Vilarejo lua negra (Parte 2)

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A multidão já corria desesperada. Os guardas e os homens do vilarejo já estavam com espadas nas mãos, enquanto as mulheres e as crianças estavam escondidas em suas casas. Os monstros, que eram Hyaituns, chegaram no vilarejo montados em cavalos e equipados com braceletes e elmos. E estavam armados com espadas e escudos. Enquanto isso, Mary e Harry, continuavam dormindo.
     Enquanto os guardas e moradores estavam partindo para a batalha, dentro da taberna, a maioria dos homens haviam desaparecido do local. Só restava Vergil, Grey e Flora. Nesse momento, os olhos de Flora brilharam e os seus cabelos ficaram arrepiados. Ergueu o braço esquerdo e falou em voz alta: "levaanri". Nesse exato momento, um cajado branco com uma enorme pedra de cristal roxa que brilhava, voou descendo as escadas em rodopios e pousou na mão estendida de Flora. Colocou a outra mão no cajado, e falou em voz alta: "Protick!" A pedra que estava presa ao cajado deu um brilho, e Flora bateu a ponta do cajado no chão.
    — Vergil — disse Flora, com um tom de voz preocupada. —, as estradas estão tomadas por monstros. Não podemos sair daqui com aquelas crianças. Então vamos ficar aqui até a poeira abaixar. Eu chamei reforço.
    Nesse momento, cinco guardas do vilarejo entraram na taberna. Os seus olhos estavam roxos e a suas pupilas com a cor branca, com a suas espadas nas mãos, ficaram de costas para os três como se fossem os proteger.
    — O que você fez? — disse Grey a Flora com dúvida, enquanto apontava a sua espada para a porta da taberna. As sua mãos estavam trêmulas.
    — Eu fiz um feitiço de encantamento — disse Flora. — Eu dei uma ordem a eles para nos proteger. E as crianças também. Ah, não! — Flora ficou tensa e soava muito. — eu esqueci de colocar um guarda para proteger a janela no quarto delas.
     Mais dois guardas enfeitiçados entraram na taberna e estavam subindo as escadas para o quarto das crianças. Eles ficaram de guarda em frente a porta do quarto.
      Um Hyaitun estava no lado de fora da taberna. Enquanto olhava a taberna de ponta a ponta para poder entrar escondido, ele encontrou uma janela, era a janela do quarto de Mary e Harry. E então, com as suas garras imundas e afiadas, a criatura subiu pela parede de madeira sem nenhuma dificuldade.
Abriu a janela, e de cara olhou para Mary, que ainda estava dormindo. A criatura puxou uma adaga de seu cinto e se preparou para atacar. Mary abriu os olhos, e viu a criatura de perto com a adaga armada. Mary gritou, e o monstro avançou em cima dela.
     De repente, ouve um grito que vinha de atrás, o monstro olhou para ver o que era. Harry avançou para cima do monstro com uma espada, uma que Grey havia comprado, e golpeou o monstro na garganta. Harry conseguiu salvar a amiga. A criatura se estatelou no chão sangrando e até a morte. Harry ficou paralisado e trêmulo, nunca havia matado nada, isso foi um grande choque para ele, ficou olhando fixamente para a espada toda ensanguentada como se ela o tivesse deixado hipnotizado.
    — Harry? — disse Mary tremendo em baixo das cobertas. — Harry? Você está bem?
    — Ah? Ah, sim... eu.. eu estou bem..
  Harry foi caminhou pelo quarto e pegou a outra espada que estava no chão e entregou para Mary.
    — Eu acho que essas espadas são para nós, Mary. — disse Harry, segurando a espada. — Elas são curtas, tem o tamanho ideal para nós dois. Foram forjadas para nós.
    Mary pegou a espada e a tirou da bainha. Ficou olhando-a fixamente, desde o botão até a ponta da lâmina. Mary nunca havia segurado uma espada antes, e agora que tinha uma em mãos, saber o que ela podia fazer com a espada a assombrava.
   Ouvi-se gritos e gemidos na taberna, os sons fizeram as espinhas das crianças estremecer. Eram gemidos de Vergil, Grey e Flora. E os demais sons, eram agudos e destorcidos.
    Mary desceu de sua cama, e junto a Harry, foram até a porta para ir lá embaixo para ver o que estava acontecendo. Harry abriu a porta, mais os guardas que haviam sido controlados por Flora, bloqueavam a saída. Harry ficou insistindo para eles os deixarem sair, mais eles não os deixavam. Harry ficou com tanta raiva, que com violência, empurrou os guardas enfeitiçados e correu pelo o corredor até chegar às escadas. Mary fez o mesmo.
     Descendo as escadas na ponta dos pés, com as suas lâminas em mãos, Harry e Mary olharam de fininho o que estava acontecendo. Haviam sete Hyaituns vivos, outros noves estavam mortos no chão com dois deles com os corpos queimados por completo. Os cinco guardas controlados por Flora estavam mortos. Vergil, Flora e Grey, estavam lutando contra os monstros que ainda estavam de pé.  
