Capítulo 11

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Xifeng invadiu o pavilhão estrelar à passos pesados e longos, enquanto as coisas ao seu redor congelavam à medida que ele passava. Huiqing aproximou-se dele após cruzar o arco da porta que dava ao salão repleto de estantes com livros e mais livros contendo todos os destinos dos seres do universo. O deus celestial das estrelas alcançou Xifeng com a mesma velocidade em que ele congelava tudo ao redor, tornando o lugar tão inóspito quanto os vales de gelo do mundo mortal.

— Ei, ei, acalme-se, não transforme meu pavilhão em uma pedra de gelo só por que está irritado!

Huiqing girou seus pulsos e derreteu o gelo ao redor fazendo as piras de prata voltarem a iluminar e aquecer o lugar. O teto pingou conforme o círculo aberto desembaçava à medida que o gelo se desfazia. As estrelas do universo retornaram a ser visíveis e apenas por precaução, Huiqing as expandiu através da abertura no teto, verificando tudo conforme suas luzes iluminavam todo o salão do pavilhão como um show de luzes. Xifeng espirou pesado sentindo-se incomodado com o silêncio da divindade, ele detestava sempre que ele o ignorava pois sabia que ele entendia que a raiva que ele nutria era de alguma forma relacionada a ele.

— Não adianta ficar como uma estátua me encarando, já disse que não posso fazer nada.

Xifeng permaneceu intacto, seu olhar analisando cada parte do rosto do deus.

— Huiqing! — As veias do pescoço de Xifeng saltaram e seu rosto, tão habitualmente pálido, tornou-se vermelho à medida que todos os vasos e objetos nas prateleiras entre as pilastras de mármore do salão vibravam.

— Olha, eu já tentei, eu estava agora mesmo checando o livro dela pela milionésima centésima quarta vez e o destino dela permanece o mesmo!

— Então atrase a morte dela, dê a ela ao menos mais 5 anos, até ela conquistar o sonho dela, então eu vou aceitar sem reclamações e não vou incomoda-lo novamente por cem mil anos.

As mãos de Xifeng tremeram, então ele cerrou os punhos e suavizou seu rosto e seu tom de voz. Huiqing por sua vez permaneceu o mesmo, mas parou e deslizou o olhar das estrelas para o deus do inverno que parecia tremer pela primeira vez em sua vida.

— Por quanto tempo você vai continuar com isso? Senhor, já se foram cinco anos, eu atrasei a morte dela o quanto pude, atrasa-lo mais vezes só vai piorar e tornar o destino dela mais violento. Da última vez uma vida que nem deveria ter existido, para começo de conversa, morreu antes mesmo de nascer e outras vidas foram levadas antes da hora. Não posso condenar mais vidas por ela, é o destino dela morrer.

— Nos dê mais um ano, eu a trarei de volta, só me dê mais um ano... Uma imortal do submundo a levou...

Huiqing sentiu a voz sumir. As luzes do salão diminuíram por alguns instantes antes do deus das estrelas recobrar os sentidos. Sem dizer nada ele deu meia volta, retornou ao salão do destino e saiu dele com um livro antigo de capa amarelada em mãos.

— Ela não deveria ter contato com nenhum imortal...

— Pois é, mas teve e ela quase morreu! Se eu não estivesse ao lado dela ela teria morrido!

— Vá, ela não tem muito tempo, eu vou dar mais um ano a ela...

Xifeng deu meia volta e a passos largos afastou-se de Huiqing, mas antes que abandonasse o pavilhão ele foi capaz de ouvir sua voz com clareza.

— Não será seguro para ela ficar sozinha, há mais previsões de morte para ela do que posso ser capaz de evitar, eu posso atrasar o destino, mas nunca serei capaz de mudá-lo. 

As Mil Reencarnações de ChunhuaOnde histórias criam vida. Descubra agora