10

21 1 4
                                    


Dante Gavino 

A noite caía sobre a cidade, lançando suas sombras obscuras pelas ruas vazias. O vento sussurrava segredos insondáveis enquanto Dante se afastava da casa de Lily, sua mente em tumulto e o coração repleto de inquietação. Enquanto caminhava pelas ruas sombrias da noite, ele tocou a ferida deixada pelo que parecia ser uma mordida. No entanto, sua mão não encontrou a marca característica que esperava.

Atravessou as ruas desertas, tentando processar o que havia acontecido. Tudo dentro daquela casa estava fora de controle. A voz de Lily implorando para que ele fugisse ecoava em sua mente.
Ele não conseguia entender o que havia acontecido. Ele se sentia como se estivesse em um pesadelo, preso em uma realidade distorcida. Seu rosto, antes cheio de vida, estava agora pálido e fundo, como se a mulher estivesse morta. Seus olhos verdes, que costumavam brilhar com vivacidade, haviam desaparecido sob as pupilas dilatadas.

O homem se sentiu tomado por um misto de raiva, medo e confusão. Ele não sabia a resposta, mas estava determinado a descobrir, mas a imagem de Lily, destruindo tudo ao seu redor e atacando-o, assombrava seus pensamentos.

Sua amizade com Lily era algo que ele valorizava profundamente, e a confiança que ele tinha nela era inabalável. Era difícil acreditar que aquela mulher que ele conhecia tão bem havia se transformado em algo tão assustador.

O ataque que ele sofrera era direto e violento, mas, ao mesmo tempo, havia algo na expressão de Lily que parecia relutante, como se ela não quisesse fazer aquilo. Os olhos dela, mesmo dilatados e famintos, ainda carregavam um vestígio de humanidade, e essa dualidade era perturbadora.

Mesmo que o tempo passasse, Dante sabia que seria difícil esquecer o que havia acontecido naquela noite. A imagem de sua amiga, transformada em uma criatura insaciável, continuaria a assombrá-lo. Era como se a mulher que ele conhecia mal parecesse humana naquele momento.

Dante voltou para casa com a mente ainda turva e cheia de perguntas. Ele sabia que precisava de tempo para processar o que acontecera e entender a verdade sobre Lily. Ao entrar em casa, ele se deparou com Cassandra, que caminhava pelos jardins de sua residência. Cassandra quase instantaneamente notou o semblante abatido de Dante e o sangue que manchava sua camisa.

- Senhor Dante, estava aguardando sua ligação para buscá-los na estação - disse Cassandra, se aproximando com uma expressão serena.

Dante respirou fundo antes de responder:

-Tive alguns contratempos no caminho. Vá buscar Alesso amanhã cedo quando ele chegar. Não autorize que ele vá até Lily, nem que ela se aproxime dele ou desta casa. - Sua voz traiu um misto de emoções.

Cassandra manteve sua postura imperturbável, mas havia um traço de preocupação em seus olhos frios.

- Compreendo. Tomarei todas as medidas necessárias.

Dante assentiu, agradecendo silenciosamente enquanto caminhava novamente em direção a sua casa.

- De que maneira devo agir caso a mulher se aproxime? - Perguntou Cassandra, seu sorriso gélido refletindo uma determinação feroz em seus lábios.

- Faça o necessário, mas não a mate – Dante parou e respirou fundo, pois caso for necessário, eu o farei

Cassandra assentiu, compreendendo a gravidade da situação. Suas palavras eram um lembrete do quanto Dante estava disposto a proteger Alesso a qualquer custo. Com uma expressão fria, ela respondeu:

- Entendido, senhor. Farei o que for necessário para manter Alesso seguro e afastá-lo dessa ameaça.

Na manhã seguinte, Dante estava em seu escritório, mexendo em papéis relacionados a transações, compras e vendas de propriedades. No entanto, ele permanecia alheio a tudo, ainda atormentado pela noite mal dormida. As memórias não fugiam, e ele tentava se convencer de que tudo aquilo era apenas um sonho ruim, e que nada do que vivenciara realmente existia ou havia acontecido.

Ano zeroOnde histórias criam vida. Descubra agora