Sem que meus pais se dessem conta, peguei o tablet da Sofi e usei como despertador.
Desço para o café da manhã rapidamente, torcendo para não perguntarem onde está minha mochila.
- Ninguém sabe onde está meu tablete? - Sofi apareceu na cozinha, irritada.
- Se diz tablet, querida. - Minha mãe corrijiu rindo.
- Eu acho que vi ele debaixo da sua cama, Sofi.
Sim, eu escondi ele lá.
- E o que você estava fazendo olhando debaixo da minha cama, Kaki? - Sofi para e me encara, cruzando seus bracinhos.
Olho para o nada e sorrio sem humor.
Ela me pegou.
- Eu... hmm, eu tava checando se não tinha nenhum monstro lá.
- Tem monstros debaixo da minha cama?! - Se desesperou.
- Olha o que você arrumou, Karla. - Minha mãe disse, visivelmente entediada.
- Onde está meu café, Sinuhe? - meu pai aparece na cozinha, já fazendo uso de seu tom autoritário.
- Na mesa, Alejandro. - Minha mãe imita aquelas mulheres antigas que saudavam os homens levantando a ponta de seus vestidos e brevemente se inclinando para frente.
- É bom mesmo. Não faz mais que a sua obrigação. - Balançou a cabeça negativamente e se sentou.
Eu jamais toleraria esse comportamento em um casamento. Minha mãe é a mulher mais forte do mundo. - Bom dia, crianças.Odeio essa atitude do meu pai em me tratar como se eu tivesse 5 anos. É meu último ano como menor de idade, e deixando a modéstia de lado, eu me acho bem responsável.
- Bom, eu já vou indo. - me apressei para chegar até a porta.
- Espera aí, Karla. E sua bolsa? - Meu pai me impede.
- T-tá na escola, pai.
Ele franze o cenho.
- Sua bolsa pra faculdade de medicina está na escola?
Suspiro. Por um lado aliviada, por outro, irritada.
- Eu não vou fazer medicina, papai. - Respondi baixando a cabeça e soltando a maçaneta da porta.
Ele apenas estala a língua rindo, se levanta e vem até mim.
- Não é você quem decide isso, filha. -passa a mão em meus cabelos- Você sabe que eu só quero o melhor pra você, não sabe?
- Me forçando a fazer algo que eu não quero? Consequentemente me fazendo infeliz?
Ele me repreende. Não é assim que uma filha deve falar ao pai. Pelo menos é o que ele diz.
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Eu vi você morrer
FanfictionCamila desde de seus 10 anos sonha repetidamente com a mesma coisa. Uma silhueta, alguém, gritos, barulhos e sangue. Sempre se perguntou o motivo de sonhar com aquilo, até que um dia conhece alguém que a faz perceber que seus sonhos eram na verdade...