Belle: A família Miller

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Tenho a leve impressão de que Colin Miller de repente resolveu me evitar. O homem está agindo da mesma forma que agiu quando estávamos vindo para Gramado, após toda a confusão com Felipe. Ele não fala comigo. Não me olha. Até parece que sou um ser invisível ou inexistente.

Que ódio! Não faço a mínima ideia do porquê odeio quando sou evitada por ele, simplesmente detesto do fundo do meu coração. Deveria estar feliz, pois significa que serei incomodada o menos possível. Engraçado como esse homem tem a capacidade de me transformar na maior confusão. Quando ele fala, quero que se cale. Quando se cala, quero que ele fale.

Estou completamente maluca!

- Hope está na sua casa? – pergunto.

Eu sei que deveria participar do joguinho de silêncio dele, mas sou incapaz de fazer isso. Além do mais, tudo é recente. Preciso perguntar tantas coisas. Sou curiosa demais, esse é meu maior defeito. E sabe, não importa se vou fazer com que ele desista de mim. Prometi para Isabella que seria eu mesma. Vou cumprir a promessa. Gostando ou não, Colin terá que lidar com cada mania que a princesa aqui tem.

- É nossa, Belle. – pela primeira vez, desde que saímos do hospital, ele me olha. Ainda não aprendi a lidar com seus olhos azuis cinzentos. Fico confusa. Não faço ideia do que, “É nossa, Belle”, se trata. – A casa. De agora em diante, tudo o que é meu é seu também. Compreende? – suas palavras me deixam estupidamente encantada.

Em toda a minha vida, ninguém nunca quis dividir algo comigo. Isso de fazer com que eu sinta que pertenço a um lugar é novo, perfeito. Droga! Não posso me dar ao luxo de pensar que agora tenho o que sempre quis. De fato, é o que sempre quis. No entanto, são por apenas seis meses. Me apegar a algo, a ele, está fora de cogitação.

- Não quero dividir minha cachorra.

- Como? – pergunta confuso.

- Tudo o que tenho é ela, Colin. Não posso dividir minha Hope com você. – ele ri de mim. Se não estivesse começando a ficar irritada, certeza que perderia tempo admirando o quanto Colin fica lindo quando sorri. Na verdade, ele seria lindo até se tentasse ser feio. – Qual é a graça? Está me achando com cara de palhaça?

- Desculpe. – pede ainda rindo. Otário! – Fique despreocupada. Não quero que divida a Hope comigo, princesa. – sua última palavra me deixa com raiva. É como se fosse um absurdo que eu mereça tal comparação. Porém, também me sinto lisonjeada. A maneira como a palavra sai da boca de Colin o faz parecer verdadeiro, sem ser sarcástico em momento algum. De duas, uma. Ele é cego ou simplesmente sabe mentir muito bem! – Embora deva saber que a pitbull já me ama. Foi inevitável, somos bons amigos agora. – ele sorri e lança uma piscadela, convencido. 

- Minha Hope não gosta de você!

- Tem certeza? – provoca.

Não, não tenho. Na verdade, estou começando a perceber que aquela cachorra só não gosta de Felipe mesmo. Vejamos, ela não mordeu Colin lá na fazenda. O que é interessante, já que na hora ela estava bem focada nas pernas do homem que nunca deveria ter sido pai. Também, a Hope deixou que cuidassem dela. Desconhecidos estão cuidando dela, poxa! O que essa família tem de tão especial para que até uma pitbull assustadora resolva por o rabinho entre as penas e obedeça docilmente? Que piada!

Esses Miller são uma droga viciante.

Que caralho, Arabelle! Se comporte.

- Para onde estamos indo? – percebo um maldito sorriso sarcástico em seus lábios lindamente chamativos. Ele se acha o foda, não é? Até parece que mudei de assunto só para não responder a sua pergunta.

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