3. Demolition Lovers

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Já passaram duas semanas desde que o show do Frank aconteceu. O Oceans Café agora se tornou o meu escritório, trabalho aqui todos os dias, mando playlists pro Frank tocar quando estamos só nós dois e sempre fumamos juntos no horário de intervalo dele. A amizade com o Frank foi uma grande surpresa, as nossas conversas são leves e tranquilas, ele é sempre tão divertido que acaba me fazendo esquecer das centenas de fotos que eu preciso editar até o fim do dia. Combinamos que eu vou fotografar o seu próximo show que será daqui 4 dias.

Eu estava sentado na minha mesa de sempre, ao lado da janela, quando Adam chegou no café. Ele parecia nervoso com alguma coisa, o que não me surpreendeu. Ele acenou para mim e foi direto sentar no balcão, na frente do Frank.

Pouco tempo depois, Adam batia a mão no balcão, se levantava e saia pela porta sem olhar para trás. Frank, sem pensar no seu trabalho, foi atrás dele. Não demorou muito até que eu visse Frank sentado na calçada com as mãos no rosto para esconder o choro. Eu, sem pensar muito também, fui até ele.

– Posso me sentar? – Questionei em um tom baixo.

Ele não disse nada, apenas olhou para cima, me reconheceu e concordou com a cabeça.

– Ele parece ser uma pessoa difícil de lidar. – Eu disse enquanto tirava a minha carteira de cigarros do bolso, pegava um pra mim e entregava outro pra ele.

– Eu realmente não sei o que fazer, Gerard, ele é tão imprevisível. Hoje ele brigou comigo porque descobriu que eu fiz uma música para um ex, mas o que ele não percebe é que, na música, eu falo sobre como eu sofria com o ex e era infeliz, e mesmo assim ele não quer saber. Só sabe brigar comigo por eu fazer as minhas músicas. – As lágrimas escorriam pelos seus olhos enquanto ele falava e pegava o cigarro de minhas mãos.

– Eu realmente não consigo entender isso, como uma pessoa é tão incompreensível. – Eu me sentei ao seu lado e comecei a fazer um leve carinho no seu braço.

– Eu também não entendo, Gerard, e não entendo como eu gosto dele, seria muito mais fácil se eu conseguisse terminar de uma vez, só que eu não consigo. – Ele voltou a chorar com mais intensidade.

– A gente não decide de quem a gente vai gostar, Frank. Eu namorava uma mulher antes de ficar com o Bert e achava que iria casar com ela. A escolha nunca é nossa. – Eu passei meu braço pelos seus ombros para que ele se sentisse mais acolhido.

– Eu sei, Gerard, mas ele é uma pessoa muito difícil de gostar. É tudo tão complicado e doloroso, eu queria ter algo igual ao que você e o Bert tem, um relacionamento tranquilo. – Ele se aninhou no abraço e apoiou a cabeça no meu ombro.

– Ah, mas é aí que você se engana, eu e o Bert nem somos tudo isso, a gente já brigou muito nessa vida. Agora que as coisas se ajeitaram. – Eu ri. – E pode me chamar de Gee, se você quiser.

– O problema, Gee, – ele também riu – é que eu não consigo ver esse futuro com ele, sabe? Eu sinto que as brigas nunca vão acabar. – Ele voltou a chorar.

Eu não sabia mais o que falar para tentar acalmá-lo, eu não me sentia no direito de incentivá-lo a terminar o relacionamento, nós não somos amigos há tanto tempo assim para ter esse tipo de intimidade. Continuei com ele em meus braços, fazendo um carinho lento enquanto sentia o seu perfume doce que se misturava com o cheiro do cigarro. Eu queria poder dizer que ia ficar tudo bem, mas eu também sabia que essa não era a verdade. A única coisa que eu queria, naquele momento, era poder fazê-lo feliz, foi então que eu percebi que estava cantando.

"Hand in mine, into your ice blues

And then I'd say to you, "We could take to the highway

Oceans [FRERARD]Onde histórias criam vida. Descubra agora