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Lily Mitchel

Semanas se passaram desde o baile. O estado de Lily piorava a cada dia que se arrastava. Ela estava confinada em sua casa, como uma prisioneira de sua própria natureza. A fome insaciável que a consumia era implacável. A cada noite, os corredores escuros de sua mente eram invadidos por assombrações do passado, revivendo os momentos mais sombrios de sua existência. A casa estava em ruínas, refletindo o caos que reinava dentro dela. As janelas permaneciam fechadas, o mundo lá fora estava distante, e a solidão a envolvia como um manto gélido. Ela estava em um abismo, e a escuridão só parecia crescer.

A fome de sangue a consumia implacavelmente, e suas presas não podiam mais ser mantidas ocultas. Magra e envelhecida, sua juventude parecia desvanecer diante de seus olhos famintos. Lily estava em um estado crítico, lutando para controlar seus instintos enquanto a sede de sangue a corroía.

Lily andava pela casa sem rumo, lutando para controlar seus próprios instintos. Cada batida de seu coração ecoava como um tambor insistente, lembrando-a de sua fome. O passado a atormentava, como flashes de memórias de séculos anteriores. Às vezes, ela parava diante de um espelho empoeirado e encarava o reflexo pálido e faminto, o desejo insaciável ardendo em seus olhos.

A sala estava coberta de poeira, cortinas empoeiradas bloqueavam a luz do sol. Lily não se lembrava da última vez que tinha sentido os raios de sol em sua pele. Ela sabia que precisava sair dali encontrar sangue para saciar sua sede e recuperar sua força. Mas a escuridão a segurava, como correntes invisíveis.

Vampiros geralmente podiam saciar sua sede com o sangue de um homem adulto por até dois meses, mas ela já estava há mais de três meses sem se alimentar. A dor da fome era acompanhada por uma depressão que a consumia, uma tristeza profunda por tudo o que ela havia perdido e se tornado ao longo dos séculos.

Os dias passavam lentamente, enquanto Lily tentava resistir à tentação de sair à noite em busca de sangue fresco. A luz do sol era um lembrete constante de sua fraqueza e vulnerabilidade. Mas a fome a atormentava, nublando seu julgamento e testando sua força de vontade.

Ela sabia que precisava encontrar uma solução, antes que a fome a levasse a um estado insustentável. A sensação de que estava perdendo o controle sobre sua própria existência a envolvia como uma sombra.

Dante e Alesso estavam em Veneza a trabalho, alheios à situação angustiante que Lily enfrentava em casa. Eles conversavam com ela todos os dias por telefone, mas ela mantinha sua luta interna em segredo. No entanto, a situação estava prestes a mudar, pois eles estavam se preparando para voltar. Lily sabia que, quando voltassem, teria que explicar o que estava acontecendo e enfrentar as possíveis consequências. O pensamento de encontrar uma solução para seu problema e aliviar a dor da fome a consumia a cada dia que passava.

Lily se deitou no sofá, tentando se desconectar do mundo ao seu redor, mas sua mente não lhe concedia trégua. As memórias dolorosas daquele incidente do passado voltavam de forma vívida, como se ela estivesse revivendo aquele terrível momento. Ela podia sentir o calor das chamas, ouvir os gritos angustiados, e ver as chamas devorando tudo em seu caminho.

Os estalos da madeira queimando ecoavam em sua mente, as imagens das mulheres pedindo desesperadamente por ajuda enquanto ela fugia sozinha a atormentavam. Foi então que ela acordou abruptamente, com a respiração ofegante. Ela percebeu que tinha várias chamadas perdidas em seu telefone e que a campainha de sua casa tocava incessantemente.

Lily se levantou com dificuldade, a fraqueza ainda a consumiam, mas a insistência da campainha a forçou a se mover. Cambaleando em direção à porta de entrada, ela olhou pelo olho mágico e viu uma figura parada do lado de fora. Era Dante.

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