Cap 1

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Godrics Hollow - 1899

Mais um verão havia chegado e eu tinha a ideia de, neste ano, fazer uma viagem com meu amigo, Elifas Doge. Porém, devido a um acidente, fui obrigado a mudar todos os meus planos.

Foi mais do que doloroso chegar em casa e ver minha mãe morta nos braços de meu irmão, enquanto minha irmã chorava num canto da sala, sentada e encolhida cobrindo o rosto com as mãos.

Abandonados, pensei.
Já havia perdido meu pai e agora minha mãe, não sabia se conseguiria suportar a dor.
Mas, independente se conseguiria suportar ou não, eu tinha que permanecer firme; eu era o mais velho agora e, consequentemente, o responsável por meus irmãos.

_______________________________________

Passada 1 semana desde o enterro da minha mãe, as coisas começaram a voltar ao normal. Eu estava tomando conta de tudo, cuidando dos meus irmãos e, sinceramente, eu estava surpreso comigo mesmo, não imaginava que conseguiria ter tudo sob controle da forma como estava tendo. Até Aberforth, que geralmente só sabia reclamar e me importunar, estava colaborando comigo.
[...]

-Hey adivinhem o que eu trouxe.-Falei enquanto passava pela porta com as sacolas em mãos.

-Arrogância e ego inflado. - Aberforth murmurou e tirou os olhos de seu livro, me fitando com um sorriso cínico no rosto.

-Abe! Não fale assim com o Albus.

Ariana repreendeu com aquela voz fina e meiga que sempre arrancava um sorriso de meus lábios, eu adorava quando ela me defendia, embora eu soubesse que o preferido sempre foi o Aberforth.

-Estou mentindo, Ari? Vc sabe que o Albus pode ser bem arrogante quando quer e-

-Torta de limão. -Respondi finalmente, evitando que Aberforth começasse a me alfinetar ainda mais.

-Nossa favorita! -A mais nova respondeu empolgada e se levantou do sofá para vir me ajudar com as sacolas. -Olha, Albus, o Aberforth fez o jantar.

-Que milagre, tendo em vista que Aberforth não arruma nem o próprio quarto, estou impressionado.

-Já disse pra não entrar no meu quarto, Albus!

-Alguém tem que arrumar a casa irmãozinho.-Retribui o sorriso cínico enquanto o mais novo apenas me encarava sem emoção.
[...]

Depois do jantar, meus irmãos foram para a sala, enquanto eu arrumava a cozinha, Ariana e Aberforth ficaram jogando xadrez de bruxo até eu terminar tudo, e logo depois me juntei a eles para lhes fazer companhia.
Demoramos mais um pouco, jogando conversa fora, até que decidimos que que já estava na hora de dormir; garanti a Aberforth que conseguia colocar a mais nova na cama e ele, com certa relutância, concordou.

-Está confortável, Ari? Quer alguma coisa? -Perguntei enquanto ajeitava os lençóis da cama.

-Na verdade eu quero sim... Vc poderia me contar a história dos "Três Irmãos" ?

-Claro. Sabe, essa é a minha história favorita. -Dei um sorriso meigo para Ariana enquanto me levantava para pegar o livro.

Embora Ariana já estivesse com seus 14 anos completos, ela ainda se portava como uma criança de 7 anos.
Isso se deve ao fato de que: naquela mesma época, três garotos trouxas a viram fazendo magia, eles passaram pelo nosso jardim enquanto estávamos almoçando em casa e a encurralaram. Os garotos mandaram Ariana fazer o truque de mágica novamente, porém, como qualquer outra criança que tenha nascido com poderes mágicos, ela também não sabia controlá-los com aquela idade.

Os garotos ficaram assustados e, por Ariana não conseguir mostrar a eles sua magia, ela foi repreendida de forma violenta. Foi agredida. Meu pai ficou furioso e correu por toda a vila atrás daqueles adolescentes, ele se vingou deles e por esse motivo, Percival Dumbledore, vulgo meu pai, foi mandado para Azkaban.

Nós mudamos, eu, meus irmãos e minha mãe, fomos para Godrics Hollow, bem longe do local onde morávamos antes. Naquela mesma época percebemos que Ariana estava mais instável do que o normal, mais emocionada do que o normal, além de estar sentindo mais medo do que o normal.
Ela estava reprendendo sua magia, estava perdendo o controle, ela não queria mais usá-la, pois estava com medo. Com o pouco conhecimento que eu tinha sobre esse assunto -naquela época- eu tinha uma ideia de qual seria o resultado.

Minha irmã virou um obscurial (uma força instável que explode, ataca e desaparece). Nós tivemos que escondê-la dentro de casa, raramente ela saía conosco e isso se tornou parte da rotina assim que parti para o meu 2°ano em Hogwarts.

Bom, esse é o motivo de Ariana ser assim, meiga e calma a maior parte do tempo e, parecer ainda uma criança. Embora nos momentos de nervosismo ela possa ter uma crise e virar uma névoa preta que causa destruição por onde passa.
[...]

-Depois de muito tempo, o 3° irmão retirou a Capa da Invisibilidade e entregou ao seu filho, e então se permitiu ser levado pela Morte, acolhendo ela como uma velha amiga.

-Vc acha que essas relíquias existem, Albus?

-Sinceramente, Ari? Eu acho que existem sim.

-Se eu pudesse escolher uma, seria a Pedra da Ressurreição.

-Por que?

-Porque assim eu poderia trazer a mamãe e o papai de volta... Eles morreram por minha causa. -Nesse momento meus olhos marejaram. A voz dela havia saído embargada.

Coloquei o livro em cima da cômoda e puxei a mais nova para um abraço muito apertado, eu sabia que ela estava chorando, eu também estava. Acabava que men doía ver que ela se culpava pelo o que aconteceu.

-Ari, me escute bem porque eu irei falar apenas uma vez, ok? -Ela permaneceu com a cabeça em meu ombro e em silêncio. -Vc não teve culpa do que aconteceu, nem com a mamãe, nem com o papai. Eles também sabem que vc não teve culpa e ficariam muito tristes por ver que vc pensa assim. Eles te amavam muito e ainda te amam, sabe por quê?

-Não...

-Porque quem nos ama nunca nos deixa de verdade. Eles sempre estarão com vc, comigo e com o Aberforth, bem aqui. -Finalizei afastando-a um pouco e colocando o dedo indicador em seu coração. -Tudo bem?

-S-sim... Ahh, Albus? -Comecei a fita-la com expectativa. -Qual relíquia vc escolheria?

-Ahh acho que... A Varinha das Varinhas, ela é muito poderosa.

-E a Capa da Invisibilidade?

-Deixamos essa para o Aberforth, afinal ele é não ala muito bonito, então seria até um favor ele ficar invisível. -Dei um sorriso divertido ao ver Ari rindo do meu comentário.

-Seu bobo! Vcs dois são muito parecidos. -Brinquei lançando um olhar indignado.

-Eu sou mais bonito. Agora preciso ir pro meu quarto... Boa noite, Ari, eu te amo.

-Eu também te amo, Albus. -Dei um beijo em sua testa e então me levantei pra sair do quarto.

-Nox!

Disse apontando a varinha para dentro do quarto e logo as luzes se apagaram. Saí dali fechando a porta e fui para o meu quarto descansar.

Grindeldore - My Gift and My CurseOnde histórias criam vida. Descubra agora