Green Room

Capítulo 13 Parte 1 - Hípermania

O tom desesperado na voz de Pond foi o suficiente para arrancar Mix de seu deleite emocional. Aparentemente, Neo havia passado do limite, e como um bom namorado, Phuwin não se disponibilizou a ajudar o mais velho em carregar o amigo para casa.

Semelhantemente, como bom amigo, Earth fez questão de dar uma carona para Mix. Em meio a um silêncio surpreendentemente pouco constrangedor, após tudo o que aquela noite parecia significar, não demorou muito para se encontrarem com o trio excêntrico; Pond, caindo aos pedaços, tinha Neo apoiado em seus ombros, completamente embriagado e desacordado. Já Phuwin, com todo seu charme, apenas olhava qualquer coisa em seu celular enquanto carregava uma sacola de comida em seu braço.

"Esses três se merecem", pensava Mix. Seguido por Earth, logo foi ele quem passou a ter Neo ocupando suas costas, tendo de se abaixar pois iria levantá-lo do chão se ficasse ereto: — Obrigado por virem. — dizia Pond, seguido de um suspiro de alívio.

— Magina, não é nada. — Mix ajudava Earth, também disponibilizando seu ombro para carregar o namorado. — Agradeça Earth por ter vindo. Eu não conseguiria levá-lo sozinho.

Com um aceno de cabeça em respeito, não podendo chamar de reverência, Pond agradecia simbolicamente. Pela experiência passada e relatos nada amigáveis de Neo, sua imagem sobre o mais velho estava longe de ser positiva. Na verdade, Earth não era bem visto por ninguém que tivesse contato com o rapaz desmaiado em seus braços.

— Ele bebeu demais e misturou vodca com energético. Foi uma cena engraçada. — deu uma risada de canto. — Subiu na mesa e ficou gritando que Monster era infinitamente melhor que RedBull. Se eu conseguir o vídeo, te mando.

— Sinceramente, Mix, você precisa botar juízo na cabeça desse menino. — Phuwin se intrometeu. — Pleno dois mil e vinte e dois e ele ainda torce pra Mercedes. Patético...

— E você não cansa de comprar briga por aí. — Pond deu um peteleco na testa do namorado. — Não vou mais prender vocês. — voltou sua atenção novamente à dupla. — Já está tarde, aposto que estão cansados.

— Vocês também. — disse Mix, fazendo um gesto para que fossem para a Kombi. — Descansem bem. Até! — acenou em despedida.

Neo era praticamente arrastado até o veículo, quase impossibilitando-os de abrir a porta de correr. Jogado sobre o banco, o prenderam da forma que conseguiram, trocando questionamentos e risadas sarcásticas sobre a possibilidade dele cair de cara no chão.

A cada conversa, pelo mais curta que fosse, parecia que Earth ficava mais e mais interessante. Uma relação que no começo era bipolar e controversa, entrava em sintonia, até parecendo que se conheciam há anos. O mais surpreendente foi que o tempo em si não era longo, apenas dois meses. "Dois meses é pouco, devo estar maluco", Mix gritava silenciosamente para si mesmo.

Entretanto, se surpreendeu quando Earth passou por sua frente, correndo para abrir a porta para si. Estava cada vez mais ousado. Não sabia se ficava constrangido pela cantada iminente ou por ter gostado. Gostou assim como amou a cortesia que recebeu ao descer da Kombi no shopping. Qualquer um se agrada ao ser mimado, e talvez o objetivo de Earth estivesse se concretizando com tais doces ações.

Outra surpresa foi o instante em que teve os braços fortes novamente próximos de seu corpo. Prensado contra o banco, Earth puxou seu cinto de segurança, a fim de prendê-lo para Mix, propositalmente de uma forma que ficasse desnecessariamente próximo do rosto do rapaz. "Ele tem lindos olhos", pensava. Não conseguia parar de apreciá-los, encantado com o todo que o mais velho representava.

Não diziam nada, até porque não era preciso ser dito. O clima não estava pesado, muito pelo contrário; leve como uma pena. Contudo, a ausência de diálogo expressava o que estava acontecendo muito melhor do que se fosse dito mil palavras. Agora, o quê, exatamente? Mix não sabia se queria descobrir.