Capítulo 34

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Sei que já faz muito tempo desde a última vez que estivemos por aqui e pedimos nossas sinceras desculpas sobre não atualizar essa história com frequência. Esse capítulo é um presente as meninas que pediram e a todos vocês que esperaram por essa atualização. As nossas vidas se tornaram um tanto conturbadas, contudo, as coisas estão entrando nos eixos e prometemos fazer o nosso melhor para dar uma sequência e um final digno a Polished Girl que vocês tanto merecem. No mais, nós agradecemos demais por vocês terem acompanhado a nossa jornada até aqui e estarem ansiosos por esse capítulo tanto quanto a gente. Beijos, Diana e Bea!

ps: Se vocês puderem sigam o perfil de a secretária no instagram, pretendemos divulgar muitos conteúdos de polished girl por lá também. Vou deixar o link nas notas finais <3

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Emma Swan

8 de Janeiro de 2019, Terça feira.

Tudo começa com estradas que se cruzam. Vim de um longo caminho, um daqueles bem distantes em que se está exausto de dirigir por horas, lembro de ver o cansaço nos olhos do meu pai pelo retrovisor e minha mãe adormecida no banco ao lado. Em outra ocasião, eu diria a ele que dirigiria um pouco, para que eles pudessem descansar, mas estava petrificada, com medo de tocar num volante e relembrar do acidente com Lily. Com a cabeça encostada na janela eu vi a bifurcação da estrada chegar ao fim tornando-se uma só. As grandes árvores verdes cobertas por uma neblina marcando o começo de um dia frio por ali e, finalmente, a placa com as letras: Bem vindo a Storybrooke.

