Que ser ganancioso me tornei, meu amigo leitor.
Sabes por quê? Quero tudo, desejo tudo. É engraçado por que no capítulo anterior me desfiz de minhas amarras e abracei o calor do sol. Hoje eu quero chuva e conchinha.
Sinto que novamente posso amar, mas é uma tarefa difícil, pois o amor que tenho só cabe uma forma. Aquela forma. Essa mesma, leitor; sei que sabes qual é. Mas e quanto a todo o discurso anterior? Ah, acho que no fundo era desejo de ser. Queria ter mais convicção de minhas palavras, mas como ser convicto em um mundo de nuances sentimentais?
Minha convicção é que sou uma passiva de merda.
Passiva de erros, de desamores, desencantos e lágrimas. No fim, ser passivo de ânsias também é válido. Me tornei quem temia; a alma pálida, sem cor, que se alimenta de sonhos, chuvas, invernos, melodias e vislumbres.
E que belos vislumbres me vêm à mente quando minha forma favorita a invade.
Cheia de si, sem dó nem piedade do meu pobre coração. Com os pés na porta gritando "Ei, eu sou a melhor parte da história!" Querendo se livrar de mim sem me dar chances para esquecer o bem que me fez e...
Leitor, entenda que sou um ser fadado a ser ganancioso. Mas e se essa ganância boa de amor for justa e aceitável? Então me sinto leve e pronta a gritar "Que ganância a minha!"; que ganância a minha!
Entende agora, querido leitor?
É difícil amar, e pior ainda é desamar porque eu e você somo tão gananciosos de amor.
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Minha alma densa
Poesía"A densidade da minha própria alma dói e me faz querer desistir."