dissonance' ⁘ jikook

⁘ dezesseis: um dia daqueles

🥀🌾

Haviam alguns dias, dias que as pessoas costumavam se referir como "um dia daqueles", um dia em que parecia que nada dava certo e que tudo dava errado. E foi exatamente assim que aquele dia começou para Jimin na fazenda dos Jeons.

Bem, o ínicio de seus dias eram sempre o mesmo e mesmo depois do que havia acontecido entre eles, aquilo foi algo que não mudou. Jungkook até tentou, foi mais rápido na sua tarefa de retirar o leite e também tentou tomar café mais depressa, para ter mais tempo chamando Jimin na cama, mas de nada adiantou, o mais velho apenas acordava, quando estava debaixo d'água. E o dia de Jimin havia sido tão ruim, que ele até poderia dizer que aquela havia sido a parte menos pior dele.

Quando sentou para tomar café, tudo parecia normal, apenas mais uma manhã comum em seus dias de cumprimento de pena.

Comeu entre pequenas conversas e resmungos, ouvindo da senhora Jeon, que entre suas tarefas para aquele dia, deveria tirar os ovos dos ninhos. Eles sempre faziam aquilo, para que pudessem controlar a natalidade, ao mesmo tempo em que consumiam os ovos e vendiam uma pequena parte. Jimin achava uma grande crueldade, mas já sabia que de nada adiantava tentar argumentar com eles.

Assim que terminou o café, escovou os dentes e foi para a área da lavanderia, calçar a botina que tinha ganhado de Jungkook meses atrás e que vinha lhe servindo muito bem, pois apesar de ficar um pouco grande, o solado era grosso e o melhor de tudo, não precisava imundiçar seus calçados e pisar com eles na titica das galinhas.

Jimin observou aqueles pequenos seres que de longe pareciam fofos, despreocupados, perambulando pelo cercado e ciscando aqui e ali, cacarejando, se coçando e balançando. Em certa ocasião, já tinha visto Jungkook e também os gêmeos, lidarem com elas, o mais velho entre os três Jeons, havia feito uma das galinhas adormecer, acariciando seu corpo e elas sempre pareciam tão mansas e receptivas com eles. Mas bastava Jimin surgir, que elas se transformavam em bichos selvagens. Ele não sabia o porquê daquilo, pois ele mesmo era adorável, era de se pensar que se dariam bem, já que tinham aquilo em comum e ele havia se dado tão bem com as vacas e os bezerros.

Suspirou, apoiando o cesto onde colocaria os ovos, em um dos braços e pegando o pote com o milho que jogaria para elas, na outra mão. Já havia desenvolvido uma técnica para aquilo e foi para o lado oposto o qual ficavam os ninhos.

Assim que as galinhas notaram sua presença, começaram a correr feito loucas em sua direção e Jimin atirou o primeiro punhado de milho para longe, fazendo com que parte delas se desviasse para lá. Elas passavam entre suas pernas e umas voavam sobre as outras, parecendo querer alcançar o pote em suas mãos. Talvez ele ainda não tivesse adquirido a destreza necessária para alimentá-las na velocidade correta, mas certa vez, jogou todo o milho do pote de uma vez no chão e Dahae, lhe chamou a atenção, dizendo que não devia fazer daquela forma.

— Parem com isso! — Ralhou inutilmente, atirando mais outra e outra porção.

Quem sabe o problema fosse que tinha mãos pequenas e não conseguia atirar uma quantidade grande o suficiente para que as distraísse entre uma e outra? Pensando nisso, começou a jogar mais depressa, mas também não pareceu adiantar.

Era pessoal, Jimin sabia, mesmo que não fizesse sentido.

Quando estava quase no fim do pote, deu uma olhada sobre o ombro e atirou o resto para longe, fazendo a maior parte delas, perseguir o milho. Deu um novo suspiro e caminhou para a parte de trás dos ninhos, onde devia pegar os ovos.

Foi bem naquele momento, quando enfiou a mão pelo buraco no quinto ninho, que tudo em seu dia, começou a desmoronar.

Jimin não sabia o que havia acontecido, tudo o que tinha sentido, foi uma dor forte nas costas de sua mão e seu primeiro instinto, foi gritar. O segundo, foi ficar paralisado, pensando que poderia ter levado uma picada de cobra, até que viu a galinha colocar a cabeça pelo buraco. Naquele momento, ele se assustou ainda mais, deu dois passos para trás, antes de tropeçar e cair de bunda no chão de terra.