And longing stares

27 2 84
                                    

Você estava correndo. Correndo por um campo cheio de lavanda, com seu vestido branco e os cabelos soltos. Você pulava pelas pedras e desviava das árvores com agilidade. Apesar do chão estar cheio de musgo e as plantas rodearem o caminho, estava parecendo um conto de fadas. Você olha ao seu lado e vê um homem correndo pra te alcançar, mas não sente medo. Quando o rosto entra em foco, você percebe que é seu primeiro amor. O primeiro homem que foi sua obsessão e média de comparação para todos os outros. Edward Cullen.

Uma voz na sua cabeça começa a questionar: "Eu tô sonhando com Crepúsculo?", mas você não quer que o sonho acabe, então fica se agarrando a aquela inconsciência, onde a bela imagem se desenrola diante dos seus olhos. Um som agitado e abafado começa a soar do seu lado, uma voz rouca dizendo coisas que você não entende. Aquele quadro pintado na sua imaginação começa a escurecer e uma preocupação genuína cresce em seu peito. "Porque estou preocupada?", você se pergunta. Aliás, qual poderia ser a fonte do som? Será que deixou a televisão ligada?

Você percebe que alguma urgência dentro de si vai te tirando do sonho, te acordando para o que quer que for. Conforme começa a piscar os olhos, a realidade vai te atingindo e você vai lembrando tudo que havia acontecido na última noite. Seus olhos se abrem rapidamente e o som já não está mais abafado quando você se vira para o lado.

Bucky está tremendo e com o cenho franzido, encolhido na cama parecendo indefeso. Seus olhos se mexem nervosamente por debaixo da pálpebra conforme a boca dele se mexe, murmurando palavras desconexas. Você consegue ouvir ele repetindo "não, por favor", algumas vezes. Seu coração se aperta com a visão.

Você encosta uma mão no braço dele e faz uma pequena carícia, sentindo a pele levemente fria. Ele não havia se tapado com a coberta. Homem teimoso.

- Bucky? Bucky, acorda. - Sua voz sai sussurrada, mas por algum motivo isso piora a situação. A voz dele começa a ficar um pouco mais alta e urgente, fazendo seu coração disparar. - Bucky, por favor. É só um pesadelo. Bucky, acorda. - Você leva uma mão ao cabelo dele e tira a mexa que havia grudado na testa molhada de suor. Seu coração se quebra quando o rosto dele se enclina ao toque e ele se aproxima, circundando sua cintura com um braço e deitando a cabeça no seu peito.

- Me desculpe. Não... não me deixe. Por favor. Não... não me deixe sozinho. - As palavras saem frenéticas e desesperadas da boca dele, fazendo seu estômago se revirar e seu peito ficar tão pesado de tristeza, que você se pergunta os horrores que estavam passando dentro daquela cabeça. Sua mão começa a fazer carinho no cabelo dele enquanto a outra levanta a barra da coberta que estava usando e o cobre. Depois de fazer um verdadeiro malabarismo, ele finalmente esta tapado e parece ter se acalmado.

- Princesa, está tudo bem aí? - A voz de Tony soa preocupada do outro lado da porta e toda sua atenção é redirecionada a isso. Seu coração dispara tanto que quase sai pela boca. Mas o que te assusta de verdade não é a possibilidade de ele entrar e pegar Bucky ali (apesar disso quase te fazer cagar nas calças), mas sim o soldado que levou a mão a arma que havia escondido em algum lugar e estava apontado para a porta enquando te abraçava mais forte com o braço livre.

Seus olhos se arregalam com o movimento rápido de Bucky ao acordar no modo ataque, vendo o olhar gélido dele fixo na madeira branca que separava ele do seu padrinho.

- Bucky, não. Abaixa a arma! - Você sussurra e põe uma mão no peito dele. Seus olhos se enchem de lágrimas e todo seu corpo está desperto, quase em pânico. Ele te olha meio confuso e parece que começa a se dar conta da situação.

