Keep your eyes down

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Um toque e suas mãos começam a suar. Mais um toque e seu estômago vem a garganta e desce, parecendo encontrar o Polo Norte no caminho. O terceiro toque e você considera desligar, pois com certeza foi um ideia terrível. Quando está prestes a fazer isso, os toques cessam e a voz firme e profunda te saúda, fazendo todo seu corpo se arrepiar. Você havia mesmo feito aquilo, agora não tinha mais saída.

- Tony. Que bom que ligou. - Ele diz, contido, educado, polido, como sempre.

- Steve, oi... - Sua voz sai trêmula, exitante. - N-não é o Tony, é a S/N. - Puxando uma respiração funda, você escuta a cada milésimo de segundo do silêncio que vai do outro lado, pegando o pequeno suspiro que Steve solta.

- S/N, o que está havendo? Tony... Tony está bem? Ele está ferido? - A voz começa a ficar urgente e você ouve a tensão nela, sorrindo ao perceber a preocupação.

- Ele está bem, Capitão. Na verdade, ele nem sabe que eu estou te ligando. - Você confessa, mordendo o labio. Dessa vez o suspiro é mais audível, te fazendo reconsiderar essa ligação pela vigésima vez.

- Eu deveria imaginar. E você sabe que é apenas Steve.

- Claro. Steve. Desculpe. - Você solta um risinho nervoso, começando a morder a unha do dedão. Parecia que todo vocabulário havia sumido da sua cabeça.

- Porque... porque está ligando, S/N? Não me entenda mal, é ótimo falar com você... mas eu sei que não faria isso a toa. Principalmente na atual situação. - Ele questiona, te fazendo fechar os olhos e se deitar no chão, tentando reunir coragem pra falar.

- É... é a minha mãe.

- O que houve com a Lena?

- Ela... foi designada a uma missão. A uns meses atrás... a missão Soldado Invernal. - Você pisca os olhos algumas vezes, a saudade apertando seu coração a cada vez que fala sobre.

- Continue, por favor. - A voz dele era calma e firme ao mesmo tempo, dando a segurança que você precisava.

- Eu não tenho notícias dela a um mês. Que, pelo o que Tony me contou, é mais ou menos o tempo em que vocês se... desentenderam. Eu... não sei. Achei que talvez você... vocês pudessem ter alguma informação que ajudasse. Talvez a Nat, o Clint. Vocês são os melhores e eu estou... estou desesperada. - Em algum momento as lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto, sua voz ficou embargada.

- Ei, calma. Tony já sabe, certo?

- Sim... ele disse que vai entrar em contato com agentes que estão na ativa, que vai atrás dos arquivos... mas o alvo era exatamente seu... amigo. Eu só pensei que vocês pudessem ser de mais ajuda, que talvez pudessem descobrir mais rápido alguma coisa. - Você tenta regularizar sua voz para não parecer uma criança desamparada e escuta alguns murmúrios do outro lado, baixos demais para que escute.

- E você pretende contar dessa ligação pro Tony? - Ele pergunta, apesar do seu tom dizer que ele já sabe a resposta.

- Ele não pode nem sonhar com isso, Steve. Eu não faria isso se não estivesse realmente em pânico. Eu preciso de toda ajuda possível. - Você praticamente implora, tentando empurrar todas as consequências que surgem na sua mente pro lado. Lidaria com elas depois. No momento, a prioridade é sua mãe. - Por favor.

- Tudo bem. - Ele diz depois de um longo tempo em silêncio, fazendo seu corpo quase cair de alívio. - No momento... não estamos nos Estados Unidos, mas precisamos nos encontrar.

- Tem que ser algum lugar que seja discreto, Tony não vai tirar os olhos de mim. - Seu coração se aperta mais uma vez, sua mente te xingando de traidora e todas as variantes possíveis da palavra. Há mais murmúrios e outra voz te saúda, mais anasalada dessa vez.

- Nos encontre no Brooklyn. Há um estúdio abandonado perto do bar do Carl. Você sabe onde é? - Sam diz, sua cabeça se revirando pra lembrar do lugar. Quando estava fazendo faculdade em NY, antes de se transferir, frequentava aquele bar junto com uns amigos. Era bem popular.

- Sei, claro. Quando?

- Sexta, às oito. De uma boa desculpa. Não queremos outra briga. - Ele diz, categórico e sério, te fazendo engolir em seco.

- Estarei lá. - Há mais um momento de silêncio e o telefone parece ser passado novamente pra Steve.

- Tome cuidado, tenha certeza que ninguém vai te seguir. - Ele diz e você assente, começando a pensar em um motivo plausível que não levante suspeitas. - E S/N... nós vamos fazer o possível para encontra-la. Obrigado por confiar em mim. - Você sabia que a frase teve mais significado do que parecia e isso faz um bolo se formar na sua garganta.

- Obrigado, Steve. De verdade.

- Até sexta. - Ele desliga rapidamente e você fica encarando o celular, sua cabeça girando com o que havia acabado de fazer. Você tinha dois dias pra pensar muito bem no que ia falar, como ia agir. Teria que aprender a olhar pro seu padrinho e conviver com a culpa de ter feito algo pelas costas de alguém que sempre fez de tudo pelo seu bem estar. Colocando o rosto nas mãos, você deixou o choro vir e desejou que sua mãe estivesse lá, que ela te desse alguma orientação.

"As vezes os amigos que escolhemos são mais família que os que dividem sangue com a gente."

A voz de sua mãe ecoou em sua cabeça, acendendo uma pequena luz ali. Se levantando rapidamente, você vai até a sua mochila, deixando o celular antigo no bolso enquanto tira o seu de lá. Não era tão tecnológico quanto o de Tony, mas com certeza era bem mais evoluído do que o outro.

Abrindo o o grupo com suas duas melhores amigas, você envia uma mensagem.

S/N: "Preciso que venham me buscar para um festa de mentira na sexta, por volta das sete."

M/A¹: "Porque de mentira? Podemos te levar a uma de verdade se você quiser! 🧐"

S/N: "Vou encontrar umas pessoas e ninguém pode saber então preciso que sejam minhas cúmplices."

M/A²: "Que história é essa aí de encontro clandestino? Isso não é a sua cara."

S/N : "Preciso que confiem em mim, é muito importante. Isso pode ajudar... com a minha mãe."

M/A¹: "Ai meu deus, claro. Claro que eu te ajudo. Só me diz o que preciso fazer."

S/N: "Vocês tem que aparecer no complexo dos vingadores na sexta, seis e meia, e dizer que não vão sossegar até que eu distraia a cabeça com vocês."

M/A¹: "COMPLEXO DOS VINGADORES???????"

M/A²: "O QUE?????"

S/N: "Longa história. Eu explico a vocês na sexta. Tudo bem?"

M/A²: "Claro. Só preciso desmarcar meu dia de estudo. Estaremos aí."

S/N: "Obrigado meninas, eu amo vocês."

M/A¹: "Tudo por você, você sabe disso."

M/A²: "Qualquer coisa que precisar, a qualquer momento."

***

M/A¹: melhor amiga 1
M/A²: melhor amiga 2

illicit affairs | bucky barnesOnde histórias criam vida. Descubra agora