Fazia tanto tempo desde a última vez que vim para cá. Evitava os natais em família, tinha medo que a nostalgia dos meus pais pela cidadezinha que vivíamos, fosse forte o suficiente para nos arrancar de Boston. E agora, estávamos concretizando meu maior pesadelo de adolescente que era morar ali. Pelo menos, era o que eu pensava antes.
Aquela podia não ser a cidade dos meus sonhos, podia ter me tirado da minha rotina em Boston, mas nos últimos meses, aprendi muitas coisas, principalmente sobre mim mesma. Os segredos dilacerantes que conectavam a minha família a uma trama brutal envolvendo o passado, me permitiram quebrar aquele laço que se formava e que poderia me aprisionar se eu não fosse diferente deles.
E eu sou totalmente diferente deles.
Naquela noite tudo foi bastante confuso. Meus sonhos eram um misto de histórias do passado que nunca presenciei de fato e Rose. Sim. Por mais que eu quisesse esquecê-la, sua memória era como um fantasma que não parecia que me abandonaria nunca. Em alguns momentos ela sorria apenas para depois vê-la sofrendo, mas diferente de outros sonhos borrados em que ela aparecia como uma figura distante, ela me disse algo. E aquela simples palavra ficou fixada na minha cabeça: cuidado.
Acordei sentindo um enjoo.
Talvez meu subconsciente estivesse me alertando que por mais que eu fosse forte, não era feita de ferro e, que as coisas que Regina haviam dito, mexeram mais comigo do que eu estava considerando. Sentia nojo do meu avô. Sua vida baseada na aparência de um velho homem bom e doente me fazia sentir tanta raiva, que eu me pegava cerrando os punhos com tanta força que meus dedos doíam sempre que lembrava dele.
Mentiras matam a memória. Brilhou entre os meus pensamentos.
Quanto mais eu tentava digerir tudo que estava acontecendo na minha vida, mais confusa ficava. E a voz de Rose ainda estava presente em minha cabeça, como um suave lembrete de que eu precisava me cuidar. Mas me cuidar do que, exatamente? Depois de tudo que já aconteceu, ainda teria mais para acontecer? Não existe um limite de desgraças que uma pessoa só pode suportar antes de acontecer outra?
Enquanto eu corria na quadra coberta da SBH, com a nova treinadora avaliando cada um dos meus passos, eu revisava cada palavra de Regina na noite anterior. E, por Deus, foi a maior noite da minha vida.
— Emma! — Eu ouvi um grito alto e instantaneamente parei de correr. Estava a poucos metros de acertar Merida em cheio. Ela tinha se recuperado da lesão no joelho, o suficiente para que estivesse liberada para voltar às quadras, por sorte nem ao menos cheguei a encostá-la.
— Merida, me desculpa! — Enquanto recuperava o fôlego pude ver claramente seu olhar assustado diante de uma possibilidade de "atropelá-la" enquanto corria. Tentei recuperar o fôlego, mas tudo o que fiz foi sentar no chão e vê-la fazer o mesmo.
— Só presta atenção enquanto corre, existe mais gente na quadra fazendo o mesmo. — Não parecia brava, não tinha nenhum resquício de deboche, mas ela tinha total razão. Não podia me distrair, existiam outras pessoas ali e, principalmente, não dava pra fingir que eu não estava no mundo da lua.
— Swan-Nolan. — A nova treinadora chamou por mim, o treino estava sendo tão puxado que ela não nos deixava parar por muito tempo. Antes, quando Graham ainda comandava a equipe de esportes, ele tinha mexido os pauzinhos para cancelar as competições, mas ao olhar para Camille -a treinadora nova-, e seu espírito de equipe, duvidava um pouco que ela fosse cancelar qualquer coisa. Ela tinha tantos títulos quanto tinha sobrenomes, não tinha conseguido decorá-los ainda, mas sabia que ela tinha descendência Cubana, porém nascida nos Estados Unidos. — Você precisa se esforçar mais. É a líder da sua equipe e não consegue bater seus próprios recordes porque não está de corpo e alma aqui.
— Me desculpe, treinadora. —
Concordei com seu sermão, porque, para ser sincera, ela não estava errada. A noite passada tinha sido difícil e eu ainda estava com dificuldade para assimilar tudo o que Regina tinha me contado, mas, principalmente, por Rose ter aparecido nos meus sonhos.
— Chuveiro, as duas. Amanhã, Swan-Nolan, quero você durante o treino de futebol se exercitando. — Ajudei Merida a levantar-se e fomos em direção ao vestiário.
— Você está bem? — Nós não éramos amigas, nem ao menos próximas, mas ela se deu o trabalho de perguntar.
— Tão óbvio? — Sua cabeça se moveu positivamente. Ela não parecia a melhor amiga de Rose que achava que eu era culpada, tão pouco a ex da minha prima disposta a brigar a qualquer momento. Talvez a volta para a equipe estivesse colocando a vida dela no eixo de novo, ao ponto dela não se comportar como uma vaca. — Saí de casa nos últimos dias e, bom, sabe como é, estou trabalhando meio período no Granny's.
— A parte do Granny's eu sabia, minha mãe disse que viu você por lá, mas não sabia que tinha saído de casa. —
A ruiva soltou os cabelos presos no alto como eu tinha feito a pouco, tirou sua bolsa do armário e me esperou fazer o mesmo.
— É um assunto complicado, não me sinto muito à vontade pra compartilhar, espero que você entenda.
— Não se preocupe, somos colegas de equipe, não melhores amigas. —
E não éramos mesmo, mas até mesmo sua complacência colocou meus pensamentos à prova. O que deu nela? — Não vai tomar banho?
— Não, vou correndo para o Granny's, tomar banho por lá e vestir o uniforme. Está muito gelado para eu tomar um banho quente aqui e depois pegar toda a friagem ao lado de fora.
— Se você quiser, posso te dar uma carona. —
Sugeriu. De verdade eu me perguntava o que estava dando nela e, com a minha necessidade de desconfiar das pessoas recentemente adquiridas, apenas neguei balançando a cabeça. — Você que sabe, nos vemos amanhã.

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