Já era 4:17 e Ratinha já estava bêbada, eu tava um pouco alterada. Estávamos saindo da quadra pra ir pra casa.
Ratinha: gente ? - falou e todos olhamos sem entender - vamos ser inimigos do fim ? - abriu um sorrisão
Brechinha: não - ela fechou o sorrisão
- ainda vou na casa da gata, vou só te deixarRatinha: ah não, queria beber só mais um pouquinho- fez gesto com dedos, falando toda pitica
Olhei pra ela como se olha pra um neném fofo.
Ruiva: own, minha bebezinha. Eu topo - ela me abraçou
Ratinha: bora gente
Todos concordamos, menos brechinha.
Diabo: acho bom tu despachar tua gata e ir, porque foguinho vai olhar a ruiva e eu não vou olhar ninguém não.
Brechinha ligou pra despachar a gata e foguinho foi na barraquinha que tinha ali comprar bebidas pra nós. Subimos pro topo do morro e chegamos lá nós sentamos no chão, menos Ratinha que tava estava rindo olhando pros meninos.
Foguinho: álcool quando não mata, humilha. - falou acendendo um cigarro de maconha.
Diabo: amanhã ela não vai lembrar de nada - falou puxando e soltando a fumaça em seguida. - ou melhor, mais tarde.
Brechinha: tá rindo de quer irmã ? Compartilha
Ratinha: vendo vocês aí, tava aqui pensando: O Diabo só quer uma brechinha pra tacar foguinho - falou se acabando de rir
Brechinha: piada ruim viu - sorriu - tão ruim que a pessoa ri de tão ruim que é
Rimos daquilo e ficamos ali rindo, das macacadas da Ratinha.
Os meninos começaram a falar de momentos constrangedores, falei os meus também, já a Ratinha ficou calada.
Eu e foguinho lembramos de como nos conhecemos, ou melhor lembramos de quando ele me salvou de ser assediada, nesse momento a Ratinha começou a chorar e ficamos sem entender.
Diabo 👹
Já tinha se passado mais de meia hora e a mina tava chorando, já tava vermelha de tanto chorar e ninguém entendia nada.
Ruiva abraçou ela, brechinha tava tentando acalmar ela, passou mais alguns minutos e ela se levantou olhando pro morro, aquela vista acalmava qualquer um e acho que acalmou ela também.
Ruiva: amiga tá tudo bem ? - ela balançou a cabeça confirmando
Ratinha: você falando do seu momento de assédio foi gatilhos pra mim - falou sorrindo sem graça entre o choro que logo retornou, porém, mas calmo
Brechinha: pô aqueles caras não vão mais mexer com tu, não precisa ficar com medo
Foguinho: é pô, nós tá contigo agora. - ela sorriu sem graça e respirou fundo
Ratinha: aqueles caras não me casam tantos medos, quando eu já vivo traumatizada- falou forçando um riso em meio ao choro
Ruiva: como assim amiga ?
Ratinha: eu vivo sendo assediada desde os meus 15 anos, minha mãe casou com um cara que mal conheceu - chorou mais ainda e brechinha abraçou ela - ele vivia falando palavras escrotas no meu ouvido quando minha mãe não estava por perto.
Olhei pra ela.
Ratinha: então eu arrumei um emprego de meio período, estudava pela manhã, trabalhava pela tarde e a noite eu me trancava no quarto pra não ver ele. Mais ele colocava papéis por baixo da porta.
Foguinho: falando o que ? - perguntou e a ruiva deu um tapa no ombro dele.
Moleque insensível, se a mina disse que é assédio, já se imagina as merdas que o otario dizia.
Ratinha: que eu era gostosa, que queria chupar meus seios - chorou mais ainda - queria bater na minha bunda, uma vez ele pegou meu numero no celular da minha mãe e mandou um vídeo pra mim batendo ... - ela ia continuar mais eu interrompi ela, a mina tava toda as tremendo
Diabo: ou, não precisa falar se tu não tá se sentindo bem.