    Grey desviava dos golpes de um Hyaitun com o corpo e a espada, nesse instante, Grey bateu as costas no balcão e foi recebido por um golpe lateral direito do monstro. Grey se abaixou e o desviou do golpe. Aproveitando a guarda aberta da criatura, Grey pegou o bico quebrado de uma garrafa que estava no chão e fincou na costela da criatura. O monstro deu um passo para trás, Grey aproveitou esse momento para perfurar a barriga da criatura com a sua espada. A criatura caiu no chão e morreu. Só faltava mais seis.
    Vergil encarava dois Hyaituns que estavam o olhando fixamente para o ataca-lo. Um dos monstros ergueu o braço direito para atacar Vergil por cima, mais Vergil se esquivou do golpe indo para frente do inimigo pela esquerda com a espada na mão virada de lado. Vergil rodopiou, e feriu o monstro na barriga com um profundo corte com o que fez ele morrer. No mesmo instante, outro Hyaitun correu em sua direção. Vergil ergueu a espada mirando na cabeça, e o monstro foi perfurado. Faltavam mais dois.
    Flora estava diante de dois Hyaituns que a encarava com as espadas em mãos. Flora, segurando o seu cajado, encarou um Hyaitun e, com o cajado, bateu a sua ponta no chão e disse "protick". A criatura imediatamente ficou com os olhos roxos, estava sendo controlado por Flora. A bruxa deu a ele uma ordem para proteger o seu grupo. E então, o Hyaitun atacou um de seus próprios companheiros. O Hyaitun matou todos os seus companheiros.
    — Ah! — gritou Flora. Ela havia caído de joelhos no chão. Parecia exausta e fraca.
    — Flora — disse Vergil indo até a amiga para ver o que avia acontecido. —, você está bem?
    — É a minha magia. — respondeu Flora suspirando. O seu tom de voz demonstrava que ela sentia algum tipo de dor. — ultimamente eu a usei bastante. E isso faz com o que os meus poderes enfraqueçam.
  Nesse momento, a criatura controlada por Flora estava totalmente fora de si. Ficou batendo a sua espada em qualquer canto, corria de um lado para o outro e se contorcia. Estava totalmente descontrolada. A criatura notou em Mary, ficou a encarando parado. Mary estava fixa em seu lugar. Estava tremendo todo o corpo e a sua espada se agitava em suas mãos.
    — Mary... — disse Vergil com cautela. — não diz nada e não se mexa. Fica parada que ele não vai fazer nada.
   Infelizmente não foi isso o que aconteceu.
    A criatura avançou e correu loucamente para cima de Mary. A criatura iria pular em cima dela. Mais Mary sem pensar, ergueu a sua espada e a criatura e perfurou na sua lâmina.
    Mary olhou fixamente para a criatura que estava com o corpo entre a sua espada. Mary estava tremendo mais do que tremera algum dia. Então, soltou a espada, com a criatura ainda perfurada nela. O Hyaitun caiu com a espada enfiada em sua barriga. Mary continuava com os pés presos aos chão. Continuava a tremer. Se ajoelhou no chão, e por fim, chorou.
    — Mary!? — disse Vergil caminhando até Mary. Chegou perto dela, e a abraçou enquanto passava a mão em seus cabelos tentando a acalma-la. 
    — Calma, Mary. Vai ficar tudo bem. — Vergil, com as suas mãos, segurou o rosto de Mary e a olhou em seus olhos. Que estava avermelhados. — Escute, eu sei que isso não é fácil e nem nunca será. Mais é nesses momentos, em que você tem que ser forte. Você tem que mostrar que está pronta para isso. Nós temos que ser fortes. Dias como esse provavelmente virão a acontecer novamente. Mais você tem que estar preparada para enfrentar esses dias difíceis. Tá bom? Você vai ficar bem.
    Mary estava um pouco mais calma, mais não conseguia parar de chorar e se soltar dos braços de Vergil.
    De repente, ouve-se um grito. Milhares de gritos. Grey espiou na porta da taberna o que havia acontecido. O sol já estava amanhecendo, as ruas estavam cheias de cadáveres. Tanto de Hyaituns, cavalos e alguns homens. Os guardas e os cidadãos estavam gritando comemorando a sua vitória. Haviam eliminado todos os Hyaituns. Vergil, Grey, Flora e Harry estavam com enormes sorrisos no rosto ao perceberem que haviam vencido está batalha. Menos Mary, que ainda estava deprimida aos braços de Vergil.
    Pouco tempo depois, todos os cidadãos do vilarejo estavam limpando as ruas. Alguns estavam felizes pela vitória, e outros estavam triste por perderem pessoas queridas. Como filhos e esposos. Vergil e os demais continuaram na taberna descansando e conversando.
