capítulo 8 parte 2

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Era uma meia verdade.

Os gêmeos não sabiam quem era seu pai, e só Dino crescera com sua mãe biológica. Draco fora entregue para adoção quando tinha apenas alguns dias de nascido. Ele passou treze anos na casa de adoção e três no reformatório. Ele só se mudara para casa de sua mãe quando recebeu a liberdade condicional. Cinco meses depois, ela morreu em um acidente de carro. Harry duvidou de que Draco tivesse ido ao funeral.

- Não matei meus pais -, disse Harry, mas não pôde continuar.

O medo era um aperto em torno de seus pulmões, tornando impossível respirar. Ele confiava na história que havia criado em sua caminhada, mas não queria dizer isso em voz alta. As palavras saíram em pedaços e ele esperava que sua relutância acrescentasse realismo às mentiras.

- A família de Theodore fez isso.

Isso chamou a atenção de Draco. Harry engoliu em seco, tentando limpar o aperto de sua garganta, e obrigou-se a explicar.

- Meu pai fazia parte de uma facção que negociava com os Nott . Ele não era de muita importância nos grandes esquemas, mas tinha muitos contatos e sabia como fazer as coisas. Ele fez alguns negócios em Edgar Allen, que foi como eu conheci Cedrico e Theodore. Naquela época, eu não sabia quem eles eram. Eu só estava animado para conhecer crianças da minha idade. Pensei que íamos ser amigos.

- Então meu pai começou a ficar arrogante, estúpido e começou a desviar dinheiro. Ele roubou o dinheiro dos Nott, que seria para seu chefe. Eles descobriram, é claro. Os Nott o executaram junto com minha mãe, antes que seu chefe pudesse chegar até ele. Eu peguei o que ele tinha roubado e fugi. Tenho fugido desde então.

Draco não estava mais sorrindo, mas Harry sim. Ele sentiu seus lábios curvarem, sabendo que era um sorriso doentio e maníaca. Ele enterrou as mãos em sua boca, tentando desviar os olhares de seu sorriso, mas estava congelado no lugar.

- Tive sorte por Cedrico não me reconhecer -, disse Harry. - Não sei se ele lembra de mim, mas eu me lembro dele. Vê-lo me ajuda a lembrar de meus pais. Ele é tudo o que resta da minha vida real. Mas se Cedrico ou Theodore me reconhecerem e contarem ao chefe do meu pai, eu sei o que vai acontecer comigo.

Draco nada disse por bastante tempo, Harry pensou que tinha estragado tudo, mas finalmente Draco se mexeu. Sirius mudou de posição, pronto para intervir se as coisas ficassem violentas, mas Draco apenas parou a frente de Harry.

- Então por que veio? - perguntou Draco.

- Porque eu estou cansado -, Harry respondeu, tentando soar derrotado. - Eu não tenho outro lugar para ir, e tenho muita inveja de Cedrico para ficar longe dele. Ele sabe o que é odiar todos os dias de sua vida, acordar com medo todos os dias, mas ele tem você, dizendo que tudo vai ficar bem. Ele tem tudo, mesmo quando perdeu tudo, e eu... - Harry não queria dizer isso, mas a palavra já estava lá quebrando a barreira entre eles. - Nada. É o que sempre vou ter e serei, um nada.

Draco estendeu a mão e forçou Harry tirar os dedos da boca. Ele puxou a mão de Harry para longe e olhou para ele sem nada entre eles. Harry não entendeu a expressão em seu rosto. Não havia nenhuma censura sobre os pais desonesto de Harry ou piedade por suas mortes, nenhuma comemoração por ter feito ele admitir tanto, e nenhum ceticismo óbvio para uma história tão estranha. Qualquer que fosse esse aspecto foi escuro e intenso o suficiente para engolir completamente.

- Me deixe ficar - disse Harry, calmamente. - Não estou pronto para desistir disso ainda.

Aquele olhar estranho deixou o rosto de Draco. Sua expressão limpou a dura indiferença e ele soltou Harry.

- Fique, se puder. Você e eu sabemos que não vai demorar muito tempo.

O estômago de Harry deu uma virada nauseante.

All For The Game - (adaptação drarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora