Indo contra a regra mundial de que é proibido acordar cedo no domingo, com exceção de quando precisa trabalhar, me levantei as 7h00min da manhã como Nathan me instruiu por mensagem na noite anterior, tomei um banho refrescante – sem graça por ele não estar presente – e não tomei café, pois segundo o advogado, faríamos isso juntos. O engraçadinho, sem me dar uma dica ou detalhe, planejou um dia diferente para nós. Aproveitou que ficou o sábado longe dos meus truques de sedução, por conta do trabalho para variar e fez o arranjo do que sei lá havia em sua mente. É claro que tentei dissuadi-lo de me dar uma pista, porém, longe dos meus lábios, mãos e corpo, conseguiu dizer não. Se limitou a dar dicas sobre as roupas que combinam com o nosso dia. Jeans, sapatos confortáveis e jaqueta.
Por um momento pensei em vestir o oposto do que me indicou por pura teimosia, no entanto, decidi por fim ser uma boa menina. Vesti uma calça skinny de lavagem escura, um par de coturnos, uma camiseta branca e jaqueta de couro cheia de aplicações de spikes, presente de natal do meu irmão do ano passado. Em menos de uma hora já estou pronta, com uma bolsa com meu celular e a carteira dentro, a alça atravessada em meu corpo. Acomodei-me no sofá da sala, aguardando receber o aviso da sua chegada.
Me causou grande estranheza se recusar a subir e usar a própria chave, que não me devolveu desde o dia em que a ofereci, mas não discuti, afinal, estive muito ocupada em tentar descobrir qual o nosso destino. Estiquei a mão para pegar o controle remoto da tv na mesa de centro, antes que pudesse alcançar o objeto de plástico cheio de botões, o meu celular tocou dentro da bolsa notificando que havia recebido uma mensagem. Retornei para a minha última posição e procurei o aparelho, um sorriso apareceu em meus lábios ao ler:
"Bom dia, princesa. Já cheguei! Sua carruagem está a sua espera."
A escolha de palavras foi provocação, já que o Sr. Cheio de segredos sabe que tudo o que remete a conto do fadas é o mais absoluto tédio na minha opinião. Parei de contar as vezes em que fiz cara feia ao ouvir "minha princesa" sair dos seus lábios, o que é motivo para uma crise de risos dele.
"Admiro seu bom humor a essa hora da manhã e a coragem de me provocar, tenho tendências assassinas quando me obrigam a burlar a regra do domingo. Idiota. Já estou descendo!"
Digitei a resposta rapidamente, joguei meu celular para dentro da bolsa e me pus de pé para sair do meu apartamento. O prédio onde moro há alguns anos é composto por famílias, com e sem crianças, além de idosos, então consegue ser muito silencioso nos finais de semana, pois a maioria decide passar os dois dias em uma casa na praia ou qualquer outro lugar longe daqui. Significa também que ninguém me aborda durante o caminho para perguntar sobre o Nathan e elogiá-lo pela simpatia que os trata toda a vez em que topa com os meus vizinhos no hall, elevador e corredores. Mais alguns admiradores foram acrescentados na lista extensa do advogado.
O percurso até a entrada do prédio foi silencioso, como o porteiro está de folga, usei a minha chave para abrir a porta de vidro principal e depois de trancá-la, meus olhos desceram para o molho de chaves na mão, a procura da que abre o portão principal. Meu bairro não é violento, no entanto, tomamos cuidado para evitar uma possível situação de perigo, em especial quando o porteiro não está presente. Acostumada a ver Nathan estacionado no mesmo lugar, encostado contra o carro de braços cruzados, não ergui a cabeça na sua direção até que tivesse trancado o portão por fora.
Quando girei o corpo para encará-lo com uma expressão de irritação fingida, me surpreendi em não encontrar com os quadris apoiados no Jaguar prata e sim em uma Harley-Davidson preta. Esqueci do plano de devolver a provocação, focando na bela jaqueta de couro que veste, o jeans escuro e o coturno, em seus lábios um sorriso arrogante de quem sabe que me pegara de surpresa. Merda, não posso negar que foi uma bela surpresa! Se não fosse seu corpo ausente de tatuagens, seu cabelo curto e o rosto sem um rastro de barba, ele poderia fazer parte do elenco da série Sons Of Anarchy. Chegamos a um nível maior de intimidade que não me importei em parecer uma idiota pela mudez repentina ao analisá-lo, ele sabe que o seu rosto e corpo atraente me tira o ar por alguns segundos em certas situações. Logo o momento de analise visual chegou ao fim e quebrei o silêncio, enquanto me aproximo dele.
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Primeira Má Impressão
RomanceKay Blackwood é uma revisora de 26 anos que assume que é casada com o seu trabalho, ou seja, nada de relacionamentos. Conheceu alguns homens legais, mas tudo chegava ao fim a partir do momento que percebiam que não importava o quão parecesse envolvi...