Kay Blackwood
Estar hoje no mesmo cômodo, na mesma cabana do lago Tahoe, que foi palco do começo da aventura mais doida da minha vida há 2 anos, é diferente de todas as vezes que retornei para este mesmo lugar. Não me importei de acordar quase de madrugada, mesmo sendo sábado, e definitivamente a noite anterior foi a que mais senti falta de dormir com o Nathan, embora estivesse a alguns cômodos mais distantes de mim. As mensagens do Whatsapp não foram suficientes para diminuir a vontade de tê-lo na cama, conversar enquanto o sinto acariciar minha nuca, deslizar o nariz na curva do meu pescoço. Proibidos de mandar áudio, fotos ou fazer videochamadas, tivemos que nos contentar com a meia hora "livre do castigo" que Sammy e Susan permitiram. Confesso que resmunguei bastante, porém, segui as exigências por uma boa causa. Na verdade, se trata de uma causa muito especial, onde a saudade só vai tornar o reencontro com o advogado mais emocionante.
Por alguns segundos penso nos meses anteriores, todas as decisões que tomamos juntos e outras que fazendo jus a natureza do seu gênero, McCain deixou em minha total responsabilidade. As provas de jantar, de bolo, os detalhes que nunca pensei que me importaria e que acabei me tornando obcecada por eles até estar satisfeita. Todo esse processo teria sido desesperador se Sammy, Susan, Molly e mamãe não estivessem ao meu lado, uma vez que todas já tiveram a sua própria experiência. Assim como aconteceu com a minha cunhada, nossos amigos e família fizeram de tudo para nos ajudar a chegar no dia de hoje, onde me tornarei a esposa do Nathan McCain.
O barulho da porta fechando com um pouco mais de força me obriga a voltar das lembranças dos últimos meses para encarar a minha cerimonialista pelo reflexo do espelho, que demonstra tranquilidade enquanto tem um milhão de coisas para se preocupar e organizar. Gillian para de sussurrar ordens ao retribuir a encarada, me vendo pela primeira vez com a maquiagem e cabelo terminados, seu sorriso é sincero ao admirar o trabalho excelente do profissional de beleza que Sammy me indicou.
- Uau! Está deslumbrante, Kay! - Elogiou com sinceridade. - Uma noiva fabulosa, que vai enlouquecer o noivo quando vê-la. E olha que nem pôs o seu vestido ainda!
Noivo, quase marido, quase me tornando a Sra. McCain. Uma parcela minha ainda levanta questionamentos, ainda me faz esperar por uma onda de insegurança e incerteza sobre esse próximo grande passo em minha vida, em nosso relacionamento. Mas nada além do êxtase da felicidade e ansiedade tomam o meu corpo. Chegamos até aqui com uma relação baseada em confiança, amor, carinho, parceria, muito tesão, algumas brigas e implicâncias, sabemos nos divertir um com o outro. Nunca estou cansada demais para ele e hoje, oficializaremos algo que já somos há muito tempo.
- Você acha? Não é como se Nathan não tivesse me visto assim antes.
Mexo no meu cabelo com cuidado, admirando o volume que o ondulado deu aos meus fios curtos, o quão charmoso ficou o semi preso na lateral com uma presilha com pedras azuis e swarovski. A maquiagem é leve e iluminada, realçando os meus olhos, enquanto os meus lábios estão mais rosados, uma ótima opção para quem deseja beijar muito na boca sem se preocupar de sair carimbando os lábios do marido. Uau. Marido, Nathan vai ser o marido.
- Ele nunca a viu brilhar como noiva e acredite, meu bem, é um momento poderoso para vocês dois. - Parou atrás da cadeira e pôs a mão em meu ombro para apertá-lo com carinho. - As madrinhas, sua mãe e sogra estão vindo, acabaram de se vestir, chamei-as para vir te ajudar a colocar o vestido. Mandei trazer mais champanhe também para vocês.
Levo uma das mãos para apertar a sua, retribuindo a força que me passa com o gesto com agradecimento.
- Obrigada, Gillian.
Ouço mais uma vez o barulho da porta sendo aberta e em seguida uma mistura de vozes que conheço tão bem penetra o ambiente, me fazendo quebrar o contato com a cerimonialista ao ficar de pé para recepcionar as minhas convidadas de honra para o casamento. Elas estão rindo de algo que acabou de acontecer, porém, por falarem ao mesmo tempo, não consegui descobri qual o assunto. Também acredito que mesmo que fosse possível entender a conversa, a emoção de vê-las tão lindas e felizes, curtindo o momento tanto quanto eu, me distrairia. Senti os meus olhos ficarem marejados e a visão embaçada por consequência no instante em nossas mães, Sammy, Susan e Amber – nova advogada do escritório do Nathan e minha mais nova amiga – notam que estou prestando a atenção nelas. Demorou alguns segundos para cair a ficha de todas, afinal, quando saíram para pôr os seus vestidos, a minha produção estava apenas começando.
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Primeira Má Impressão
RomanceKay Blackwood é uma revisora de 26 anos que assume que é casada com o seu trabalho, ou seja, nada de relacionamentos. Conheceu alguns homens legais, mas tudo chegava ao fim a partir do momento que percebiam que não importava o quão parecesse envolvi...