Primeira Má Impressão

CAPÍTULO IV

E mais um novo dia amanheceu, poucas nuvens no céu e um pouco de vento também, deixando o tempo mais fresco que na manhã anterior. Hoje não haverá partida de vôlei ou qualquer outra atividade comandada pelo meu irmão, a única tarefa é descansar. Meu corpo doeu de todo esforço no jogo, quase dormi sobre o meu prato do jantar de ontem à noite.

Quando me juntei ao restante do grupo para tomar café, ri ao notar que eles estavam podres tanto quanto eu e por conta da falta de disposição, não teve nenhuma discussão sobre quem era mais velho, apenas relembramos de alguns momentos engraçados. Isto é, as trapalhadas de Susan McCain. O restante do dia cada um fez o que gostaria de fazer.

Nathan, passando por cima de todas as regras, ficou grande parte da tarde trancado no quarto resolvendo algumas coisas do trabalho, Blane teve algumas ideias de modelos de tatuagens, então estava na varanda desenhando compenetrado. Já Susan e eu decidimos ter uma tarde de meninas, fizemos as unhas uma da outra - apesar de me considerar péssima nisso, escovei seu cabelo longo e loiro. Conversamos sobre infinitas coisas, o suficiente para sentir-me mais íntima dela. Além de cunhada, posso considerá-la minha amiga. Assim como Sammy e a família incrível dela, Susan não parece ficar incomodada com minha tendência a isolamento, muito menos meu desastre em relação a relacionamentos, se interessa em saber da minha vida em todos os aspectos. Eu já falei que espero que Blane se case com ela?

A festa, segundo o anfitrião, começaria as 20 horas e a partir daí, não havia hora para acabar. Fizemos o que recomendou, apenas abastecemos nossos estômagos com comida, pois a bebida estava garantida mais tarde. Embora o lugar da festa seja próximo e ficar à beira de um lago, decidi que merecia dar uma elevada na minha autoestima. Deixei o ondulado do meu cabelo mais definido, bem estilo praia, fiz uma maquiagem natural e iluminada com os produtos que trouxe em minha pequena nécessaire. Minha escolha de roupa, levando em conta a noite quente, foi um vestido simples de cor bordô que deixa parte das minhas costas nuas, sem qualquer marcação na cintura. Solto e confortável. Calcei um par de sandálias rasteiras caramelo com tiras que amarram em torno do tornozelo, dispensei acessórios como bolsa, limitei-me a pôr uma gargantilha com um ponto de luz e um par de brincos delicados, que mamãe me dera de presente no último aniversário. Peguei meu celular para ver se já era 20h30, horário no qual combinados de partir para a festa e olhando as notificações, notei que Sammy respondera minha última mensagem enviada. Contudo, dessa vez deixei o celular de lado sem ler, mais tarde o faria. Verifiquei meu visual só mais uma vez antes de caminhar para fora do quarto.

O silêncio no corredor sinaliza que Nathan, Susan e Blane já me esperam no primeiro andar. Outra vez, pela primeira vez em muitos anos, eu aparentemente sou a causa de atraso para um compromisso. Mesmo com a demora, andei com calma até a escada, olhando algumas fotos de família dos McCain, me deparando com alguns retratos do advogado na adolescência. Diferente do meu irmão, ele não foi um garoto franzino.

Comecei a descer a escada, assim que a alcancei ouvi vozes conhecidas conversando entre si, quando estou quase no fim dela, vi Blane se aproximar enquanto fala olhando para trás.

- Vou lá chamar a Kay, atrasos não são algo do seu feitio. – ele riu – Talvez esteja desmaiada.

- Eu estou bem aqui, bobão.

Então seus olhos castanhos me encararam ao ouvir e logo assoviou alto, antes de analisar a sua irmã mais nova. Quando pus os pés no último degrau, ele estendeu a mão e sem hesitar a peguei, permitindo que me tire da escada. Sorri no momento em que me girou para dar uma olhada geral em meu look da noite.

- Acho que vai precisar da ajuda do Nathan para manter o vizinho longe.

Preparada para mandar cuidar da vida dele, empurrei-o para que se afastasse e antes que as palavras de aviso saíssem da minha boca, a atenção foi toda para o homem que surgiu há pouco menos de um metro de nós. Foi a vez de um par de olhos azuis me analisarem por conta própria com um meio sorriso, com as mãos nos bolsos da calça jeans e o peito dele, coberto por uma camisa jeans, subiu e desceu com um longo suspiro.