Ruiva: verdade, se te machuca, deixa quieto. - falou e beijou a cabeça dela
Ratinha: eu sei, mas é que eu tou criando um laço com vocês e quero que vocês saibam disso, porque se vocês se afastarem de mim agora eu não vou sentir tanto, porque eu sei que meus traumas uma hora ou outra vai ser revivido e vocês não vão entender.
Brechinha: e porque nós se afastaria de tu ? Se teu padrasto que é um cuzao!
Ratinha: porque ele me assediou - sentir um ódio nesse momento, é foda isso cara - quando terminei a escola, arrumei um emprego que era o dia todo, certo dia cheguei cansada, tomei um banho e vestir um short e top e me deitei na cama, acabei dormindo. Eu esqueci de fechar a porta, eu tava dormindo, eu juro, eu não fiz nada. Mesmo que eu não tranquei a porta ela tava fechada, eu tava só, não tinha ninguém em casa.
Ela se desesperou e brechinha junto com a ruiva abraçaram ela.
Ratinha: acordei sentindo alguém encima de mim, me beijando, apertando meus seios, abrir os olhos e vi ele, empurrei o mesmo e ele veio pra cima de mim, como ele tinha mais força eu não conseguia fazer muito coisa. Ele beijava meu pescoço, passava mão pelo meu corpo.
Fechei meus olhos com ódio, só de imaginar isso velho, namoral.
Ratinha: escutei um grito e olhei pra porta, era minha mãe. Ele deu um pulo, saindo de cima de mim, começou a falar que a culpa foi minha, que que e...eu tin..tinha co..colocado uma roupa curta. - a mina tava mal, tremendo e soluçando
Diabo: na boa, para de falar. Tu tá mal cara- falei seco, mas preocupado
Ela respirou fundo e voltou a falar novamente
Ratinha: ele disse que a culpa era minha por usar roupas curtas e ele era homem - nessa hora dei um murro no chão - minha mãe me bateu e me expulsou de casa - nessa hora olhei pra ela, entendendo tudo já - ela preferiu acreditar nele, no dia seguinte ela reforçou a expulsão, eu tentei conversar ela, mas ela escolheu acreditar nele, saiu de casa e quando voltou foi com a passagem pra mim vim pra cá.
Ruiva: meu Deus amiga- falou em choque
Ratinha: eu tive uma crise antes de vim pra cá, quando cheguei aqui tive outra crise, porque a Viviane não gostou da minha presença, meu pai mandou ela ir embora e eu me sentir culpada.
Foguinho: culpada porque ? Todo mundo aqui sabe o quanto teu pai era louco pra te ter com ele
Diabo: papo reto - sorrir de lado ao lembrar que o cacique sempre quando tava bêbado chorava mostrando a foto da filha
Brechinha: verdade, toda vez que bebia chorava mostrando tua foto pra todo mundo, falando que tu era a princesinha dele - rimos disso
Ratinha: de certa forma eu me sinto culpada, por conta das minhas roupas curtas. Talvez, a culpa seja minha. Mas eu não me visto assim pra provocar ninguém, me visto assim porque gosto.
Brechinha: não pô, tu não tem culpa de nada não, ele que é um escroto
Foguinho: e tua mãe uma vagabunda, desculpa falar assim. Mas a mãe que larga a filha por causa de macho é mais escrota que o cara. E outra, roupa não é convite não.
Ruiva: verdade
Ratinha: eu me sufoco tanto com os pensamentos de culpa que entro em crise - falou baixo de cabeça baixa
Diabo: teu pai certamente não sabe né ? - ela confirmou- pois tu fala pra ele pô
Ratinha: não, é capaz dele matar minha mãe .
Brechinha: e? Ela merece por deixar de acreditar na filha, pra acreditar em macho.
Diabo: concordo
Ficamos ali conversando até umas 06:30 e depois seguimos pra casa. Os meninos chamaram pra fazer um churrasco, só nós mesmo.
Aceitei, não ia fazer nada mesmo.
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A Dama Do Morro
FanfictionO amor é uma droga na qual você não sabe a brisa, a lombra, a embriaguez que vai lhe causar ou até mesmo as atitudes que você irá tomar.