As primeiras lágrimas

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Hoje derramei lágrimas tortuosas porque minha alma é volátil. Hoje chorei por não conseguir arrumar a bagunça que se tornou o meu ser quando um estranho sentimento bom se apossou dele; estranho por partir de um quase estranho.

Minha invalidez se solidifica à medida que eu não posso tomar conta do que sinto. Não que seja ansiedade ou depressão, talvez seja pior que isso.

Minha alma chora e lamenta por ser incapaz de me desapegar desse sentimento, meu ser lamenta a penúria inegável da solidão que sinto quando aquele, cujo nome não será dito, não me aparece. Hoje conto pra você que minhas lágrimas molharam meu travesseiro quando gritei seu nome no profundo da minha alma.

Você que foi lindo no começo, perfeito no meio, mas tem sido minha dor no presente. Não que eu não ame dores ou cicatrizes. É penoso, doloroso não o nome, a falta da correspondência. Parece fácil, as vezes até divertido, mas não é legal ter seu âmago revirado todas as vezes em que seu nome ecoa na minha cabeça.

É de partir o coração. A densidade da minha própria alma dói e me faz querer desistir. Não que eu seja fraca, talvez eu só não queira ser forte, não agora. Não dessa vez. Talvez essa não seja uma vez como todas as outras; realmente não é, não há como ser. Não quando tem você envolvido.

Esse capítulo segue tendo muitos "não's", sob outra circunstância seria ruim, nessa talvez seja bom.

Hoje derramei lágrimas tortuosas porque eu me perdi em mim; me perdi em você, num sonho. Chorei por não saber o que fazer além de temer. Chorei porque a vida me pressiona. Hoje derramei lágrimas tortuosas porque minha agitação momentânea estava quase se tornando constante, hoje chorei porque descobri que te comparar com uma obra de Chopin é perfeito, chorei porque mesmo se Paganini te escrevesse como música, nem Rachmaninoff conseguiria fazer de ti rapsódia. Lamentei porque Da Vinci não te pintou no lugar de Monalisa, porque Van Gogh amou o amarelo e não o castanho dos teus olhos.

Hoje derramei lágrimas tortuosas porque ainda não sei amar.

Minha alma densaOnde histórias criam vida. Descubra agora