    — Fizemos um belo estrago. — disse Harry, reparado para a taberna quase toda destruída.
    — Ah, não tem por que se preocupar com isso. — disse Flora com seu tom de voz relaxante e alegre. — Deixa que arrume tudo.
    Flora pegou o seu cajado, bateu a sua ponta duas vezes no chão e disse "lim". A pedra de cristal brilhou, e a loja começou a ser arrumada.
    Todas as mesas e cadeiras que estavam quebradas e fora de seus lugares, se arrumaram sozinhas e flutuaram para os seu lugares. Algumas janelas trincadas ou que estavam em estilhaços também se concertaram magicamente. Em poucos minutos, a taberna estava nova em folha.
    — Vocês arrumaram a minha taberna! — disse o taberneiro com a sua voz arrastada enquanto descia as escadas. Vergil e os demais ficaram impressionados como o taberneiro não havia fugido ou morrido por aí.
    — Ora, não foi nada. — disse Flora
    — Esse daí de cabelos presos e com um leão na roupa, me disse que só ficaria uma noite aqui. — continuou o taberneiro. — então, presumo eu, que você irão para algum lugar. Eu posso ajudar. Irei dar suprementos, cavalos e dois pôneis para vocês. Eu vi aquela carroça de vocês quando chegaram, e tenho certeza que não vai durar muito tempo. É tudo que eu posso fazer por vocês, afinal, a viagem de pode ser longa.
    — Eu fico muito grato por isso. — disse Vergil, e deu um aperto de mão só taberneiro.
    — Vocês consertaram a minha taberna. E essa taberna é muito importante para mim. Está em minha família a décadas, eu precisava retribuir vocês de alguma forma. Ah, e só para falar, o meu nome é Will.
   Will levou Vergil e Grey até os fundos para pegar os suprementos e os cavalos que estavam em um estábulo que pertencia a filha do taberneiro chamada Elizabeth. Enquanto isso, o resto do grupo ficou aguardando lá fora.
    — Elizabeth! — exclamou Will em tão de muita preocupação. — cadê você?
    — Ela está dormindo papai. — disse uma garota de cabelos negros e pele clara. Seu nome era Margareth, filha caçula de Will. — por que, papai?
    — Ah, graças a Deus. — suspirou Will. — achei que tivesse acontecido alguma coisa com as duas.
    — Ah não, papai, não precisa se preocupar. Eu, mamãe e a Elizabeth estávamos dormindo.
    — Margareth, avisa a sua irmã que eu terei que dar três cavalos e dois pôneis.
    — Por quê?
    — Por que eu preciso retribuir esses homens por salvar a minha taberna.
  Margareth olhou analisando Vergil e Grey. Depois abriu um sorriso e acenou a mão freneticamente para os dois.
    — Tá bom, papai! Irei avisar a Elizabeth depois.
  Will e Vergil pegaram os suprementos os dois e cavalos e os dois pôneis e saíram do estábulo acompanhados por Grey e Margareth, e foram até a frente do bar a onde os outros estavam reunidos.
    — Então, é hora de partir de novo? — disse Mary em voz baixinha, estava muito cabisbaixa.
  Vergil acariciou os cabelos de Mary.
    — Está sim. — respondeu Vergil.
    Vergil pegou Mary e colocou em cima do seu pônei, e fez a mesma coisa com Harry também.
    — Podem ficar tranquilas crianças. — disse Will para Mary e Harry. — Esses pôneis são mansos.
    Mary olhou com um olhar tristonho para Vergil que retribuiu com um sorriso que fez Mary ficar mais calma. Depois, Mary olhou para Margareth, que sorriu e acenou freneticamente para Mary e os demais.
    Por fim, todos já estavam montados em seus cavalos e pôneis, Vergil estava com o mesmo cavalo que puxara a sua carroça no dia anterior. Então, Vergil subiu em seu cavalo, agradeceu ao taberneiro mais uma vez, e seguiram o seu destino. Mary e o restante do grupo acenaram se despedindo de Will e Margareth, que ficou olhando o grupo indo embora e refletindo para onde eles iriam.
    — Então, Flora? — disse Vergil com energia na voz. — Vai para onde?
    — Eu acho que a pergunta está bem óbvia, Vergil. — disse Flora em tom alegre, enquanto tragava em seu cachimbo. — Eu vou ir com vocês.
    — Sério!? — disse Vergil cheio de excitação — Então, para onde devemos ir? É muito longe?
    — De onde nós estamos, presumo que vai demorar alguns dias. Provavelmente uns cinco dias. Sempre quando eu viajo, eu fico em algum lugar que dê para eu voltar para lá um pouco mais rápido.
    — E para onde vamos?
    — Vamos para a floresta das fadas.

 

As Crônicas De Northgard: O EclipseOnde histórias criam vida. Descubra agora