CAPÍTULO 2

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                                        ATENA

E aqui estou, em um funeral que deveria ser meu, eu deveria estar naquele caixão. Sempre imaginei que essa situação seria ao contrário, pela a vida que eu levo, pelos riscos que eu corro, pelos os inimigos que eu tenho. O destino é uma grande merda, sempre proporcionando momentos que não queremos, encerrando vidas que não deveria.

Sempre vai haver arrependimentos..... o arrependimento de não ter abraçado o suficiente, não ter dito que amava o suficiente ..... por não ter se despedido. Os e se são terríveis.

Os parentes vem constantemente me abraçar, dizer que sente muito e eu só quero sumir...

-- Como você está?? É uma porcaria ter que ser educado com todos não é? Eu particularmente estou quase mandando uns ir para aquele lugar.. -- ouço Vincenzo do meu lado.

-- É, algumas pessoas não sabem quão inconveniente são...-- respondo limpando a garganta.

--É verdade, você está bonita cognata.--

Olho para mim mesma... estou com um vestido tubinho preto, scarpin preto, meus cabelos soltos chicoteiam meu rosto e o óculos escuro escondendo meus olhos inchados...

Encaro Vincenzo, ele é bonito... Héstia se apaixonou por ele rapidamente. Se casariam em seis meses, ela era pura e estava se guardando para ele. Tiraram esse sonho dela. Encontrar o amor em nosso mundo é extremamente difícil e ela havia conseguido.

-- Eu não sou mais a sua cunhada, e me dê licença. -- saio sem esperar resposta, eu só quero ficar sozinha e ninguém parece entender.

Eu ainda estou no eterno vazio, por mas que o ódio tenha me feito companhia nos últimos dias e que eu tenha matado tantos homens de Sergei Mikhailov quanto pude, ainda assim nada me tira desse estado catatônico. A culpa me come viva e lentamente. Mikhailov me queria , era atrás mim que seus homens tinham vindo. O porco que eu mutilei no meu apartamento não sabia de muito, somente que Mikhailov tinha planos maiores e que isso começaria com a minha morte. Mas não foi a mim que eles mataram e agora Sergei sabe que eu estou atrás dele e está se escondendo como o rato russo que ele é. Os homens que eu capturei não passavam de meros capangas e não tinham muita informação. Eu precisava pegar o capo de Sergei, mas o verme também está em alerta, não que isso vá me impedir.

HÉSTIA , penso nela e é quando percebo que não estou respirando, faço isso muitas vezes, até sem perceber. Hoje faz 2 dias, 15 horas e 43 minutos desde que encontrei mamãe e Héstia jogadas no chão do meu apartamento como se fossem lixo ao invés das mulheres mais doces e solidárias que eu já conheci. A imagem daquele homem encima da minha irmã nua no chão não sai da minha cabeça, e no fim ele descobriu como era bom ser estuprado. Eu fiz ser um grande momento para ele, fiz questão de dar muito prazer à ele.

-- ATENA -- escuto o homem que me criou me chamando. Ele está parado ao meu lado. Estamos no jazigo da família, com o caixão que contém o corpo da mamãe nele, não percebi que estava tanto tempo parada segurando a mão da minha mãe, a mão da mulher que um dia fora tão cheia de vida e amor, agora olho para ela e não a reconheço. Elas não mereciam isso, nenhuma das duas.

Ao lado do caixão da mamãe está um segundo caixão, vazio, mas ainda assim com o propósito de colocar as duas perto da outra. Não vou sepultar Héstia, ela queria ser cremada e assim eu fiz. Ela está em uma linda urna de diamante ao lado da minha cama. Hoje a primeira coisa que eu vi ao acordar foi oque sobrou da minha irmã, e então eu decidir.

Quando isso acabar eu irei sair, comprarei uma casa com um lindo jardim e muitas camélias vermelhas, as favoritas dela, e então jogarei suas cinzas sobre elas. Héstia iria adorar, era oque ela iria querer e assim farei.

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