Capítulo 22

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Oi (:



Hailee e Ava subiram correndo atrás de Camila preocupadas com o que estava acontecendo. Encontraram a mulher escorada no armário com a respiração descontrolada e a camisa aberta. Suas mãos tremiam e pela lateral de seu rosto era possível ver suor escorrendo.

- Mila... – Ava a chamou.

Ela não se moveu para responder.

- Eu não consigo...

Ava não sabia o que ela não conseguia, mas não precisou se preocupar com aquilo. Hailee tomou a frente e se aproximou para agarrar o tronco de Camila, as costas apoiadas em seu peito. Steinfeld respirava em seu ouvido lentamente e segurava Cabello firmemente em seus braços, como uma criança.

Ao vê-la se acalmar aos poucos, Ava deixou as duas sozinhas.

Quando ouviu a porta se fechando, Camila relaxou completamente. Conseguiu respirar fundo, sentindo de fato o ar chegar em todos os seus músculos, e apoiou a cabeça contra o queixo da mulher atrás de si.

- Quer que eu solte? – Camila negou com a cabeça. – Mas passou? – e Camila confirmou com a cabeça.

Aquele era um lado de Camila que era novo para Hailee. Ela sempre fora muito carinhosa consigo, mas aquela pessoa que tranquilamente se dispunha a ser vulnerável daquela forma era novidade. Uma novidade muito boa, inclusive, que dava a oportunidade de Hailee ficar ali, em silêncio, apenas sentindo o cheiro dos seus cabelos e os batimentos do seu coração.

- Obrigada. – Camila disse depois de muito tempo em silêncio.

- Isso já tinha acontecido?

- Uma vez. – respondeu sem se prolongar.

Camila se remexeu nos braços de Hailee, mas não deixou que ela a soltasse completamente. Ao invés disso, se virou de frente e voltou a escorar sua testa no queixo dela.

- Estou com medo, Haiz. Estou apavorada.

- Eu sei.

- A cada vez que ele aparece é pra me lembrar do quão frágil nós estamos aqui. Ele estava aqui! Na porta da nossa casa! E se Dinah não estivesse aqui? E se tivesse apenas Sinu aqui?

Ela ia dizendo degavar, como se a cada hipótese que dizia sua mente trabalhasse para montar aquele cenário. Era doloroso.

Hailee acariciava seus cabelos. Depois de sentir a respiração de Camila se acalmar mais uma vez, ela estreitou o abraço e passou a caminhar até a cama, obrigando-a a acompanhar. Sua ideia era apenas sentarem, mas Camila resolveu que queria deitar em seu peito.

- Não acho que você deva ficar criando essas hipóteses na cabeça. Estamos trabalhando dentro do possível, o que quer que aconteça de extraordinário é fora do seu controle. E também não é sua responsabilidade.

Camila abriu um sorriso amargo.

- Qualquer coisa que aconteça é minha responsabilidade. Sofia é minha irmã.

Hailee soltou um suspiro insatisfeito o qual, mesmo que Camila não visse seu rosto, sabia que ela estava se irritando com aquele assunto.

- Eu sei que você se cobra pelo tempo que passou longe e pelo que aconteceu com ela quando ela era bebê. Mas você mesmo disse, você é irmã dela, não a mãe. Você está fazendo a sua parte, não se cobre tanto.

Camila não respondeu.

- Eu sei que isso é impossível pra você.

Cabello explodiu em uma gargalhada alta. Não respondera nada apenas por não querer contrariar Hailee, mas ela estava pedindo o impossível, Camila nunca deixaria de se cobrar.

Araguaia - Pt. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora