Marcada II - Marcada Por Drake

Capítulo 14

Capítulo 14

Dor.

Minha cabeça doía, as pontadas de dor em minha têmpora me tirando da inconsciência. Gemi, e o som por mais baixo que fosse, pareceu intensificar a dor por alguns minutos. Tentei me lembrar o que poderia ter acontecido para justificar a enxaqueca, mas não havia nada.

Eu lembro de chegar em casa, fazer uma janta, depois eu dormi. Talvez fosse meu período. Tentei me mover para uma posição mais confortável, mas percebi que não estava na cama. O chão gélido abaixo de mim me surpreendendo, principalmente, quando percebi que não conseguia me mover.

Foi quando lembrei.

O cheiro forte. O tecido pressionado contra meu nariz e boca, por uma mão de uma pessoa desconhecida. Olhos vermelhos.

Meu coração acelerou enquanto eu abria os olhos, gemi de dor pela luz forte. Tentei me mexer, mas minhas mãos estavam amarradas para trás. Assim como minhas pernas. Tentei abrir os olhos de novo, e me forcei a manter os olhos abertos para me acostumar. E aos poucos o ambiente em minha volta foi entrando em foco.

O cômodo de madeira parecia apodrecido pelo tempo e falta de cuidado. O cheiro forte de mofo e poeira era predominante naquele ambiente. Não havia nada ali que pudesse ser utilizado. A mesa estava podre, as cadeiras parecia que até uma criança se sentasse ali faria com que ela quebrasse. E aquilo era tudo que eu poderia ver devido a posição que eu estava, mas se aquilo era um indicativo, eu duvidava que o resto poderia estar melhor.

Me virei de barriga para cima e me forcei a sentar. E após algumas tentativas, acabei conseguindo. Não havia ninguém ali. E parte de mim ficou grata por ter tempo para me preparar, já que duvidava muito que ficaria sozinha por muito tempo.

O pânico ameaçava me possuir, mas sabia que se me permitisse entrar em pânico, eu não conseguiria raciocinar direito para arrumar forma de sair daquela situação. Eu tinha fé que Tyelor já teria dado falta de mim, com certeza, quem chegou até mim passou pelo shifter que me guardava. Eu só rezava que ele estivesse bem para chamar por Tyelor e avisar do meu sequestro.

Com Drake distante na missão seria impossível contar com ele, mas eu sabia que poderia contar com Tyelor. Ele ficaria furioso que alguém ousou me atacar em seu território, isso por si só já seria motivo para que ele viesse atrás de mim. Eu só precisava manter a calma e ganhar tempo até que ele me encontrasse. Eu poderia fazer isso.

Mas claro, que pensar era mais fácil que fazer. Principalmente quando ouvi o barulho de vozes soando cada vez mais próximas. Minha respiração ficou ofegante de puro terror. Respirei fundo, tentando controlar minha respiração e controlar o medo. Mas mal consegui.

Quando a porta abriu, eu poderia jurar que meu coração parou por alguns segundos. Mas quando vi quem estava na porta, todo o medo que sentia deu lugar ao choque.

— Olha só quem está acordada — Russell, meu ex noivo, cantarolou. Ele estava mais magro, ele tinha perdido o porte atlético que tinha nessas últimas semanas. Seus olhos estavam fundo no rosto que parecia ter envelhecido anos em semanas. Mas não consegui avalia-lo mais, pois mais três homens entraram com ele.

Os três homens eram lindos, e muito diferentes um do outro, um era negro como eu, mas sua pele era mais escura que a minha. Seu cabelo era raspado, e ele parecia um Deus de tão bonito. Já os outros eram tão pálidos que pareciam nunca ter visto o sol. Um tinha cabelos loiros tão claros que parecia branco e o outro o cabelo preto. A única coisa que os três tinham em comum eram os olhos vermelhos como sangue. Que parecia ressaltar ainda mais a feição cruel em seus rostos bonitos.

Vampiros. Eles eram vampiros.

O que Russell estava fazendo com vampiros?

— Acho que conseguimos deixar ela sem palavras — Russell riu, se aproximando de mim, enquanto olhava para meu corpo de forma lasciva.

