Colin: Desistir também é um ato de amor

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Estou sem saber o que fazer.

Como irei me redimir?

Não sabia que Victória viria aqui em casa, mas a culpa continua sendo minha. Tenho um passado, o qual não é nada agradável. Quem deveria arcar com as consequências por cada ato, cada erro, sou eu. Os insultos dirigidos a Belle foram desnecessários.

Mentirosos.

Esse meu raciocínio vai além da lógica. O esforço que minha princesa está fazendo para não chorar corrói meu coração. Sinto raiva de Vick, mas, principalmente, de mim. Quando resolvi ir adiante com este casamento de mentira, as regras que impus foram reais. – Jamais fazer essa garota sofrer, muito menos ser humilhada. – Sendo realista comigo mesmo, a única farsa que me domina é a de achar que serei amado por Arabelle algum dia. Estou totalmente entregue nas mãos de uma pessoa só. Nas mãos dela. Qualquer um é capaz de perceber minha total devoção.

Infelizmente, falhei na minha missão. Além da humilhação, Belle está sofrendo. Respiro fundo, preparando-me para dizer alguma coisa. Preciso tomar a frente aqui, agora!

- Desculpe-me! Seu eu soubesse que...

- Colin, a vida é sua. Não precisa se desculpar. Sei me virar muito bem sozinha, embora não tenha lhe passado essa impressão. – interrompe-me. A raiva que ela está sentindo me deixa confuso. Se trata de Vick ou de mim?  – A superioridade da sua amiga é irritante, sabia? Que amizade saudável você tem, idiota! – Hum, dos dois.

- Nada do que Vick disse é verdade, sabe. – digo, convicto. – Você é maravilhosa! 

- Não me importo com o que ela disse de mim. – solta frustrada. – Refiro a maneira rude da sua amiga em relação a Teresa.

- Sei disso. Mas a maneira como ela te tratou também foi péssima, Belle.

- É irrelevante, querido. Sou acostumada com atitudes como a dela. Por mais que atinja um pouco, procuro não ligar. – ela tenta parecer confiável. – O que não admito é que aquela megera trate as pessoas que trabalham aqui como se elas fossem insignificantes. Acredito que a madame não sabe nem limpar um chão, certo? – essa reação de Belle, a de defender os meus empregados, deveria ser comum. Infelizmente, a alta sociedade tem a tendência de ser superior a todos. Talvez, por isso, sempre fico apaixonado pela forma como minha mulher age. – Nem pense que pedirei desculpas a sua amiguinha mesquinha. Me recuso, Colin! – pontua com firmeza, cruzando os braços.

- Você é minha esposa, Belle. Victória é meu passado. Compreende? – ela me fita, com um olhar que diz bem mais do que deveria. Fico feliz, pois me parece que cada coisa que ele revela é um ponto a meu favor. – Além do mais, a razão é sua. – afirmo.

- Sim, de fato é! Mas o seu passado se baseia em apenas um mês. – diz, descontente? – Não é tanto tempo assim, querido. – é impressão minha ou ela está realmente com ciúmes de mim? Caramba!

- Tudo pode mudar durante um mês, princesa. Inclusive, sentimentos. – lanço em sua direção um sorriso sincero. – Digo isso por experiência própria. Sentimentos, aqueles que eu mais temia, estão tomando conta de mim. – Belle me fita, curiosa. Se não me engano, um pouco esperançosa. – Bastou a intensidade de um olhar para que meu mundo mudasse completamente. Consegue entender o que isso significa?

- Na verdade, a coisa do olhar já me... – ela engole seco. – Não sei ao certo, Colin. Tudo é tão novo pra mim. Nem sei se dá para saber quando de fato acontecer comigo, se acontecer. – suas expressões faciais e seu jeito nervoso de estralar os dedos dizem o contrário. Belle está escondendo algo de mim. Fico ansioso para saber o que é.

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