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A música alta bate e ricocheteia nas paredes daquele salão enquanto muita gente dança.
Sou madrinha no casamento de minha irmã.
Como não havia ninguém ali que conheça pra conversar, sem que imediatamente me perguntasse "e os namoradinho, s/n?", optei por me sentar em frente ao bar sozinha e tomar cerveja até aquilo tudo acabar (o que não aconteceria tão cedo).
Quando termino minha quarta garrafa de cerveja, sinto necessidade de ir ao banheiro, e assim o faço. O que não esperava, era que iria dar de cara com Alberto Hinoto, que era padrinho do noivo, sentadinho ao lado da banqueta em que estava.
Sempre achei Alberto um cara extremamente lindo. O vi no noivado de minha irmã e mais algumas poucas ocasiões, mas nunca tive coragem o suficiente pra conversar com ele. E afinal de contas, o que eu diria?
Me sento ao lado de Alberto e peço mais uma garrafa de cerveja. O garoto se inclina em minha direção e fala em meu ouvido usando um tom alto.
-pensei que você não fosse voltar mais.
Meu coração quase para na hora. Primeiramente; porque não esperava por aquilo. Em segundo; aproximações repentinas me deixavam nervosa. Principalmente se viesse do primo perfeito do noivo de minha irmã.
-você tava me esperando por que?
Falo meio alto (admito, sem pensar muito bem) mas não em seu ouvido, como ele havia feito comigo.
-o que?!
-VOCÊ TAVA ME ESPERANDO POR QUE?
O garoto apenas sorri e volta a se aproximar de meu ouvido, dessa vez, mais perto que da última.
-quero te chamar pra dançar.
O garoto diz mais baixo, me fazendo arrepiar.
Já havia bebido bastante, e não sei se deveria confiar em meu equilíbrio e coordenação já naquele ponto, mas concordei com a cabeça e tive minha mão puxada pro meio da pista.
Bento mandou um sinal positivo pro DJ, que apenas trocou a música animada por uma mais lenta.
Ele colocou minhas mãos sobre seus ombros e levou as suas até minha cintura, me trazendo pra perto. Como já não estava com minhas ideias no lugar, me encosto nele e vou acompanhando o ritmo lento. Sem demora, vários casais foram se formando ao nosso redor, inclusive os recém casados.
A música estava se passando quase toda então Bento fala algo, que pra mim, era inaudível. Estava quase dormindo e o som alto não ajudava em nada. Ele insiste algumas vezes até que consigo ouvir a palavra fora. Bento segura minha mão e vai indo em direção a saída. Vou o seguindo de bom grado. Já não via a hora de me livrar daquele som a algum tempo.
-agora a gente pode se ouvir.
Ele solta um risinho junto de um suspiro de alívio. Como resposta, concordo com a cabeça enquanto o encarava sorrindo.
-então, o que eu dizia...
-sempre achei asiáticos fofos, sabia?
Corto o garoto, apoiando minha cabeça com a mão. Chega a ser cômico a maneira que Bento fica desorientado ao ouvir isso.
-ei, relacha.
Fecho os olhos por alguns instantes. A bebida estava sob o ápice de seu efeito sobre mim.
-sabe, eu tenho a impressão que você tá meio bêbada.
Rio de suas palavras.
-uuuuh, Xerox Holmes.
Ao que paro de rir, cruzo as mãos em cima de meu vestido.
-talvez eu esteja um pouquinho.
Alguns minutos são preenchidos com um silêncio cortante.
-só queria dormir um pouco...
Bento levanta o olhar de seus sapatos bem engraxados pra meu rosto.
-eu tô de carro. Então se você quiser pode dormir lá.
Me levanto e vou em direção ao garoto, pegando sua mão e esperando que me guiasse pra algum lugar, assim como fez a noite toda.
Então, de mãos dadas, fomos até seu carro. O único som que soava entre nós dois eram o das pedrinhas ao serem pisadas e o barulho abafado do som alto.
Bento soltou minha mão para que pudesse abrir o veículo, e assim o fez.
-pode entra.
Levanto um pouco da saia de meu vestido pra não tropeçar nela, entrando sem muita dificuldades, Bento entra logo em seguida e ajusta os bancos pra que possamos nos deitar.
Enquanto deitada, encarava os olhos de Bento fixamente, ele fazia o mesmo. Se a sensação que havia em meu peito era por causa da bebida, esperava nunca mais estar sóbria perto de Hinoto.
Estico minha mão pra que ele segurasse, e depois disso, não demoro pra cair direto no mundo dos sonhos...
-s/n.
Ouço Bento me chamar. Me levanto e vou correndo em direção a porta de nosso quarto, me jogo em seu colo, entrelaçando minhas pernas em sua cintura.
-como foi o trabalho, amor?
-foi bem...
Ele responde simples, mas sorrindo enquanto me olhava.
-e você, o que estava fazendo ai?
Ele anda em direção a cama, comigo ainda em seu colo.
-nossas fotos no casamento de sua irmã.
-sim. Esse foi o melhor dia da minha vida.
Eu e Bento continuamos nos encontrando depois do casamento. Nossos encontros viraram paixão, a paixão virou namoro, o namoro fez surgir um noivado e hoje sou casada a três anos com um homem incrível que me mostrou o amor.
-vou tomar banho, minha princesa. Logo volto.
Sorrio sapéca ao sair de seu colo, sorriso tal, que passa despercebido por Bento. Ele pega sua toalha e vai em direção ao banheiro, logo voltando eufórico com teste de gravidez com dois risquinhos.
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Mais um CAP por hoje! Kkk
Gente, to morrendo de sono, então vi ser breve. Beijos, espero que tenham gostado ^^
