São Paulo
Rita
Coloquei meus pés dentro da bacia cheia de água morna e sal encostei meu corpo na minha cadeira velha de couro que ganhei de um antigo patrão ta bem desgastada, a minha gatinha dorme no buraco dentro dela mas não tenho o luxo de ter outra, e quando ainda dá pra sentar vou usando , o meu menino mexia na minha barriga, eu não consegui ver na ultrassom que era um menino, mas a gente sente as coisas.
Passei as mãos na minha barriga enorme faltava pouco tempo eu estava ansiosa tão apaixonada louca para ver seu rostinho lindo, imaginando que ele vai se parecer com o pai e, ou vai ser moreno igual a mãe dele de cabelos cacheados, Jesus que não nasça com o gênio da peste da minha sogra.
Me levantei da cadeira com sofrimento quando ouvi alguém batendo palma, tirando os pés da água morna andei descaça até a porta que já está aberta.
-Vim ver seu pai já concertou meu rádio.
Uma senhora baixinha falava um pouco irritada, sorri para ela enquanto olhei atrás de mim e vi a pilha de rádios para serem concertados, meu pai é o mané do rádio ele concerta rádios, concerta quando quer e quando está sóbrio, infelizmente ele passa mais tempo com a maldita da cachaça do que sóbrio.
- Pela sua cara já vi que ele nada fez, quero meu radio de volta e o dinheiro que adiantei para ele.
Ela vem rápido e com avental no corpo pelo jeito mora por perto.
- Senhora me desculpa, mas não sei qual é o rádio da senhora.
- é um pequeno cinza.
-Qual deles?
Pergunto enquanto aponto a pilha de radio ela olha sem entrar em casa, ela respira fundo.
- Mas então me dá o meu dinheiro de volta.
- Eu não tenho nenhum tostão furado para dar a senhora.
Ela quer fazer barraco sinto isso.
- Quando ele chegar falo para ele ir pagar a senhora.
Dou um sorriso para ela, e ela me dá o endereço dela como imaginei ela mora aqui perto.
- To confiando em você.
- Pode confiar.
Ela me dá um olhar e depois vai embora, quando fecho a porta ando cheia de raiva até o quartinho cheio de rádio, ouço um ronco alto e dou um grito.
- Acorda pai, acorda.
Ele abre os olhos e a boca me afasto porque não suporto o cheiro de cachaça que vem dele me embrulha o estomago, ele mal tem dentes tem uma cabeça redonda e mal vejo seu pescoço, ele se levanta da cama com sofrimento mal consegue ficar em pé.
- Vai agorinha mesmo cuidar daqueles rádios o povo ta vindo cobrar, e já tem gente batendo na porta de novo.
Balanço minha cabeça quando vejo que ele desaba na cama, hoje era o dia parecia das cobranças, mais alguém batia na frente de casa , vou até a porta abrindo ela e vejo dois rapazes filhos do dono do boteco do calabresa .
- Seu pai ta aí?
Um deles me pergunta olhando para dentro.
- Não ta não.
- E teu marido?
Engulo em seco.
- Aqueles traste mandei embora por quê.
- Tem as contas do boteco para pagar.
Ele me mostra a notinha e eu sinto vontade de chora, porque sei que se eu não pagar eles não vão embora da minha porta, e pior os vizinhos ta tudo de olho ,respiro fundo e sinto um nó na garganta, dou as costas para ele e vou até um vasinho de flor de plástico levantando a argila eu pego o dinheiro que está embaixo , seria o dinheiro pra pagar a faculdade para ser professora.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Coração Indomável 15/10 SERÁ RETIRADA
Roman d'amourCoração Indomável Capa feita por Jenny vilela A vida de Mariana nunca foi fácil ,depois de perder a casa que morava com os pais ela foi viver junto com os Sem terra, e uma briga travada com os fazendeiros ela infelizmente perde a sua mãe ,seu pa...