Sombras da Aliança - Sonhos e Visões

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No último dia de sua missão, S/N encontrou repouso em um pequeno vilarejo. As casas de madeira eram simples, iluminadas apenas pela luz tênue das lamparinas. A quietude da noite contrastava com o tumulto interno que ela sentia. A jornada até ali havia sido exaustiva, e seu corpo clamava por descanso. Contudo, havia algo no ar, uma sensação sutil, mas inegável, que fazia com que ela mantivesse os sentidos em alerta.

Quando finalmente se deitou, envolta pelas cobertas ásperas da cama improvisada, a escuridão do quarto parecia mais densa do que o normal. Cada sombra projetada nas paredes parecia sussurrar segredos antigos, despertando um medo primitivo dentro dela. As batidas de seu coração, antes calmas, tornaram-se aceleradas, e o silêncio parecia amplificar cada som, cada movimento.

S/N tentou afastar os pensamentos inquietantes, fechando os olhos e forçando-se a relaxar. Porém, quando finalmente sucumbiu ao cansaço e adormeceu, o que a aguardava no mundo dos sonhos foi muito mais perturbador do que qualquer receio consciente.

No sonho, ela estava em um lugar desconhecido, um campo vasto e vazio, onde o horizonte se misturava com o céu escuro, sem estrelas. De repente, uma figura surgiu das sombras, emergindo como se fosse parte do próprio crepúsculo. Ele era um homem de pele negra, seus cabelos eram escuros contrastando com o brilho sobrenatural de seus olhos, que cintilavam como ametistas, emanando um magnetismo inquietante.

O homem não falava, mas sua presença era esmagadora, como se ele dominasse o ambiente ao seu redor. Ela sentiu-se atraída por ele de uma maneira que nunca havia experimentado antes. Era como se cada movimento dele estivesse coreografado para encantá-la, para capturar sua atenção por completo.

Ele se aproximou, e o mundo ao redor dela começou a distorcer-se, como se ela estivesse presa em uma ilusão de ótica. Tudo ao redor dela tremulava e mudava de forma, mas os olhos do homem permaneciam fixos nela, firmes e brilhantes. Uma sensação estranha percorreu sua espinha, algo entre o medo e a fascinação.

A voz dele finalmente quebrou o silêncio, suave e hipnotizante. As palavras foram sussurradas, mas pareciam reverberar dentro da mente de S/N, como um eco distante.

"Eu vejo você," ele disse, sua voz carregava um poder inexplicável.

Ela tentou responder, mas sua voz não saía. Sentiu-se presa, incapaz de se mover, enquanto o homem continuava a se aproximar. O mundo ao seu redor continuava a girar e distorcer-se, até que tudo se reduziu ao brilho intenso daqueles olhos que a encaravam, penetrando sua alma.

Então, com um sobressalto, a morena acordou. A madrugada ainda pairava sobre o vilarejo, o ar fresco da noite tocando sua pele suada. Seu coração batia descompassado, e ela estava imersa na lembrança vívida do sonho, que mais parecia uma visão. A escuridão do quarto agora parecia menos ameaçadora do que a realidade perturbadora daquele encontro onírico.

Sentada na cama, tentou recuperar o fôlego, passando a mão pelo rosto, sentindo a umidade do suor que cobria sua testa. — O que foi isso? murmurou para si mesma, ainda sob o impacto da experiência.

Ela sabia que precisava descansar, mas o sono lhe parecia impossível naquele momento. Por horas, ela ficou acordada, seus pensamentos retornando incessantemente ao homem do sonho e às palavras que ele havia pronunciado. Quem era ele? E por que aquelas palavras ressoavam tão profundamente em seu ser?

Quando a madrugada começou a dar lugar ao amanhecer, S/N tomou uma decisão. Ela sabia que a jornada até Konoha estava próxima do fim, e que precisava se concentrar em voltar para casa.

— Preciso ignorar qualquer sonho semelhante.
pensou, determinando-se a seguir em frente sem deixar que aquilo a distraísse e assim seguiu em suas últimas horas de sono.

