Cap 2

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Fui o primeiro a acordar da casa, desci e, logicamente, comecei a preparar o café para mim e para os meus irmãos. Aberforth acordou um pouco depois e desceu pra ficar junto comigo.

-Bom dia, Albus. - Cumprimentou se encostando na bancada da cozinha, ficando ao meu lado.

-Bom dia, Abe. Ari já acordou?

-Ainda não, vou deixar ela dormir mais um pouco. -Assinto com a cabeça. -Sabe, Albus, eu tô impressionado de verdade, vc realmente tá cuidando de tudo.

-Lembra quando eu disse que ia cuidar de tudo, Abe? Eu realmente não sei o que vc estava esperando que fosse acontecer além disso.

-É que, Albus, vc sempre ficava isolado no quarto quando vínhamos pra casa. Mal dava atenção pra gente, eu pensei que dessa vez não ia ser diferente.

Tá bom, eu realmente fazia isso, eu realmente ficava trancado em meu quarto a maior parte do tempo quando voltava pra casa. Mas não era porque eu me achava melhor do que eles, por Merlin, não.

Acontece que quando vc, o homem da família, começa a sentir atração por garotos, vc sabe que está no mínimo encrencado. Aberforth costumava falar de suas namoradas na mesa de jantar, é óbvio que minha mãe perguntava repetidas vezes se tinha alguma garota que eu gostava na escola e eu sempre dizia que não.

Mas tinham garotos.

Porém, para a minha infelicidade, ou não, eu nunca me apaixonei. Eu nunca me aproximei de algum outro garoto -desse modo. E embora seja vergonhoso pra mim tentar admitir isso, eu nunca beijei ninguém. Um jovem de 18 anos que nunca beijou outra pessoa, isso era o que me fazia ficar decepcionado comigo mesmo.

-Olha, Abe, esqueça tudo que aconteceu nos últimos anos. Eu prometo que vou mudar por vc e pela Ari, ok? Na verdade, já estou mudando, por vcs dois.

-Eu acredito em vc, Albus. Mas olha, nós somos irmãos e eu sei que vc esconde alguma coisa, eu sei faz tempo... O que eu quero dizer é que, justamente por sermos irmãos, vc pode confiar em mim pra me contar o que tá acontecendo. Vc não tem que lidar com tudo sozinho.

-Eu agradeço, é sério, mas tá tudo bem. Estou perfeitamente bem. Agora sobe lá pra acordar a Ari, eu já estou terminando aqui.

Aberforth subiu as escadas para ir ao quarto da mais nova e eu terminei de pôr a mesa. Fiquei debruçado na janela da sala, observando o pouco movimento do vilarejo àquela hora da manhã.

Mas uma coisa me chamou atenção, Batilda, a minha vizinha, geralmente ela não sai de manhã. Mas ela estava ali fora, ajudando um garoto com algumas malas.

"Morador novo."

A vergonha tomou conta de mim naquele momento, eu estava prestando atenção nos vizinhos. Eu não sou de fazer isso, pelas barbas de Merlin, que coisa mais ridícula. Voltei imediatamente pra dentro da sala e por sorte, bem na hora que Ari e Abe estavam descendo.

Tomamos o café e então arrumamos a cozinha juntos, Ari disse que iria para o jardim juntar algumas flores enquanto Abe estaria cuidando de seus bodes.

Sim, meu irmão cuidava de bodes. Mal sabia ele que depois que ele fosse pra Hogwarts, eu me livraria de todos eles. Eu podia fazer muitas coisas, mas cuidar de bichos não era uma delas.

-Vou dar uma volta pelo vilarejo, volto antes do almoço. Até depois. -Digo enquanto caminhava até a porta.

O vilarejo estava calmo hoje, geralmente neste horário as ruas já se encontram cheias de bruxos tanto mais velhos, quanto jovens, conversando, passeando, fazendo compras. Mas hoje não. Hoje estava relativamente calmo.

-Albus, querido! Venha até aqui! -Batilda praticamente gritou na hora que estava passando na frente de sua casa. -Venha até aqui querido.

"Pelas barbas de Merlin, o que essa mulher quer agora? Já ajudei ela com as compras ontem!"

Mentalmente eu estava resmungando, mas por fora eu estava apenas dando um sorriso fechado. Andei até a casa da historiadora meio acanhado, só faltava ela querer que eu lhe ajudasse a arrumar a casa para o seu encontro com as outras historiadoras de Godrics Hollow.

-Sim, Sra.Bagshot, no que posso lhe ser útil neste dia radiante? -Perguntei com um certo deboche enquanto ela beijava minhas bochechas.

-Não é nada demais querido. É que meu sobrinho neto, Gellert, acabou de chegar aqui na vila e ele não conhece ninguém.

"Tá e o que exatamente eu tenho a ver com isso? Isso não é problema meu."

-Deixa eu adivinhar, a senhora quer que eu socialize com ele?

-Eu sabia que podia contar com vc! E como eu preciso ir a feira, pode ficar a vontade, ele está na sala. -Ela deu espaço pra mim passar e me deixou ali, com a maior cara de tacho que eu poderia ter.

"Ok, vamos acabar logo com isso. Não pode ser tão ruim, pode?"

-Ah oi... Muito prazer eu sou o Albus Dumbledore, sua tia disse que vc chegou há pouco tempo. -Disse assim que entrei na sala.

-Oi, Albus, muito prazer me chamo Gellert Grindelwald. E sim, eu sou novo por aqui, vim pra cá para fazer uma pesquisa. Sente-se. -Ele indica a poltrona à sua frente e eu ando até ela, me sentando logo em seguida.

"Tá bom, ele é bem atraente."

-É especialista em algo?

-Ahh é só um estudo, sobre algumas lendas e artefatos antigos. Nada demais, mas e vc? Trabalhando ou estudando alguma coisa?

"Legilimencia, controle dos elementos, origem das Fênix, história dos trouxas e as Relíquias da Morte. Já está bom pra vc?"

-Na verdade, nada de muito especial, apenas matando o tempo com alguns livros.

-Vc se importaria de me mostrar a vila, Albus? Não quero tomar seu tempo, de forma alguma, mas-

-Não vai tomar, vamos, vou te apresentar Godrics Hollow.

"Aberforth vai me matar."

Grindeldore - My Gift and My CurseOnde histórias criam vida. Descubra agora