse ser uma boa, mas eu estou a ponto de enlouquecer aqui. Minha mãe não me deixou nem ver meus amigos. Não aguento mais ficar aqui sem fazer nada, preciso desacumular tudo que eu estou sentindo com alguma coisa. Calço meus tênis e pego meu celular na mesa. Como minha mãe me largou aqui sem meu carro, vou ter que dar meu jeito. Desço as escadas com calma e vejo meu avô na sala.

— Vovô, eu posso pegar seu carro emprestado pra dar uma saída?

— Vai onde?

— Sair por aí.

— Eu falei pra sua mãe que não ia deixar você sair enquanto estivesse aqui.

— Por favor, eu tô enlouquecendo naquele quarto. Se minha mãe pedisse pra sair assim na minha idade, você deixaria.

— Ah meu amor, sua mãe era pior na sua idade. Ela se metia em mais brigas e eu não deixava ela sair. — ele inspira profundamente. — Quer saber? Pode sair, só não demora pra voltar, as chaves estão na mesa da cozinha.

— Obrigada, vô. Você arrasa. — pego o chaveiro e saio de casa. Entro no carro e começo a dirigir em direção ao clube. Devo ter conseguido pelo menos uma multa por ultrapassar um sinal fechado, mas tá tudo bem. Deixo a chave do carro com o manobrista e vou em direção ao vestiário feminino, onde, no meu armário, eu deixo uma raquete de tênis reserva. Pego ela e vou em direção às quadras.

— Dakota Miller, quadra 3. — eu falo com o moço que controla o uso das quadras e ele anota meu nome.

Entro na escolhida e ligo a máquina de lançar bolas. Começo de leve só pra aquecer e vou subindo de nível. Cheguei a um nível em que parece que eu quero furar a tela da raquete com a bola, de tanta força que eu estou usando para rebater. A última bola sai da máquina e com ela eu libero tudo que está preso dentro de mim. Rebato essa bola e jogo a raquete com toda a força que eu tenho na parede atrás de mim, ela quebra ao meio e eu caio de joelhos no chão.

— Senhorita Miller, você está bem? — Jake, o "recepcionista" das quadras pergunta se aproximando de mim com calma. Olho para ele com a expressão impassível e sacudo a cabeça em negativa. — Você precisa de alguma coisa?

— Você pode me dar um abraço? — ele olha estranho para mim, mas se abaixa ao meu lado e me abraça apertado.

— Está se sentindo melhor? — ele pergunta se afastando de mim.

— Estou, muito obrigada. — olho para a parede em que eu joguei a raquete e vejo um arranhão grande na parede. — Você pode não comentar nada sobre aquilo?

— Claro, minha boca é um túmulo.

Entro no banho e pego a máscara roxa para passar no cabelo, queria ele em um tom diferente do que estava agora. Deixo o produto agir e escovo os dentes enquanto isso. Termino meu banho e pego minha toalha no gancho, enquanto enrolava o cabelo, escutei o barulho da janela do quarto fechar. Estranho, não lembro de tê-la deixado aberta antes. Saio do banheiro e a vejo fechada, quando estou voltando pra lá, sinto uma mão ser colocada sobre minha boca e tento gritar.

— Calma, esquentada. Sou eu. — reconheço a voz de Eli e me viro para olhar em seus olhos.

— Tá maluco? Eu poderia ter te dado um soco. — faço uma pausa e lembro que ainda estou com uma toalha no corpo e outra na cabeça. — Vai embora, eu acabei de sair do banho e não quero te ver depois do que fez com o Demetri. Nunca mais, de preferência.

Escuto batidas na porta e minha avó pergunta se pode entrar. Droga, ela deve ter ouvido meu grito. Rapidamente digo para Eli ir pra debaixo da cama e fazer silêncio. Deixo Marie entrar.

ATLANTIS ─ cobra kaiOnde histórias criam vida. Descubra agora