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Voltei a desmaiar. Abri os olhos lentamente, pensei que teria que me adaptar a luminosidade, porém, outra vez eu parecia estar em outra dimensão.

Entre grandes pedras estavam reunidas muitas pessoas. Eu caminhava lentamente, para não ser percebida, e logo me dei conta de que eles não sentiam a minha presença, pois eu estava dentro de uma lembrança.

Pazuzu, Haboryn, Lilith, Samael, foram os seres que eu reconheci, contudo haviam muitos outros. Uma ave como a Fênix, tinha um ser franzino, efeminado com uma coroa majestosa de ouro maciço na cabeça, além de uma cauda comprida e delgada, a quem chamavam de Paimon.

- O Demiurgo foi derrotado! – Gritou Samael e todos seguiram um coro eufórico de glória.

Aquela reunião contava com muitos seres que eu tinha absoluta certeza que Aaron chamariam de demônios, num total de vinte e quatro. Lilith como uma humana imortal, e havia outro rapaz que se assemelhava muito a um ser humana, e eu sentia que ele também era imortal, cabelos negros ondulados e olhos escuros, e a pele de tez morena, que me surpreendi ao chamarem ele de Caim. E como Samael, haviam mais dois, chamado de Abbadiel e Azazel.

Foi quando de repente uma grande explosão foi ouvida, e logo vista no centro de toda a convenção. Samael foi jogado contra uma das grandes pedras, coberto de fuligem e parecia desorientado. Lilith e Caim estavam sobre o chão sem conseguir se levantar, os vinte e quatro demônios espalhados entre os monumentos de pedra.

Uma risada debochada passou a ser escutada, logo ela ganhou força e se tornou uma gargalhada ferrenha e constrangedora. O ser emergia do centro de toda confusão causada pela explosão. Eu foquei minha visão, mas não conseguia nenhuma definição, o ser era amorfo ou sabia muito bem ocultar sua face.

- Demiurgo! – Gritou Samael, descolando o próprio corpo da pedra. – Nós o derrotamos.

Alguns gases emergiam ao redor do tal Demiurgo que eu não conseguia definir seu rosto. E anjos como Samael, Abbadiel e Azazel foram vistos. Pareciam incrivelmente belos, e eu sentia que a luz ofuscava seus corpos, e também não me permitia definir como eram.

- Miguel! Rafael! Gabriel! Uriel! Fanuel! Anael! – Gritou Samael. – Por que nos estão traindo?

Eu não escutei as respostas, mas entendia de alguma forma, talvez por alguma transmissão mental da própria lembrança, que eles invejavam a evolução e a proximidade com todos os seres que Samael possuía.

Contudo, não eram só eles, recorda que vos disse que vinte e quatro seres como demônios estavam na reunião? Pois bem, ao lado do Demiurgo, estavam os seis anjos e mais quarenta e oito seres como demônios. Dois terços dos anjos e dos demônios estavam ao lado do Demiurgo.

Eles batalharam com todas as forças, eu conseguia acompanhar apenas flashs, pois tudo era demasiado fantasioso para minha imaginação provinciana. Percebi que alguns seres humanos também se acercavam para ajudar Samael, pareciam realizar proezas mágicas, que provavelmente haviam sido aprendidas dos anjos e demônios. Olhei para o céu, e haviam criaturas amorfas como o Demiurgo ao redor, mas nada faziam, apenas contemplavam a batalha, e tampouco eram atingidos. Recebi um flash em minha memória, e entendi que aquelas criaturas eram deuses e seres elementais primitivos também, criadores de suas próprias raças e de cultos aos seres humanos, assim como também ensinaram magia, mas nenhum deles entrava dentro da batalha, como se aquilo fosse predestinado e fizesse parte de um plano maior.

E como era de imaginar, Samael e seu exército foram derrotados. Abbadiel controlava as forças da terra bruta, e em uma de suas investidas, havia aberto uma grande fissura na terra, revelando o magma em seu interior, esse poder despertou a curiosidade do Demiurgo que pediu aos seus anjos que abrissem ainda mais a fissura, se transformando num lago de fogo e enxofre.

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