Com o amanhecer, ja estava pronta para partir, ainda carregando o peso da experiência da noite anterior, mas decidida a não permitir que aquilo a desviasse de seu caminho. A estrada para Konoha a aguardava, e ela precisava estar preparada para o que viesse pela frente.

———
Inti e Aton.

No vasto reino celestial onde os deuses habitavam, a atmosfera estava carregada de tensão. Inti, o deus do sol, estava em seu santuário, seus olhos ainda brilhavam com a excitação do contato recente que havia feito com S/N através do sonho. Ele havia aproveitado o momento astrológico de Mercúrio retrógrado para tentar se conectar com a garota. Para ele, a curiosidade e a urgência de estabelecer uma ligação eram irresistíveis.

No entanto, seus pensamentos foram abruptamente interrompidos quando Aton, seu irmão, surgiu na entrada do santuário. Os olhos de Aton, geralmente calmos e contemplativos, agora estavam cheios de fúria. Ele havia visto o que Inti tinha feito, e isso não o agradou nem um pouco.

— Você perdeu a cabeça, Inti?
Disse com sua voz grave e acusadora.
— O que pensa que está fazendo, interferindo assim? Você sabe que ainda não é o momento!


— Eu não podia esperar mais, Aton. Eu precisava vê-la, precisava que ela soubesse que eu estou a observando.

Aton deu um passo à frente, o ambiente ao redor deles pareceu vibrar com a energia de sua raiva contida.

— Não é o que você precisava! É o que era necessário! Existe um tempo certo para tudo, e você sabe disso tão bem quanto eu. Você está brincando com forças que não compreende totalmente. Está quebrando as regras!

— Regras?
Inti zombou, cruzando os braços. — São essas mesmas regras que nos mantêm presos, incapazes de agir. Enquanto isso, ela está lá fora, vulnerável, sem saber o que a aguarda. Eu fiz o que achei necessário.

— Necessário?
Aton rosnou com seus olhos fixos nos do irmão. — Você está jogando fora o que resta da nossa honra por um impulso egoísta. E o pior de tudo, está colocando tudo em risco, antes do tempo certo. Se o pai soubesse disso…

O moreno interrompeu em tom defensivo. — Mas ele não vai saber, vai? A não ser que você conte a ele.

— Eu não vou contar ao pai, mas isso não significa que você saiu impune, Inti. Se fizer isso novamente, se ousar interferir antes do momento certo, eu mesmo tomarei medidas. Você perderá o posto de guardião da garota. Não deixarei que você comprometa tudo o que estamos tentando proteger.

Inti encarou o irmão, o peso das palavras de Aton começaram a penetrar sua teimosia. Ele sabia que Aton não estava blefando.

—  Se a palavra é de prata, o silêncio é de ouro. Por isso, isso ficará entre nós dois. Mas não me force a tomar medidas mais drásticas Inti. Nosso papel é protegê-la, não assustá-la. Respeite o tempo, ou sofreremos as consequências.

O silêncio pairou pesado entre os dois irmãos, a tensão entre eles é quase palpável. Inti finalmente desviou o olhar, reconhecendo que havia cruzado uma linha perigosa.

O mais velho, sentindo que havia dito o que precisava, deu um último olhar firme ao irmão antes de virar-se para partir.

— Lembre-se, Inti. Protegê-la significa agir no momento certo, e não antes. Não deixe que sua impaciência arruíne tudo.

Com essas palavras, ele desapareceu, deixando Inti sozinho para refletir sobre seu ato impulsivo. O brilho em seus olhos começou a diminuir, substituído por uma compreensão sombria das consequências de suas ações. Ele sabia que, a partir daquele momento, precisaria ser mais cauteloso, ou arriscaria perder tudo o que havia jurado proteger.

°𝑶𝒔 𝒐𝒑𝒐𝒔𝒕𝒐𝒔 𝒔𝒆 𝒂𝒕𝒓𝒂𝒆𝒎° 𝑻𝒐𝒃𝒊𝒓𝒂𝒎𝒂 𝑺𝒆𝒏𝒋𝒖Onde histórias criam vida. Descubra agora