CAPÍTULO I

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A viagem durara cerca de uma hora e meia, com muita cantoria e algumas paradas em postos de gasolinas para nos abastecermos de guloseimas, além das bebidas alcoólicas. Susan nos dará um sermão com a nossa quase bebedeira, mas é uma consequência que valerá a pena enfrentar. O dia está quente demais para deixar de beber uma bebida gelada. Como Blane já havia passado inúmeros finais de semana com a namorada no lugar, ele sabe o caminho exato para encontrar a grande e belíssima cabana dos McCain, que fica em uma localização um pouco isolada e a beira do lago, uma visão incrível que vou ficar feliz em aproveitar nos próximos dias.

Enquanto guia o carro para estacionar a picape ao lado de um Jaguar – que aposto ser propriedade do advogado, meu irmão perguntou:

- Por acaso já estou com cara de bêbado?

Inclinei o rosto para analisá-lo por alguns instantes e acabei rindo alto.

- Apenas esse sorriso bobão entrega a nossa quase bebedeira, então trate de ficar sério a partir de agora. Seduza a Susan à la Antonio Banderas.

Blane tentou parecer sério e sedutor, porém, logo acabou rindo alto comigo.

- Estamos lascados, mana!

- Você é o namorado dela, ou seja, o único fodido aqui é você. Boa sorte!

Tomei a liberdade de buzinar sem avisá-lo, fazendo-o praguejar antes de esconder o fardo de budweiser vazia debaixo do banco do motorista. Me divertindo às custas do meu irmão, desci do carro com tranquilidade e esperei que uma animada Susan surgisse dos fundos da cabana correndo para nos abraçar. Em questão de segundos aconteceu o que aguardei, a única diferença é que um homem a seguiu calmamente. Precisei dar uma boa olhada para perceber que era o "querido" irmão da minha cunhada, longe dos ternos e gravatas.

Quando os braços afetuosos de Susan rodearam meus ombros, desviei a atenção dele para ela e sorri ao ganhar um beijo afetuoso no rosto.

- Nem acredito que o Blane conseguiu te convencer a vir junto!

- Nem eu estou acreditando!

Minha resposta a fez soltar uma gargalhada, demonstrando que já está mais do que acostumada com o meu senso de humor.

- Você não vai se arrepender. Vai ser superdivertido! - continuou animada - Além de fazer companhia para Nathan, o coitado já estava sofrendo com a ideia de ficar sozinho com o Blane e eu.

- Hum claro, vai ser ótimo.

Foi tudo o que pude responder e felizmente ela não notou o meu desconforto, tanto que seu próximo movimento foi correr até o meu irmão - que acabara de descer da picape – e o puxar para um abraço apaixonado. Todavia, alguém percebeu e foi justo quem é a causa dele.

- É fascinante como não consegue fingir como se sente, Kay Blackwood.

Nathan parou na minha frente com as mãos nos bolsos da bermuda que veste, de pés descalços e me encara, mas seus olhos azuis se escondem atrás dos óculos wayfarer. Ergui as sobrancelhas diante do comentário quase gentil, estranhamente vindo de alguém que se sentia incomodado com a minha presença nas poucas vezes que nos encontramos. Reprimi a vontade de revirar os olhos, já que não tinha a vantagem de esconder a reação por trás das lentes escuras e me contentei em retrucar:

- Não espere que eu lamente por isso.

Deu de ombros de maneira relaxada.

- É claro que não, eu me divirto com a sua sinceridade.

-Que bom que um de nós se diverte nesses encontros.

Obstinada a acabar com a conversa, virei na direção do meu irmão e cunhada com a intenção de falar com ambos, porém fiz uma careta ao me deparar com os dois se beijando cheio de saudade, como se não se vissem há um mês e não há algumas horas. Como eu previ, bastou alguns segundos do beijo para que a Susan sentisse o gosto de cerveja. Álcool e direção é uma das coisas que ela mais abomina, mesmo que de maneira moderada, assim como foi o nosso caso.

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