Ano zero

11

Renzo Moretti

As coisas estavam ficando melhores para Renzo, ou pelo menos era o que ele queria acreditar. Após o brutal assassinato do líder do Credo Tulio, um sorriso sádico e perturbador parecia grudado permanentemente em seu rosto. Mas havia algo de sinistro naquela alegria.

Sua casa, que antes era um verdadeiro caos, estava agora em perfeita ordem. Cada detalhe meticulosamente organizado. As janelas abertas permitiam a entrada de uma luz fria e desolada, que iluminava a sala.

A parede de busca em seu quarto agora se transformara em uma galeria organizada, repleta de informações sobre quem ele caçava. Anotações que até o momento não estava o levando a lugar algum, mas ele sentia que com o Credo em suas mãos, as coisas estavam prestes a mudar. O mapa de Roma ao lado de sua cama era uma representação distorcida de seu domínio. Pontos vermelhos marcavam as futuras vítimas, como se ele fosse um deus sedento por sacrifícios.

Pastas meticulosamente organizadas continham os segredos mais sórdidos de suas presas. Documentos que revelavam suas fraquezas, conspirações mortais e esquemas terríveis. Para Renzo, aquele caos organizado era uma visão do inferno, e ele era o carrasco que governava.

Nada poderia afastar a sensação de medo que irradiava de sua presença.

Renzo sabia que o controle estava em suas mãos, e isso o enchia de excitação. Cada passo que dava o aproximava de seus objetivos, e ele ansiava pelo dia em que todos os seus planos se concretizariam. Sua ambição o tornava uma figura aterrorizante, uma sombra de pesadelo no coração de Roma. E aqueles que cruzavam seu caminho sabiam que seu destino estava selado, que cairiam vítimas de sua terrível sede de poder.

Algo que havia renascido dentro de si, o que antes era apenas um amontoado de dor e sede de vingança havia se transformado em algo pior. Algo havia renascido, mas não era a redenção ou a cura. 

Renzo, em tempos passados, era um homem notavelmente bonito. Seus cabelos castanhos, finos e sedosos, caíam em mechas cuidadosamente arrumadas sobre sua testa. Seus olhos, de um dourado suave, pareciam duas pedras preciosas raras, capazes de capturar o brilho do sol. Seu rosto tinha traços fortes, com a mandíbula angulosa e o nariz reto, características que o faziam parecer esculpido pela própria natureza.

Sua estatura era impressionante, com uma altura que o fazia se destacar entre a multidão. Seu corpo era bem proporcionado, esculpido com músculos fortes e definidos. Ele exalava uma aura de poder, mas também de melancolia. Mesmo em seus melhores dias, havia uma sombra de tristeza que pairava sobre ele, como se as feridas de seu passado nunca tivessem verdadeiramente sarado.

No entanto, agora, Renzo estava diferente. A sensação de ter eliminado Tulio, trouxe uma nova vitalidade para sua vida. Ele se sentia revigorado, como se um fardo tivesse sido retirado de seus ombros. Seu rosto, que antes era marcado pela tristeza, agora exibia um sorriso sádico que nunca se apagava. Seu olhar, uma vez melancólico, agora brilhava com uma determinação gélida e sedenta de sangue.

Seu corpo, antes tenso e repleto de ódio, agora estava relaxado e confiante. Era como se Renzo tivesse se transformado em uma nova versão de si mesmo.

A mudança em sua aparência e atitude era palpável. A sombra de tristeza que costumava segui-lo para todo lugar havia sido substituída por uma aura de implacável autoconfiança. Renzo estava determinado a levar adiante seus planos e nada, nem ninguém, poderia detê-lo agora.

Mas sensação levou ele de volta a um período sombrio de sua vida. Era uma época em que a dor o consumia, quando a depressão o mantinha refém. Tudo parecia uma névoa cinzenta que cobria seu mundo. A solidão era sua única companhia, uma amiga implacável.