" I wanna touch you "
A fogueira triplicou de tamanho, vários convidados vieram hoje e ao que parece a maioria são novos amigos da Hange. E finalmente a moradora mais antiga do lugar chegou, seu nome é Moana e ela ajudou na fundação desse lugar, sendo filha do homem que descobriu essa praia décadas atrás. Com seus atuais cento e dois anos, literalmente todos somos considerados filhos dela. Desde que eu me conheço por gente escuto ela contando histórias sobre esse lugar, espero que hoje seja uma nova como das últimas vezes.
Um manto negro cobriu os céus trazendo consigo pequenos pontos brilhantes, conhecidos como o céu estrelado. A lua cheia estava refletida nas ondas calmas da água salgada, brilhando assim como as chamas da nossa fogueira que crepitava conforme a brisa da maresia invadia o lugar. O clima estava ótimo, da areia até a estratosfera.
— Eu dúvido. — Sussurrei para Armin ao terminar de escutar o seu novo plano mirabolante, chamar a Annie para sair sem levar uma rejeição.
— Se eu conseguir levar minha chush para um encontro, você chama o grandalhão p'ra sair. — Ele sussurrou de volta me fazendo comprimir os lábios indecisa, ao que parece seu sorriso vitorioso indicava que ele estava bastante cheio de si. — Então? Como vai ser?
— Feito. — Levantei o mindinho e ele entrelaçou com rapidez iniciando a aposta, na mesma hora ao loiro se levantou e saiu andando.
Nem preciso dizer que fiquei chocada ao ver ele dando a volta e se sentando ao lado da loira do outro lado da fogueira, em seguida puxando assunto com ela. É isso, acho que estou frita. Estava tão desacreditada que só voltei á realidade quando alguém colocou a mão no meu ombro, levantei meu olhar na hora percebendo um par de olhos esmeraldas me olhando.
— Trouxe a sua bebida. — Yeager me entregou o copo colorido e eu agradeci, daí se sentou ao meu lado em silêncio. — Essas histórias são verdadeiras?
— Com certeza, embora muitos achem besteira eu creio que seja a mais pura verdade. — Tomei um gole da minha bebida e em seguida o olhei curiosa, ele parece interessado. — Por quê a pergunta? Não acredita?
— Depende de que historias vai contar.
— Depois de hoje tenho certeza que você vai se impressionar, isso tudo é bem mais real do quê parece.
Um tempo de conversa se passou, em seguida veio várias músicas com muitas risadas e brincadeiras, minha garganta chegou à doer de tanto cantar e com certeza várias outras pessoas estavam na mesma situação que eu. Daí chegou a tão esperada hora, Moana começou a falar. E claro, seu tataraneto foi traduzindo. Ela não fala nossa língua, apenas a língua dos nossos antepassados.
— Duas almas foram impedidas de se amar, separadas uma da outra por inveja da natureza e dos homens. Após morrerem ele se tornou a água e ela foi transformada no ar, juntos pela ira de seu amor formaram uma grande tempestade que durou três dias e três noites. — O garoto moreno dizia articulando misteriosamente, deveria ter no máximo uns quatorze anos. — Assim que a irá de sua vingança cessou, essa ilha surgiu no meio do oceano sem nenhuma gota de água salgada a cobrindo. Todos os habitantes e animais foram mortos no processo, as vegetação foi arrancada e a terra estava completamente morta e limpa de qualquer indício de vida. Graciosamente o povo das águas apareceu, insistindo que protegeria a ilha ao decorrer de suas gerações.
— Sereias?! — Armin perguntou chamando a atenção de todo mundo.
— Exato, do fundo dos mares esse povo saiu. Se adaptou e ajudou a restaurar a vida da ilha, anos mais tarde trouxeram animais e então humanos começaram a visitar. Nosso povo foi se misturando até que nossas características marinhas sumiram, restando apenas a conexão com a água. — O garoto finalizou com um sorriso orgulhoso.
— Sereias? Eu não esperava por essa. — Eren sussurrou perto do meu ouvido me fazendo rir.
— Ninguém nunca espera, não é atoa que meu nome é Sirenna. — Torço o nariz sentindo ele meio irritado, aposto que vou pegar um resfriado. Embora estivéssemos numa praia, aqui faz bastante frio quando é noite e eu não estou usando casaco. — Tá ficando frio.
— Quer minha blusa emprestada?
— Não precisa, você deve estar com frio também. — Nego com a cabeça fazendo o moreno fechar um pouco a cara, parecia estar se sentindo contrariado.
— Eu insisto, não estou com tanto frio.
— Eu dispenso, aposto que está blefando.
Ficamos nessa coisa por mais um tempo até que ele abre o zíper do casaco e me puxa, antes que eu percebesse estava grudada nele. Ele me abraçava por cima dos ombros enquanto me cobria com o casaco, que ele ainda estava usando por sinal. Meus braços estavam ao redor de sua cintura e eu tenho certeza de quê minha cara estava queimando de vergonha, como isso foi acontecer?
— Eren que porra é essa?! — Tento me afastar, mas ele começa a rir da minha cara baixo ainda me segurando.
— Estou tentando aquecer nos dois ao mesmo tempo, nada demais. — Ele dá de ombros como se fosse a coisa mais normal do mundo.
— Esquisito.
— Errou, eu sou um cavalheiro.
Meus olhos na mesma hora percorreram todo o lugar com medo de quê um certo loiro visse, por sorte Armin estava entretido demais escutando as histórias e nem percebeu. Soltei um suspiro aliviada e então pude relaxar, mas isso não tira o fato de que estou envergonhada, obviamente continuei daquele jeito um pouco receosa.
— Dizem que as almas voltaram como humanos e então irão reestabelecer um laço tão forte, que nem Titans podem separar. — Escuto o tataraneto da Moana dizer me fazendo esquecer um pouco da situação atual, sempre fico imersa nessas histórias. — Novamente, ela com a temperatura feroz dos céus e ele com a calma prudente da água. Sempre irão se amar.
Todos começaram a bater palmas, finalmente uma das histórias terminou com um final feliz. Sempre eram tragédias ou finais quase tristes, bem essa conclusão me deixou com um belo bom humor. Foi inesperado.
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𝑺𝒆𝒓𝒆𝒏𝒂𝒕𝒂 → ᴇʀᴇɴ ʏᴇᴀɢᴇʀ' ʰᵒᵗ
Fanfiction𝑺𝒆𝒓𝒆𝒏𝒂𝒕𝒂 → ᴇʀᴇɴ ʏᴇᴀɢᴇʀ' +18 Traumas são resquícios do seu passado que te possuem e tentam se fortalecer através do teu medo, crescendo sempre que você evita lutar contra eles. Porém, se achar alguém que compartilha da mesma do...