Capítulo 9

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Depois do almoço na estância, Sara procurava Camila para discutir algo sobre os girassóis e a encontrou no escritório. Depois da discussão com Hailee, seu humor estava mais sombrio que nunca.

- O que está fazendo?

Camila se assustou com a presença da amiga.

- Estou fazendo a lista dos itens pra quebrar a maldição.

- Pensei que fosse apenas um item.

- Sim. Mas preciso juntar algumas coisas pra achar esse item.

- Precisa de ajuda?

- Acho que não.

- Como Dinah ficou sabendo tudo isso, afinal? – Sara perguntou.

- Quem que entende o método de trabalho daquela mulher? – Camila rebateu com um meio sorriso. – Ontem a noite ela me disse que sabia como quebrar a maldição e agora cedo me deu uma lista de itens.

- Quer me mostrar?

- Acho que não precisa. Não é tão difícil de achar.

Sara suspirou; reconhecia o comportamento evasivo de sua amiga, mas não sabia muito bem como abordar o assunto. Camila continuava fazendo a lista e procurando informações sobre onde procurar pelo item necessário, sem dar muita importância a presença de sua melhor amiga.

- Quando nós tínhamos 20 anos, você quebrou a luminária do mangueiro da fazenda dos meus pais. – Sara disse, finalmente. – Foi imediatamente contar pra eles, mas de mim você escondeu até quando pôde. Não quis me dizer, preferiu esconder a culpa que sentia por ter cometido um erro.

Camila finalmente parou de mexer nas coisas.

- Não tem nada mais normal do que cometer um erro, Camila.

- Você acha que eu deveria ter falado com ela durante esse tempo? – falou.

- É claro, Cami. Você simplesmente virou as costas pra ela, quem faz isso?

- Eu não vi outra alternativa. O que eu deveria fazer? Deixar ela presa a mim, alguém sem futuro e literalmente amaldiçoada?

- Eu entendo isso, mas essa decisão não era sua, não vê? - Camila ficou em silêncio - mas também não é justo com ela você voltar agora.

- Eu sei. Eu sei! E ela encontrou alguém tão... eu não posso fazer isso com ela.

Sara se aproximou e abraçou Camila por trás, a pressionando contra seu próprio peito.

- Eu preciso sair. – ela disse se afastando da amiga.

Na sala, gritou para Michel descer, pois ele iria ajuda-la. Saíram juntos em direção à praia, local onde precisavam encontrar o único item necessário para quebrar a maldição. Andando pela areia, atravessaram a floresta e se embrenharam na mata, o calor sufocante judiando dos dois.

Michel ia falando sobre amenidades ou sobre sua expectativa, mas Camila não respondia. Estava distante, pensativa. Quebrar a maldição era um passo importante na história de sua família, é claro, mas ao mesmo tempo traria de volta tudo o que foi vivido seis anos antes.

- É essa? – Michel chamou a atenção da sobrinha.

Camila se aproximou e ligou a lanterna para que o dia anoitecendo não atrapalhasse sua análise. Se abaixou ao lado da flor e visualizou suas pétalas impressionada. O item para quebrar a maldição era uma flor que crescia a beira do rio Araguaia. Era rara, tinha pétalas alaranjadas cor de neon. Era fascinante.

Araguaia - Pt. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora