Capítulo 4

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Capítulo 4

Eu estava em uma banheira cheia de sais de banho. A água era quente e fazia com que relaxasse, mesmo estando em volta de quatro mulheres nuas. Sendo duas delas, Lana e Margareth, as outras foram me apresentadas como Scheyla e Ainslee.

Ainslee era uma loira de tirar o fôlego, sua gravidez dando os pequenos sinais em seu corpo. Seu sorriso radiante cada vez que falava sobre o quão maravilhoso era estar acasalada dizia muito sobre o quão feliz ela era ali.

Já Scheyla era uma negra retinta, seu tom de pele alguns tons mais escuros que o meu, seu cabelo trançado com esmero caia até o meio das costas. Seus olhos brilhavam de felicidade, mesmo com a expressão mais contida, quando falava que havia encontrado sua marcada, uma garota de uma aldeia distante.

Quando perguntei como era para ela saber da existência de sua companheira, mas saber que ela ainda era uma criança, que levaria anos até elas finalmente se encontrassem. Mas Scheyla deu de ombros, e foi o primeiro sorriso que ela deu.

"Esperei por mais de 40 anos, esperar mais alguns anos não será problema. A espera fará tudo valer a pena quando finalmente podermos estar juntas."

Era diferente ver as coisas pelo ponto de vista dela, ver o quanto ela esperava pela sua companheira. O quanto eles valorizavam essa ligação. Ver isso me acalmava, só queria que fosse tão bom quanto era para elas.

— Acho que já pode sair. As pinturas corporais levam tempo e sua pele precisa estar bem seca para podermos começar a pintura — Margareth falou.

Suspirei me levantando da banheira, pegando a toalha que me foi entregue por Ainslee. Sai da banheira me envolvendo na toalha, não era fácil ficar sem roupa na frente delas depois de esconder meu corpo por tanto tempo por causa de minha marca. Mesmo minha mãe não me viu mais nua depois que a marca apareceu.

Uma batida soou na porta da frente. Lana levantou na hora.

— Deve ser Tyelor com Astrid e Dominic, eles devem ter acordado da soneca. Só um minuto — ela falou saindo apressadamente do banheiro.

— Ah, vai ser muito mais divertido com as crianças aqui — Margareth sorriu.

— Não é inapropriado eles nos verem nus? — perguntei me sentando na cadeira que ela indicou.

Margareth se inclinou para frente.

— O que seu corpo significa para você?

— O que? Meu corpo? — repeti, confusa a pergunta, e ela assentiu. — meu corpo é a minha forma física nesta terra.

— Boa resposta — ela disse — porque usa roupas?

— Por que não é correto andar nua, as pessoas olham, e...— Parei, sem saber como continuar.

— Sexualizam. Você pensa que se te verem nua, automaticamente vão pensar em coisas inapropriadas com você, talvez incitar um movimento indesejado? Claro que iria pensar isso — ela falou — vocês só mostram os corpos um para o outro na hora do sexo. É natural para vocês se sentir tímidos em mostrar e ver outros corpos. Cria inseguranças, porque se há algo que você não gosta, esconde. É mais fácil julgar quando não precisa mostrar o seu.

Fiquei muda diante de suas palavras.

— Aqui você não tem julgamentos, não tem olhar sexualizado. Seu corpo é o que é. Nós shifters temos dois corpos, e não temos vergonha de nenhum deles. Passamos tanto tempo em pele, quanto em pelo. Nunca sozinhos. É normal para nós, é estranho para você, por causa da forma como foi criada. Não digo que não vai ter alguém que vai olhar você e apreciar seu corpo, não somos cegos para a beleza, mas temos uma relação completamente diferente em relação a isso do que você.

Marcada II - Marcada Por DrakeOnde histórias criam vida. Descubra agora