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Caim e Abel, filhos de Adão e Eva, desempenhavam papéis distintos em suas vidas. Enquanto Caim dedicava-se à agricultura e ao cultivo da terra, Abel dedicava-se ao pastoreio, cuidando dos rebanhos. Um dia, movido pelo desejo de agradar a Deus, Caim decidiu oferecer ao Senhor alguns frutos cultivados com esmero. Paralelamente, Abel também preparou uma oferta, escolhendo a ovelha mais preciosa de seu rebanho como símbolo de devoção.

Deus aceitou com agrado a oferta de Abel, reconhecendo a dedicação e a pureza de coração por trás do gesto. Contudo, a oferta de Caim não encontrou a mesma aprovação divina. A disparidade nas aceitações acendeu a chama da inveja em Caim, cujo coração se tornou um solo fértil para sentimentos sombrios. A inveja de Caim crescia, alimentada pela sensação de que seu esforço e trabalho árduo não eram devidamente reconhecidos.

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Lily Mitchel

Uma casa velha e abandonada erguia-se no meio daquele vilarejo, quase desmoronando sob o peso do tempo. Sua madeira, outrora orgulhosa, encontrava-se agora escura e podre, como se tivesse absorvido as sombras dos muitos anos que testemunhou. Era uma cena que evocava pesadelos, um lugar onde o passado e o presente se entrelaçavam em uma dança macabra.

O cenário era abrasador, impregnado de um calor escaldante, com um ar denso e seco. Ao longe, ecoavam celebrações efusivas, como se um espetáculo grandioso estivesse prestes a começar. Nunca antes houve uma plateia tão exultante diante daquele celeiro desprovido de utilidade. Uma a uma, as mulheres eram conduzidas para dentro, com bocas e olhos vendados para neutralizar qualquer "bruxaria". Após todas estarem lá, o anunciador incitava a plateia mais uma vez antes de acender o celeiro, envolto por barricadas que impediam qualquer tentativa de fuga.

O calor dentro do celeiro era infernal, os metais aqueciam e queimavam a pele de algumas mulheres, enquanto outras, já sem ar, desabavam no chão. Os gritos entusiasmados da multidão tornavam-se cada vez mais estridentes, enquanto as últimas lágrimas escorriam pelos rostos das mulheres injustamente acusadas. Os clamores de dor e desespero eram abafados, tornando-se mais isolados à medida que as tosses se intensificavam. Após alguns minutos, apenas o som do crepitar da madeira era audível, e a multidão, agora desinteressada, se dispersava, retornando às suas atividades diárias.

Enquanto todos se distanciavam do celeiro em ruínas e a fumaça se dissipava para o exterior, uma figura emergiu daquele véu de fumaça e disparou em direção à floresta nos fundos do celeiro. A figura parou, lançando um último olhar para a cidade que um dia chamou de lar, lamentando profundamente o desfecho trágico e, acima de tudo, por ser a única sobrevivente daquele terror testemunhado. Com a certeza de que aquela cena nunca se dissiparia de sua mente e lágrimas nos olhos, a figura desapareceu na densidade da floresta.

Lily despertou de um pesadelo intenso, envolvida pelas memórias vívidas das sensações aterrorizantes que a assombraram. Embora seu coração ainda se sentisse pesado, ela reconheceu a impossibilidade de prolongar sua permanência na cama.

Lily era uma mulher de beleza hipnotizante, cujo corpo parecia quase perfeitamente esculpido. Seus olhos verdes, tão claros quanto esmeraldas, possuíam uma profundidade cativante que parecia desvendar segredos ocultos. Seus cabelos ruivos, em grande parte cobertos por perucas e chapéus na maior parte do tempo, quando soltos, roubavam a atenção por completo, adicionando um toque de magnetismo ao seu conjunto impressionante. Cada traço de seu rosto e cada curva de seu corpo contribuíam para a aura de fascínio que a envolvia, tornando-a verdadeiramente notável em qualquer ambiente que adentrasse.

A tão aguardada noite havia chegado, e ela se dirigiu à casa de seu marido, onde havia prometido preparar um jantar especial, repleto de amor e carinho. A mesa estava meticulosamente posta, exibindo pratos, talheres, taças e o presente escolhido: uma flor lilás que perfumava o ambiente há dias.

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