15

14 1 8
                                    

Dante Gavino

Dante acordava suado e assustado mais uma vez naquela noite. Seu coração disparava, e a sensação de terror persistia mesmo após abrir os olhos. As imagens de Lily, de uma forma tão pavorosa, insistiam em vir à sua mente sempre que ele tentava encontrar refúgio no sono.

O quarto estava mergulhado na escuridão, apenas a luz fraca da lua entrava pelas cortinas, criando sombras que pareciam dançar ao redor. Dante respirou fundo, tentando acalmar os batimentos acelerados do coração. A lembrança do rosto de Lily distorcido por uma expressão de agonia e raiva atormentava seus pensamentos.

Ele se sentou na beirada da cama, passando as mãos pelo rosto. A noite parecia interminável, e as preocupações o envolviam como uma sombra persistente.

Dante se levantou e dirigiu-se à cozinha. Uma xícara de chá quente poderia acalmar seus nervos e, quem sabe, proporcionar um breve alívio para sua mente turbulenta. Enquanto a chaleira aquecia, ele ficou ali, encarando as sombras da madrugada que se moviam ao seu redor, esperando por respostas que pareciam cada vez mais elusivas.

Alesso, com o rosto amassado e coçando os olhos, surgiu repentinamente, assustando Dante.

- Por que está acordado tão tarde? – perguntou o garoto, seus cabelos cacheados estavam bagunçados, o fazendo parecer mais novo do que ele realmente era.

- Apenas não estava conseguindo dormir – respondeu Dante, ainda perdido em seus pensamentos – é você quem deveria estar dormindo, não é hora de criança estar acordada.

- Não me enche, Dante, eu tenho 22 anos – disse ele com os braços cruzados.

Dante lançou um olhar divertido para Alesso.

- Ainda é um bebê para mim - brincou Dante.

Alesso rolou os olhos antes de se sentar ao lado de Dante.

- Cassandra me disse o que você fez – Dante acariciou os cabelos bagunçados de Alesso – garoto desobediente – riu, dando um tapa de leve no garoto.

- Aquela boca aberta – Alesso resmungou como uma criança mimada.

- Ela só está fazendo o trabalho dela – Dante riu baixo. – Olha Ale, me desculpe por ter me alterado, eu só estava preocupado.

- Tudo bem, eu não entendo o que houve, mas espero que resolvam logo – o garoto disse, abraçando as próprias pernas.

Dante suspirou, apreciando a compreensão de Alesso. Eles permaneceram ali em silêncio por um tempo, apenas escutando os trovões do lado de fora e compartilhando a companhia um do outro enquanto esperavam a água para o chá esquentar. Assim que aconteceu, Dante se levantou, servindo uma caneca para ele e para Alesso. O aroma acolhedor do chá preenchia o ar, criando uma atmosfera reconfortante naquela noite tempestuosa.

Os dois resolveram assistir um filme juntos na sala, na tentativa de recuperar o sono. A casa estava escura, sendo iluminada apenas pelos trovões que caíam do lado de fora. Enquanto se dirigiam para a sala, um clarão iluminou o lugar, revelando apenas uma silhueta parada em frente à televisão, sentada no sofá. Dante se assustou, instintivamente puxando Alesso para trás de si. O ambiente tenso estava agora impregnado de uma presença desconhecida.

- Escutei vocês parando de andar – a voz de Cassandra soou, fazendo Dante sentir alívio, colocando a mão no peito para checar os batimentos. – Se assustou, foi?

- O que está fazendo sentada no escuro como um espírito obsessor? – Exclamou Dante, indo até Cassandra e ligando a televisão – Você não deveria estar trabalhando?

Ano zeroOnde histórias criam vida. Descubra agora