Nas duas semanas seguintes, continuamos a revezar entre dormir na casa dele e na minha, quase nos atrasamos uma porção de vezes por conta da sua disposição matinal. Depois de muita insistência e desafiar-me, comecei a acompanhá-lo nas corridas, assim como bebo as vitaminas que prepara quando chegamos em casa, mesmo que a mistura não pareça algo muito apetitosa. Cheio de animação, com as energias revigoradas, me convence a tomar um banho com ele, que virou costume de ser muito mais do que uma simples chuveirada. Nathan não passa a noite comigo apenas quando precisa ficar mais horas no trabalho ou trancado em seu loft sem ter a possibilidade de distraí-lo. Processos que vão além de divórcios, tão importante que se força a negar minhas investidas, me contento a dar boa noite por mensagem.
Para a total felicidade dos filhos da Sammy e do Dan, cumprimos o acordo de passarmos uma tarde com eles fazendo o que as crianças mais gostam. Ir ao cinema, brincar na área de jogos do shopping e enchendo seus estômagos com os deliciosos, assim como nada saudáveis, McDonald's. Eles se divertiram demais e nós, adultos, também. O advogado subiu no conceito deles após a tarde cheia de atividades legais. Quando os levamos para casa, Nicky e Valentina caíram no sono contra o banco do jaguar. Se ver o Nathan interagir com as crianças com naturalidade já me conquistara, imagina o momento em que o vi pegar o Nicholas no colo sem acordá-lo e levar seu corpo com facilidade até seu quarto, enquanto eu levava a irmã dele. Dan tentou tirá-la dos meus braços, mas insisti em carregá-la escada acima e imitei o gesto do advogado, a pus na cama com cuidado. Nossos amigos tentaram nos convencer a ficar para tomar um vinho, porém McCain e eu estávamos muito cansados, o nosso plano para o fim de noite era deitar na cama para dormir. De fato, apenas dormimos.
Tirei um tempo também para sair com a minha cunhada e meu irmão, que me acusaram de negligenciá-los depois que o meu lance com o advogado da família McCain começou. Eles estavam brincando, eu sei, mas foi o suficiente para notar que nas últimas semanas não dei espaço para o isolamento como antes. Não tive vontade de exigir tempo para o Nathan, pois sempre que ele percebe quando preciso de espaço, se afasta por algumas horas, só volta ao receber um sinal meu pedindo comida através de mensagens. Ele não pôde se juntar ao café na casa da Susan por conta de um problema no trabalho, um de seus clientes se meteu em confusão e precisava de um advogado. Fiquei torcendo para que ocorresse tudo bem. Mais tarde ele me contou que se tratava de um jovem com o coração bom, o problema é que faz péssimas escolhas por achar que sua vida não tem jeito. Não consegui esconder a surpresa ao relatar que não cobra seus honorários, pois o rapaz possui um pai que sumiu do mapa há alguns meses, uma mãe tentando se ver longe das bebidas alcoólicas e um departamento de polícia louco para pôr as mãos nele por terem o flagrado vendendo drogas. O advogado quer dar a esperança de um futuro melhor para o garoto de 17 anos, se certificando dele continuar na linha, estudando, longe das ruas e ao mesmo tempo ajudando a mãe a se manter firme. A última emergência foi que a polícia o encontrou conversando com um amigo das ruas, que no momento da abordagem, o outro estava com drogas e as autoridades entenderam que havia voltado para o ramo. Nathan pirou quando viu o seu cliente algemado feito um psicopata e acusou o policial que os interceptou de amador. Ao que parece, foi um momento estressante, mas conseguiu levar o garoto para casa. Toda a situação me fez chegar à conclusão que mesmo com toda essa merda acontecendo na sua vida profissional, ele consegue reservar seu melhor lado para mim.
Mesmo com todo o espaço e sendo um homem tão compreensível, em algum momento nesse nosso relacionamento sem rótulos, ele começaria a tentar me introduzir mais em sua vida, a querer expandir a bolha que nos envolve ao alcance de outras pessoas além das que são mais próximas. Não que queira me exibir como se fosse a primeira namoradinha, mas sei que irá ter a necessidade de me mostrar as pessoas que gosta, com quem trabalha, assim como aconteceu com Sammy, Dan e as crianças. Isso aconteceu mais rápido do que esperei.
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Primeira Má Impressão
RomanceKay Blackwood é uma revisora de 26 anos que assume que é casada com o seu trabalho, ou seja, nada de relacionamentos. Conheceu alguns homens legais, mas tudo chegava ao fim a partir do momento que percebiam que não importava o quão parecesse envolvi...