- O... o que tá acontecendo? - Ele questiona, meio perdido, parecendo ainda não ter acordado direito. Você coloca o dedo indicador nos lábios, pedindo silêncio enquanto tenta arrancar alguma coisa do seu cérebro pra tirar seu padrinho dali.

- Tive um pesadelo, padrinho. Desculpe se te acordei. - Você fala alto, fazendo Bucky olhar pra porta em alerta denovo. Você coloca a mão no braço de metal dele, tentando forçar que ele abaixe a arma, mas não consegue nem mover 1 centímetro.

- Você quer alguma coisa? Posso te contar uma história pra dormir também. - Você consegue ver o sorriso no rosto dele, apesar de preocupação estar ali também. Seu coração se aperta pela quinta vez em dez minutos, te fazendo fechar os olhos e respirar fundo.

- Eu estou bem, padrinho. Só preciso voltar a dormir. Obrigado... - Sua voz se embarga no final e você se pergunta quando virou aquela bagunça emocional.

- Tudo bem, meu amor. Qualquer coisa, estou na sala. Boa noite. - Você ouve os passos dele se afastando e relaxa na cama, sentindo uma lágrima escorrer. Porra. Sem se dar conta muito bem do que está fazendo, você vira em direção ao peito de Bucky e afunda a cabeça ali, tentando acalmar a respiração e as emoções, pois sentia que podia abrir o berreiro a qualquer momento.

Você sente uma mão gelada encostar na sua cabeça e começar a fazer uma leve carícia. Você se encolhe mais contra o corpo dele e inspira seu cheiro, algo que te lembrava o mar. Uma memória muito vivida de você pegando conchinhas quando tinha 9 anos, vem a sua cabeça. Sua mãe estava sentada na escada da casa de praia, tricotando e te observando, quando um carro ronronou no alto da estrada. Você abriu um sorriso enorme e correu para subir numa pedra para poder ver o carro do seu padrinho se aproximando. Seu coração estava tão repleto de alegria e animação e aquele foi um dia tão feliz.

- Como você fez isso? - Bucky sussurra. A carícia havia parado e a voz dele estava em alerta, te fazendo afastar um pouco para encara-lo.

- Fiz o que? - Você questiona e leva uma mão pra secar os olhos, Ele te encara por mais um tempo, a mandíbula firme.

- Essa imagem. Como mandou ela pra minha cabeça? - Ele questiona, parecendo ansioso e um pouco fora de si. Você franze a testa e o fita, mais confusa que nunca.

- Do que você tá falando, Bucky? - Um sorriso de nervoso despende dos seus labios e você se apoia nos cotovelos, se levantando um pouco. O soldado se afasta de você, mas não vai pra muito longe.

- Você na praia. Aos 9 anos. Contando conchinhas. - Ele fala e você leva um tempo pra entender o que ele quis dizer. Quando a compreensão te vem, seu sangue parece congelar nas veias e sua cabeça roda. Sua mão procura algo pra se segurar, mas a mão de vibranium envolve seu rosto. - Você já fez isso antes? - A voz dele está mais calma, mas isso não te ajuda mesmo assim.

- Eu... n-não... eu não sei... - Sua voz treme e você o sente suspirar, sem largar sua bochecha.

- Vem aqui. Volte a dormir. Muita coisa aconteceu essa noite. - Ele diz e te puxa pro peito dele novamente, apoiando o queixo na sua cabeça. Você vê como o corpo dele está tenso e como ele deve estar desconfortável com a situação, mas mesmo assim não te solta. Sua cabeça está rodando em mil direções, mas seu corpo parece exausto pelo desgaste emocional. Você apaga tão rapidamente que não consegue dizer uma palavra agradecimento.


Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jun 06 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

illicit affairs | bucky barnesOnde histórias criam vida. Descubra agora