Oi (:
Hailee e Ava subiram correndo atrás de Camila preocupadas com o que estava acontecendo. Encontraram a mulher escorada no armário com a respiração descontrolada e a camisa aberta. Suas mãos tremiam e pela lateral de seu rosto era possível ver suor escorrendo.
- Mila... – Ava a chamou.
Ela não se moveu para responder.
- Eu não consigo...
Ava não sabia o que ela não conseguia, mas não precisou se preocupar com aquilo. Hailee tomou a frente e se aproximou para agarrar o tronco de Camila, as costas apoiadas em seu peito. Steinfeld respirava em seu ouvido lentamente e segurava Cabello firmemente em seus braços, como uma criança.
Ao vê-la se acalmar aos poucos, Ava deixou as duas sozinhas.
Quando ouviu a porta se fechando, Camila relaxou completamente. Conseguiu respirar fundo, sentindo de fato o ar chegar em todos os seus músculos, e apoiou a cabeça contra o queixo da mulher atrás de si.
- Quer que eu solte? – Camila negou com a cabeça. – Mas passou? – e Camila confirmou com a cabeça.
Aquele era um lado de Camila que era novo para Hailee. Ela sempre fora muito carinhosa consigo, mas aquela pessoa que tranquilamente se dispunha a ser vulnerável daquela forma era novidade. Uma novidade muito boa, inclusive, que dava a oportunidade de Hailee ficar ali, em silêncio, apenas sentindo o cheiro dos seus cabelos e os batimentos do seu coração.
- Obrigada. – Camila disse depois de muito tempo em silêncio.
- Isso já tinha acontecido?
- Uma vez. – respondeu sem se prolongar.
Camila se remexeu nos braços de Hailee, mas não deixou que ela a soltasse completamente. Ao invés disso, se virou de frente e voltou a escorar sua testa no queixo dela.
- Estou com medo, Haiz. Estou apavorada.
- Eu sei.
- A cada vez que ele aparece é pra me lembrar do quão frágil nós estamos aqui. Ele estava aqui! Na porta da nossa casa! E se Dinah não estivesse aqui? E se tivesse apenas Sinu aqui?
Ela ia dizendo degavar, como se a cada hipótese que dizia sua mente trabalhasse para montar aquele cenário. Era doloroso.
Hailee acariciava seus cabelos. Depois de sentir a respiração de Camila se acalmar mais uma vez, ela estreitou o abraço e passou a caminhar até a cama, obrigando-a a acompanhar. Sua ideia era apenas sentarem, mas Camila resolveu que queria deitar em seu peito.
- Não acho que você deva ficar criando essas hipóteses na cabeça. Estamos trabalhando dentro do possível, o que quer que aconteça de extraordinário é fora do seu controle. E também não é sua responsabilidade.
Camila abriu um sorriso amargo.
- Qualquer coisa que aconteça é minha responsabilidade. Sofia é minha irmã.
Hailee soltou um suspiro insatisfeito o qual, mesmo que Camila não visse seu rosto, sabia que ela estava se irritando com aquele assunto.
- Eu sei que você se cobra pelo tempo que passou longe e pelo que aconteceu com ela quando ela era bebê. Mas você mesmo disse, você é irmã dela, não a mãe. Você está fazendo a sua parte, não se cobre tanto.
Camila não respondeu.
- Eu sei que isso é impossível pra você.
Cabello explodiu em uma gargalhada alta. Não respondera nada apenas por não querer contrariar Hailee, mas ela estava pedindo o impossível, Camila nunca deixaria de se cobrar.
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Araguaia - Pt. 2
أدب الهواةSeis anos depois, Camila finalmente cumpre sua promessa de voltar ao Araguaia. Novamente seu destino é entrelaçado ao de Hailee e ambas precisam lidar com suas feridas do passado ou, pelo menos, conviver com elas. Nesse caminho, talvez as duas pudes...