Cap 13

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Aberforth On

-Uma viagem? Como assim viagem, Albus?- Perguntei irritado enquanto o seguia pelo corredor dos quartos. -Vc nem pense que vai levar a Ariana numa viagem, ainda mais com aquele imbecil!

-Eu já disse que vou cuidar dela, Abe. Tem que confiar em mim.

Ele respondeu enquanto descia as escadas e ia para a cozinha.

-Eu confio em vc, Albus, mas não confio no Gellert. -Respondi e balancei a cabeça em negação. -Não vão sair em viagem nenhuma.

6 semanas, esse era o tempo que faltava para mim voltar à Hogwarts. E agora Albus simplesmente decidiu que sairia em viagem e que levaria nossa irmã junto, mesmo sabendo das limitações dela.

-Está nos nossos planos, Abe. Estamos organizando tudo já... É pelo Bem Maior.

-Bem o que? Bem Maior? Que droga é essa?

Cruzei os braços emburrado, me encostando na bancada, vendo Albus se virar e apoiar ambas as mãos na pia.

-É o futuro, Abe. Imagine um mundo onde nós bruxos não teríamos mais que viver nas sombras, não teríamos mais que viver com medo dos trouxas. É nisso que eu e Gellert estamos trabalhando.

-Nós não temos medo dos trouxas, Albus. Nós nos mantemos no anonimato porque essa é a lei.

-Lei? Uma lei que nos obriga a viver nas sombras. Uma lei que nos obriga a mentir sobre nossa verdadeira natureza. Uma lei que nos submete à humilhação, Abe. Agora eu pergunto, quem essa lei protege? Nós ou eles?

-Não é questão de quem essa lei protege, Albus. Essa lei... Impede que tragédias aconteçam, como Ariana e outras crianças iguais a ela.

-Mas não precisa ser assim. Podemos mudar isso, Abe, mudar nossa forma de viver. Não consegue imaginar bruxos e trouxas vivendo em harmonia?

-Os trouxas não entendem nosso mundo, vc sabe disso, vc sempre disse isso.

Rebati o encarando incrédulo, afinal, Albus nunca falava desse jeito.

-Ah, quer saber? Falamos sobre isso depois. -Fui andando até a porta desanimado e dando uma última olhada no meu irmão. -Não deixe o Gellert mudar vc, Albus. E vc não vai levar ela para a sua viagem.

Avisei fechando a porta com força e comecei a andar até a casa de Anne. Com as mãos nos bolsos, não prestando muita atenção nas pessoas que passavam por mim naquele início de manhã.
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Albus On

Suspirei decepcionado ao ver Aberforth sair e me virei, começando a pegar as coisas para o café da manhã, que pelo visto seria só eu e a Ari.

-Por que tão difícil? -Perguntei num sussurro enquanto colocava a chaleira no fogo.

-Bom dia, Albus.

Me virei pra Ari, vendo ela se sentar a mesa e abrir um sorriso pequeno pra mim. Sorri de volta e peguei o pacote de pão no armário e o pote de geleia de uva, colocando na mesa pra ela.

-Como vc está, Ari? -Perguntei enquanto lhe entregava uma faca e uma colher. -Dormiu bem?

-Eu estou com dor de novo, Albus... Dor no corpo. -Ela respondeu esticando os braços mostrando algumas marcas escuras em sua pele. -Por que isso está voltando?

Era o obscurial. Controlar tal força, reprimir tal energia dentro de si por tanto tempo, não permitindo que saísse, causava dor a Ariana. E o mais trágico era que, mesmo sabendo disso, eu não conhecia nenhuma magia que fosse capaz de amenizar seu sofrimento.

Grindeldore - My Gift and My CurseOnde histórias criam vida. Descubra agora