Capítulo 27

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capítulo bem com gostinho de pós-eliminação ):


Camila abriu os olhos e sorriu ao focalizar o teto roxo. Nunca entenderia aquele gosto de Hailee, mas era estranhamente confortável ver aquele teto de cor esquisita. Se moveu na cama e ao virar-se para o outro lado percebeu Hailee ressonando baixinho de costas para si. Se aproximou e encaixou seu corpo atrás do dela – da melhor forma que conseguiu já que Hailee era muito maior do que ela. Tirou os cabelos dela de sua nuca e deixou um beijo carinhoso ali.

- Bom dia. – ela disse em um tom rouco que fez Camila suspirar.

- Não quis te acordar.

Ela disse e Hailee puxou sua mão até seus lábios para beijar.

- Não me acordou.

- Qual é a desse teto roxo? – Camila externou seus pensamentos.

Hailee riu e se virou na cama, conectando os olhares. Surpreendentemente os olhos dela estavam totalmente castanhos, claros feito mel. Camila franziu as sobrancelhas, nunca tinha visto aquele tom, mesmo que já tivessem acordado juntas.

- O teto roxo é coisa de filhinha de papai. Não lembra?

Camila revirou os olhos.

- Tinha esquecido, mas com certeza lembro. Como eu odiava quando você tinha uns ataques. – as duas riram. – Não tem vontade de mudar?

- Não. Apesar de todas as lembranças ruins que essa época me traz, é bom... pra lembrar do meu pai um pouco.

Camila apenas assentiu. Tinha compreendido, de fato, o que ela falava, mas também estava muito distraída com seus olhos. Não tinham nem um rastro de verde que sempre aparecia, mesmo que fosse só uma entonação.

- O que foi? – ela perguntou finalmente incomodada com o jeito que Camila a olhava.

- Seus olhos... estão castanhos.

- Eles são castanhos.

- Não, não são. – retrucou. – As vezes o verde quase some, mas tem sempre um rastro aí. Agora está totalmente castanho.

Hailee sorriu levemente, curiosa que Camila estivesse tão fissurada e incomodada com aquele detalhe tão bobo. Ela continuava encarando seus olhos com as sobrancelhas franzidas em confusão, tentando desvendar aquele grande mistério.

- Meu pai tinha uma teoria, quer ouvir?

- A não. – ela resmungou e se afastou fazendo Hailee rir e prontamente segurar seus braços para que ela não conseguisse se mover.

- Posso falar?

- Fala. – ela disse com uma das mãos cobrindo os olhos, fingindo sentir dor física só de ouvir falar sobre Pete.

- O verde é o caos, o castanho é a calmaria. Toda vez que tinha verde no meu olhar ele logo dizia que eu estava incomodada, estressada, chateada. As vezes conseguia até adivinhar, só olhando a cor dos meus olhos. Várias foram as vezes em que só ele percebeu que eu estava triste enquanto eu tentava esconder de todos.

- E o castanho?

- A calmaria. Quando eu estava em paz, meus olhos ficavam totalmente castanhos. Cor de mel.

Camila sorriu largamente.

- Quer dizer que está em paz agora?

- Você sabe que sim.

Ambas sorriram, aproveitando daquela proximidade o máximo que conseguiam antes de serem interrompidas por qualquer que fosse a desgraça que aconteceria.

Araguaia - Pt. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora