And that's the thing about illicit affairs

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Você congela sentada na cama, sua mente disparando pra várias direções enquanto observa seu padrinho se levantar e sair do quarto, indo em direção ao sofá. Com o coração disparado e sem saber muito o que fazer, você vai atrás, segurando as mãos fortemente atrás das costas. Se ele te visse remexendo os dedos, saberia que está nervosa.

- Tony, não é necessário. Eu to bem, juro! - Sua voz treme no final, mas ele está ocupado demais afofando o travesseiro. Putaquepariu.

- A armadura esta em modo vigilante do lado de fora do prédio, assim como drones de reconhecimento. Você está segura.- Ele senta no sofá e se balança de leve, como se testasse a maciez. Dando de ombros, ele deita e se ajeita, o corpo parecendo grande pra estrutura pequena. Você imagina Bucky deitado ali e como ele ficaria desconfortável. Talvez devesse oferecer seu quarto.

- Ahn... Eu... - Você tenta falar alguma coisa, qualquer coisa, pra fazê-lo sair, mas não consegue. Se insistir demais pode parecer suspeito. E ele é teimoso demais pra ir sem um bom motivo. Um excelente motivo. Um do tipo, que ameaçaria o universo. E bem, você não tem nem um capenga pra oferecer.- Tudo bem... eu... eu vou dormir então. Boa noite, padrinho. Se precisar de alguma coisa, basta bater na minha porta. - Você diz, cada palavra fazendo seu estômago se revirar mais.

Bucky não poderia sair ou seria pego. Não teria forma dele fugir sem ser visto. Mas ele iria dormir no mesmo teto que Tony? Eles estariam separados apenas por uma porta. Putaquepariu. Era só o que você conseguia pensar. O que faria? Enfiaria ele debaixo da cama até de manhã?

- Boa noite, docinho. - Ele sorri e seu coração se aperta e se desmancha ao mesmo tempo. A ternura, a culpa, o amor, a magoa, tudo vindo junto como um trem colidindo contra o seu peito. Você se aproxima dele e dá um beijo em sua bochecha áspera pela barba a fazer. Ele retribui dando um em sua testa, acariciando seu queixo. Fraternal, cuidado puro e cru.- Dá última vez que dormi nesse sofá, você tinha 12 anos. Sua mãe pediu pra passar a noite com você até ela chegar, mas demorou mais que o esperado. Acabamos ficando vendo desenho e você dormiu do meu lado.- Ele sorri e por uns segundos aquela preocupação constante, que ele tem nos olhos desde o ataque dos alienígenas a Nova York, desaparece. Você sorri e pisca rapidamente, sentindo os olhos pinicando.

- Eu lembro bem. Foi a primeira vez que eu jantei cheseburguer. A melhor noite da minha vida. - Você ri e ele acompanha, dando um outro beijo na sua testa.

- Se precisar, estarei aqui. E prometo te comprar cheseburgues amanhã. - Ele pisca e você assente, se afastando e dando uma última olhada antes de fechar a porta. Você passa a chave, tentando não fazer muito barulho ao trancar. Encostando a cabeça na madeira branca, você suspira forte, tomando coragem pra encarar o bicho papão.

Se aproximando do armário, você bate devagar.

- Bucky, sou eu. Ele está na sala. - Sussurrando, voce observa-o correr a porta com cuidado, olhando pros lados. Sua mandíbula está tensa, há uma veia pulsando na tempôra dele e os olhos estão em alerta, quase loucos. - Eu tranquei a porta. - Você avisa, mas o olhar de raiva que recebe te faz engolir em seco.

- Como que você não expulsou ele daqui? S/N, você tá maluca? Você sabe a merda que pode dar se ele me encontrar aqui? Estamos na porra do mesmo apartamento! - Ele diz, sussurrando de um jeito tão raivoso que parece que está gritando. Franzindo as sobrancelhas, você o encara empinando o queixo.

- Ele quer me proteger de vocês! Vocês foram vistos, a culpa não é minha se fizeram o trabalho pela metade. - Ele revira os olhos, mas não cede na postura. Seu peito está ofegante e você o sente respirando forte em todo corpo, mesmo que não o toque.

- Não fizemos nada pela metade.- Ele murmura, parecendo deixar alguma informação de fora. - Enfim, eu vou embora daqui. Tem uma janela... bem ali. - Ele aponta e vai em direção, mas você o pega pelo braço, puxando-o pra trás. Ele te olha confuso e ainda mais furioso (como se fosse possível) enquanto você nega com a cabeça.

- Você não pode ir! Tem drones e armaduras em volta disso tudo aqui! - Ele franze a testa e leva dois dedos a ponte do nariz, apertando e parecendo pensar em alguma coisa.

- Porra, isso só pode ser castigo. - Murmurando, ele expira forte e passa a língua pelo labio inferior, distraidamente. Você segue com os olhos e por uns segundos fica encarando, como se estivesse em câmera lenta. Você se pergunta como seria se ele estivesse fazendo isso na sua boca. Você acaba umidecendo os lábios com a ideia. Seu estômago treme com a imagem que seu cérebro começa a criar. Ele ainda está olhando pro chão conforme seus olhos sobem e mesmo assim a visualização não para. A enxurrada de cenas bombardeam a sua imaginação e você está consciente. Você... está quente. Você dá um passo pra frente. Ele olha pra você e a expressão muda. De furiosa pra curiosa e confusa. - O que você tá fazendo? - A voz baixa e levemente rouca cruza seu corpo, passa pelos seus ouvidos até a ponta dos pés, te despertando. Piscando uma vez, você inspira forte e engole em seco.

- Ahn... estava pensando que talvez eu seja sua recompensa por alguma coisa muito boa que você fez. Aliás, você está preso aqui comigo. Oportunidade única. - Você diz no automático, sorrindo pra disfarçar o pânico. "Que porra eu estava fazendo?" era a única coisa que você pensava. Você estava consciente, não foi algo que te deixou fora de si. Você sabia o que estava prestes a fazer e sabia que estava sendo completamente irracional. Você ainda sentia aquilo ondulando pelo seu corpo, mas foi como se sua alma tivesse saído do seu corpo, todo seu bom senso aprisionado enquanto alguma coisa maior tomou posse.

Bucky te olha e cerra os cilios, fazendo seu estômago dar voltas nervosas ao ver a desconfiança em seus olhos. Mas, quando ele revira os olhos de novo e da um passo pra trás, você é capaz de respirar normalmente. Porra, que merda.

- Então, eu vou... vou ter que dormir aqui... - ele olha pro chão e pra porta, parecendo extremamente desconfortável. Não deve ser muito legal estar no mesmo teto do cara que tentou te matar.

- Desculpe... por isso. - Você diz, seu coração doendo por ele também. Pagar por uma coisa que fez sem estar no controle da própria mente. Lidar com as consequências de atos sobre os quais não tinha escolha... Ele volta os olhos pra você e por uns segundos você o vê baixar um pouco a guarda, dando de ombros.

- Não é sua culpa. Ele provavelmente não vai me matar na sua frente, então talvez eu tenha uma chance. - Ele diz como se fosse piada, mas sua pele se arrepia de medo pela possibilidade.

- Vou por meu despertador pra bem cedo e vou convencê-lo a ir pro complexo o mais rápido possível. Vai dar certo. - Você tenta convencê-lo, mas é mais para si mesma. O medo está colocando as garras no seu coração e você não quer ser responsável pela morte de ninguém. Por algum motivo te angústia ainda mais pensar que pode ser a de Bucky.

illicit affairs | bucky barnesOnde histórias criam vida. Descubra agora