CAPÍTULO XVIII

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Necessitei reunir muita coragem para me despedir do Nathan em frente ao meu prédio, talvez fosse o êxtase do dia que tivemos, a dança cheia de significado, algo dentro de mim não quis soltá-lo, desejei levá-lo até o meu apartamento e de lá sair só amanhã de manhã. Infelizmente se ausentar no jantar na casa dos seus pais não estava entre as opções, então depois de beijá-lo uma porção de vezes, receber um ousado aperto na bunda – afinal algum dos vizinhos poderiam presenciar, por isso a ousadia – pendurou o capacete que usei no braço e deu partida na Harley, buzinou antes de desaparecer do meu campo de visão.

Usei a minha chave para abrir o portão e porta principal de vidro, os corredores e o elevador estão tão vazios quanto hoje pela manhã. O que é ótimo, seria muito estranho conversar com alguém com a expressão boba do momento. Minha primeira tarefa ao entrar em casa foi ir direto ao banheiro tomar uma ducha demorada. Lavei os cabelos, pois a moto não o deixou em um bom estado. Além disso, gosto de me sentir completamente limpa para preparar o meu solitário jantar, que acabou sendo apenas salada em consideração ao cardápio bem variado do dia. Eu não sou adepta a dietas, mas as vezes desintoxicar é preciso. Seguindo o ritual de jantar sozinha, peguei meu prato e a taça de vinho para me acomodar na frente da TV, dessa vez decidi pôr um filme de suspense. Vestindo meu uniforme de casa, calcinha e uma camiseta do Nathan, deitei no sofá após terminar de comer para continuar prestando atenção no desenrolar da trama, consciente de que o advogado não chegará antes do final do filme. O bonitão dedica mais de três horas para o banquete que sua mãe sempre prepara.

Estiquei o braço para a mesa de centro ao ouvir meu celular avisando que recebi uma mensagem, imaginando que fosse do McCain. Gargalhei alto ao me deparar com uma foto enviada por Susan, registrando o irmão sentado com um prato repleto de comida a sua frente e escreveu:

"Mamãe acha que ele sempre está muito magro e sempre faz o prato dele... Esse é o resultado!"

Não hesitei em dividir a culpa.

"E o Nathan parece que nunca reclama."

Logo em seguida veio outra foto, dessa vez o advogado olha para a câmera carrancudo.

"Jamais! Ele adora fazer drama para a mamãe, diz que não se alimentou direito só para induzi-la a preparar os seus pratos prediletos. Agora ele está mandando parar de contar seu lado mimado para você!"

Para não atrapalhar o jantar da família e nem aumentar as chances de Molly McCain desconfiar de nós, decidi pôr fim na conversa. Assim como tem sido com os meus pais, os de Nathan repararam nas mudanças sutis que ocorre quando se está mais feliz do que o normal, sem contar que anda ocupado mais do que de costume. O irmão mais velho da Susan me contou que houve um interrogatório depois de não o encontrarem no apartamento em uma visita surpresa, em um horário que sempre está em casa. Ele estava comigo, desfrutando de um bom jantar e a seguir, um excelente sexo.

"Diga a ele que já sei que é o filhinho da mamãe!"

Coloquei o aparelho de volta na mesa de centro, me concentrando na tela da TV e pensando na sorte em que tivemos de nossos pais não descobrirem ou suspeitarem das identidades dos novos parceiros de seus respectivos filhos. Se suspeitam, não demonstram até então. Ainda não estou preparada para ir até a casa dos McCain com o filho mais velho deles me guiando e apresentando com a mão de maneira protetora em minhas costas, isso tornaria mais do que oficial nosso envolvimento. Isso não seria um problema, pois tenho a absoluta certeza que o advogado não permitiria que me sentisse desconfortável, todavia ainda não estou pronta, algo não permite que dê esse passo. Esse bloqueio nem Nathan é capaz de derrubar.

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