Todos os dias que andei nua com os shifters nunca me senti tão desconfortável e temerosa em relação a minha nudez. Nunca recebi um olhar como aquele no rosto de Russell por ninguém, seja homem ou mulher. E por pior que seja a situação, foi ali que entendi essa parte da cultura dos shifters, e como os corpos nus eram sexualizados com meu povo.

Naquele momento, tudo que eu queria eram várias camadas de roupa para me proteger daquele olhar no rosto de Russell, do quanto minha nudez sob seu olhar me deixou vulnerável.

Os vampiros nem se dignaram a responder, olhando para Russell como se ele fosse um mosquito que eles não veem a hora de matar. O que me fazia de novo questionar, o que Russell tinha de importante para conseguir ajuda de vampiros para me sequestrar.

Tanto quanto eu sabia que Russel era ruim, os vampiros tinham o potencial de ser piores. Eu poderia escapar de Russell, se eu fosse inteligente o suficiente, mas dos vampiros? Eu não era tão confiante.

— Já não é mais tão espirituosa agora, não é? — ele falou, se aproximando de mim, antes de se agachar na minha frente — sua puta imunda, você tirou tudo de mim — ele berrou, sua expressão raivosa, enquanto seu cuspe respingou em mim, me fazendo estremecer de nojo.

— Eu não fiz nada — afirmei, intercalando olhares entre ele e os vampiros que assistiam a tudo de forma entediada, sem falar nada.

— Olhe para mim — Russel berrou, seus dedos segurando meu rosto com força, forçando-me a olhar para ele — olhe para mim quando eu falar com você, ouviu?

A dor em meu rosto aumentou quando a ponta de sua unha fincou na pele da minha bochecha. Estremeci de dor, mas mantive meus olhos nele. Eu sabia que não era sábio irrita-lo em minhas condições, mas meu ódio por Russell era maior que minha inteligência no momento.

— Me desculpe por querer olhar para a real ameaça nessa sala — falei para ele antes de olhar para os vampiros pelo canto do rosto. O loiro deu uma risada ao ouvir minhas palavras, o que fez com que Russell me soltasse, antes de bater no meu rosto com força, me derrubando.

— Sua vadia — ele gritou, antes de se levantar e chutar meu estômago. Me encolhi com a dor profunda que vibrou meu corpo. Mas antes que fizesse novamente, o vampiro de cabelo preto o parou, aparecendo na sua frente em um piscar de olhos.

— Não a machuque. Ela não servirá para nossos planos machucada — o vampiro grunhiu empurrando Russell para longe de mim, antes de se virar para mim, se ajoelhando ao meu lado, seus dedos tocando meu braço e me sentando de novo — agora, seja uma boa menina, sim? Não queremos machucá-la, mas se você pressionar nós o faremos.

— O que querem de mim? — perguntei, tentando não gemer de dor, imaginando se o chute poderia ter fraturado alguma costela.

— De você? — o vampiro sorriu, mostrando seus dentes afiados e o indicio de suas presas retraídas — nada. Você é um meio para um fim. Tenho certeza que seu companheiro irá concordar com nossos termos se quiser tê-la de volta.

— Isso é sobre Drake, então? — perguntei, confirmando o que já imaginava. Russell não conseguiria passar pelos shifters sozinhos para me pegar, mas respondia como ele conseguiu a ajuda dos vampiros.

— Claro que sim, você é especial no entanto, a companheira do ultimo dragão vivo. Eu fico me perguntando, o que ele faria para tê-la de volta — o vampiro suspirou, antes de sorrir novamente — Acho que vamos esperar para ver.

— Você não vai conseguir nada dele, porque irá matá-los antes — assegurei — vocês não podem contra um dragão.

O vampiro riu.

— Pode ser — o vampiro concordou dando uma risadinha — mas se o risco for tê-la morta, não acho que ele arriscaria, shifters ficam absolutamente patéticos quando se trata de suas companheiras. E você, querida? É a mais especial delas.

Ele se levantou e olhou para os outros dois vampiros.

— Russell, fique de guarda. Não toque nela. — O vampiro avisou sem nem olhar para ele enquanto seguia para a porta — vamos.

Os outros dois vampiros saíram junto com ele e me perguntei, ao olhar para o olhar malicioso de Russell, que talvez, eu preferisse ficar com os vampiros.