What started in beautiful rooms

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Pov Bucky (1ª Pessoa)

Eu tinha acendido apenas uma vela que havia encontrado em cima da mesa de centro pra não ficar completamente no escuro. Havia chegado faziam dez minutos e estava ficando impaciente. Nada naquela situação estava me agradando. Ficar no apartamento de alguém que eu nem conhecia. Ter que ficar nos Estados Unidos onde as pessoas que tinham alguma estima por mim não estavam. Ter que lidar com... ela.

Aperto a ponte do meu nariz e expiro forte, deixando minha cabeça apoiada no encosto do sofá. Porque ela tinha que ficar aqui comigo hoje? Quando a perguntei ela ficou tão... evasiva. E então eu percebo que estava me preocupando com isso mais do que eu deveria. Aliás, não é problema meu. Vamos encontrar a mãe e ir embora. Quem sabe eu poderia voltar pra Wakanda e continuar em paz. Pelo menos a minha mente estava livre. Eu estava livre.

Ouço a porta debaixo se abrir e sussurros femininos se procederem, me deixando em alerta. Por algum motivo sinto minha pele ficar tensa e faltar umidade na minha boca. Estou nervoso. Porque estou nervoso, porra? São só garotas. Mulheres. E S/N disse que elas não ficariam. Isso me deixava mais tranquilo, mas e se ela quisesse sei lá... me mostrar pra elas? Meu deus, estou ficando maluco.

Ouço pequenos passos subindo as escadas. Apenas de uma pessoa. Expiro forte e me sinto melhor, até por os olhos no rosto assustado e desconfiado dela. De primeira ela não olha pra mim e só fica observando os arredores, parecendo estar com a respiração presa. Vejo a luminosidade nos seus olhos, parecendo mais úmidos que deveriam. Meu peito se aperta com isso. Porque meu peito está se apertando?

- Então você vai dar uma de babá? - Digo, provocando-a, querendo que aquilo a distraia seja lá de onde os pensamentos dela estão. Percebo seu corpo dar um pulo, a mão no coração conforme ela me encara com os olhos arregalados. Tenho que me segurar para não sorrir, então me limito a cruzar os braços e levantar uma sobrancelha.

- Um boa noite seria mais adequado não? Seguido por um agradecimento por ser meu hóspede.- Ela devolve, revirando os olhos e deixando a bolsa de mão em cima da bancada da cozinha americana. Meus olhos escorregam pelo seu corpo, gostando até demais de como aquele vestido aperta suas curvas. Como a cintura fina fica em destaque, o quadril largo com as coxas grossas sendo um espetáculo a parte. Ela se equilibra pra tirar os saltos e umideço os lábios ao ver os seios apertados naquele decote. Apesar de tudo, ela parece um anjo. A porra de um anjo. Não sei o que é, talvez a cor clara da roupa ou aqueles olhos castanhos que pareceram ter me pegado de jeito desde que a encontrei na festa. Aquilo estava me perseguindo. Aquilo estava deixando todo meu corpo desperto. Eu não estava gostando nada daquilo. - Vai ficar só olhando ou vai fazer alguma coisa, Barnes?- Pisco rápido e encontro os olhos dela em mim, o sorriso zombeteiro na boca. Eu já estava me acostumando a ele. Sinto uma fisgada abaixo do meu abdomem, mas ignoro. Ela é abusada e isso estava me tirando do sério. Em vários sentidos.

- Você não vai gostar nada se eu fizer algo, S/N. Tire isso da sua cabeça. - Devolvo, me recriminando por entrar na dela. Não estou aqui pra nada nem parecido com isso... então porque não consigo segurar a minha língua? Ela levanta as sobrancelhas e seu sorriso aumenta. Quero xingar, porque eu sei que só deixei tudo pior. Eu a desafiei e sei pelo seu olhar, que ela está gostando daquilo. Observo-a se aproximar, sem os saltos, o cabelo solto nas costas, a boca avermelhada com pouco do batom sobrando agora. Merda. Me ajeito no sofá, tentando acalmar tudo que estou sentindo.

- Você acha que está na minha cabeça, soldado? O que te faz pensar assim, hum? - Ela franze de leve os olhos e para bem a minha frente, suas coxas quase encostando nos meus joelhos separados. Meu coração acelera e dou um pequeno sorriso. Porra. Ela não vai parar. Me levanto e isso nos faz ficar a míseros centímetros de distância. Ela tem que levantar a cabeça pra olhar pra mim, o que só aumenta meu sorriso ainda mais. Como está com a expressão ousada, sem medo, me desafiando mesmo com toda a suavidade que exala.

- Porque estava ofegante, S/N? - A encaro, sabendo que ela sabe que eu sei a resposta. Vejo-a franzir os lábios em desagrado, mas sem perder a compostura.

- Está morrendo pra saber se eu penso em você, não é? Não sabia que era assim tão carente. - Ela sorri em escárnio e me dá um impurrão repentino, me fazendo cair sentado no sofá. Levanto as sobrancelhas em surpresa e ela para entre as minhas pernas separadas dessa vez. Seu corpo se inclina contra o meu e eu me afundo nas costas do sofá, não gostando mais daquele jogo. O que ela estava fazendo comigo? - Você acha que eu tenho medo de você, soldado? Não, não. Pelo contrário.- Ela se aproxima ainda mais e segura minhas bochechas um uma mão, apertando meu rosto. Estou ofegante. Sei que posso tirá-la facilmente daquela posição. Sei que posso fazer que ela não encoste em mim em segundos. Mas por alguma razão não faço. Por alguma razão, deixo que ela termine o que tem pra falar. - Eu acho que você é que tem medo, medo que eu não vá parar. Medo de até onde eu posso ir. Está tão acostumado a estar no controle... - Quando ela diz a última frase, seguro seu pulso com suavidade e afasto sua mão, olhando bem nos seus olhos.

- Acredite, eu nunca estive no controle. Nem de mim mesmo.- Minhas palavras fazem o sorriso dela desaparecer. Sei que meu tom foi seco e acabou com qualquer clima. O que é bom. Nada disso, nada disso pode acontecer. Essa brincadeira é perigosa. Inapropriada. Não vai fazer bem nem pra ela nem pra mim. Porque, mesmo nos meus sonhos mais loucos, não é como se eu pudesse ficar. Ficar com ela, ficar com alguém. No final do dia eu durmo com a certeza que vou ficar sozinho.

illicit affairs | bucky barnesOnde histórias criam vida. Descubra agora